quarta-feira, 27 de maio de 2015

“Por que a morte da feirante não gera protestos?”

Deputado Coronel Neil:
O deputado Coronel Neil (PSD) é policial militar.
Sobre violência, não fala por teses e teorias, portanto.
Não fala com base em especulações.
Sobre o tem violência, o deputado fala com a experiência de quem já esteve, digamos, no teatro de operações, se assim podemos definir esse cenário de guerra civil que engolfa Belém, um cenário que, a rigor, está muito mais para uma carnificina que se repete todos os dias, o dia todo, de forma horrenda, horrorosa, trágica, assustadora.
Neil disparou por e-mail para muitos, inclusive para o Espaço Aberto, o que ele denominou de Carta Aberta às Pessoas de Bem do Pará.
O texto, em verdade, é um convite para a audiência pública sobre a violência, marcada para 2 de junho, na Assembleia Legislativa.
Mas a carta se oferece como uma oportunidade para que o parlamentar faça reflexões pertinentes, inclusive sobre a banalização com que a sociedade reage diante de crimes que vitimam, diariamente, os pobres, os moradores dos bairros da periferia de Belém e de outras cidades do Pará.
Leia, a seguir, a íntegra da carta.

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CARTA ABERTA ÀS PESSOAS DE BEM DO PARÁ

Amigos, vivemos tempos de temor. Temos medo de ficar em frente a nossas casas, de parar no sinal vermelho, de sair em determinados horários, tememos até levar nossos filhos para festas infantis. Eu, Neil Duarte de Souza, estou deputado estadual, mas sou pai, sou filho, sou esposo, sou cidadão e também temo pela segurança dos que amo.
 Eu não poderia vir aqui hoje e não lamentar a morte dos jovens universitários, Lucas Costa e Lucas Menezes, mortos sábado e ontem. Assim como não poderia deixar de lamentar a morte da Isabel, feirante da Cidade Nova; a morte do Gabriel, morador da Sacramenta, ambos assassinados durante o final de semana e tantas outras vidas perdidas. Lamento ainda mais esta lógica perversa que faz com que a dor do pobre seja ignorada pela sociedade. 
Eu lamento muito. E tenho uma dúvida que gostaria que meus amigos da imprensa me ajudassem a responder: Por que só a dor da classe média comove a sociedade? Por que o velório do rico é destaque no jornal? Por que a morte da feirante não gera protestos e indignação nas redes sociais?
Dediquei 25 anos de minha vida a ser policial militar. Acompanhei de perto momentos de luto de famílias que moram no centro e nos bairros mais afastados. Presenciei a dor do rico e do pobre. Do preto e do branco. E digo pra vocês, senhores, a dor do luto não faz distinção social. Então, não vamos fazer.
Assim como também não faz distinção, a violência. Estamos todos sujeitos a ser vítimas da violência. E é para debater as causas desta violência e buscar medidas para a conter que eu propus uma audiência pública que vai ser realizada no próximo dia 2.

Nas ruas, eu sempre montei a estratégia de policiamento com base nas estatísticas da Segup e no clamor popular. Agora, como representante do povo, eleito para ser sua voz dentro da Casa de Leis, não poderia ser diferente. Por isto, aproveito a oportunidade para convidar a todos a participar da audiência pública sobre a criminalidade na Região Metropolitana de Belém, no próximo dia 2, às 14h30. No auditório João Batista. 

4 comentários:

Anônimo disse...

Audiência pública para saber o que queremos, a segurança?
Nos poupem! Saiam logo atrás é de atitudes concretas, efetivas, como fazer o policial trabalhar oito horas por dia como qualquer trabalhador.

Anônimo disse...

Fechar bares e pancadões nos bairros em que houver aumento do índice de violência.... eis outra sugestão que políticos não tem coragem de aprovar por medo de perder voto...

Anônimo disse...

O quadro de violência diária, infelizmente nos leva a "acostumarmos" com isso.
E, enquanto tivermos justiça "boazinha" e leis que mais bonificam do que penalizam os criminosos (de todos os tipos), a certeza da impunidade será o combustível da escalada de terror.

Anônimo disse...

Primeira pergunta: em que os 25 anos de trabalho do coronel Neil melhoraram a segurança no Pará?