Olhem só.
O atentado à vida do delegado-geral Rilmar
Firmino foi uma coisa horrorosa.
O atentado à vida de qualquer cidadão também é
horrível.
O delegado foi alvo de um assalto. Levou um
tiro. Foi atingido no abdômen. Correu o risco de ser mortalmente ferido. Felizmente,
já está em casa, ao lado da família, recuperando-se.
O que há de diferente entre o assalto em que foi
vítima o delegado-geral e as dezenas, centenas de assaltos que ocorrem todo
dia, o dia todo em Belém?
Há pelo menos quatro diferenças a considerar.
Primeiro, o fato de que Firmino não é qualquer
um. Ele é o segundo nome na estrutura da Polícia Civil do Pará. Relevante, não?
Segundo, porque foi assaltado na madrugada de um
domingo, portanto final de semana.
Terceiro, porque disse que estava trabalhando –
supostamente fazendo uma ronda noturna.
Quarto, porque o carro que ele dirigia é um bem
público, eis que incorporado ao patrimônio da Polícia Civil do Pará.
Entenderam?
São quatro as diferenças entre o assalto que sofreu
o delegado-geral e o que sofreu, por exemplo, o poster, que é um anônimo, um quase ninguém, que não é
delegado-geral da Polícia Civil do Pará. O assalto que sofreu uma senhora em
plena luz do dia, na travessa Benjamin com a avenida Braz de Aguiar, conforme
pode você no vídeo acima.
Pois é.
Instaurou-se o competente inquérito.
Nas declarações de outras autoridades da Polícia
Civil, a versão é a seguinte: o delegado-geral fazia uma ronda noturna. No
carro encontravam-se, além dele, a capitã da Polícia Militar Simone Franceska Pinheiro das Chagas, e um irmão
do delegado. Na Mundurucus com a Generalíssimo, deu-se o assalto, com detalhes
amplamente divulgados.
A questão é que, um dia depois do assalto,
começaram à boca pequena as especulações de que Firmino não estaria bem numa
ronda, mas saíra de um evento social qualquer na Casa das Onze Janelas. O
assunto agora é público.
Ligou para a Polícia Civil. Através da
Assessoria de Imprensa, ouviu, em resumo resumidíssimo, o seguinte: para a
Polícia Civil, o assunto está encerrado. Consumado. Terminadíssimo. A versão
verdadeira, imutável, definitiva é a que já foi divulgada à primeira hora.
Pronto. E ponto. Ponto final.
O blog também ligou para a Corregedoria. Queria
saber se a Corregedoria, de ofício, de moto próprio, por iniciativa própria,
tendo conhecimento de dúvidas suscitadas sobre as circunstâncias que cercaram o
assalto, não teria competência para instaurar um procedimento apuratório.
Na Corregedoria, a corregedora em exercício
primeiro saíra para o almoço, depois estava em reunião, em seguida em reunião e
posteriormente em reunião.
E aí?
E aí, duas coisas.
Primeiro, a dúvida sobre se o delegado-geral estava
mesmo numa ronda ou acabara de sair da Casa das Onze Janelas será fatal e
inapelavelmente desfeita por iniciativa não da Polícia Civil, mas do Ministério
Público Militar, eis que o promotor Armando Brasil já encaminhou ofício ao
comando-geral da Polícia Militar para que, em 48 horas, se digne informar sobre
a escala de serviço que designou a capitã para uma ronda noturna.
Segundo, fique a Polícia Civil, a Corregedoria,
o governo do Pará
e quantas instâncias forem muito certas, certíssimas de que não poderemos
jamais, nunca antes, em tempo algum tomar um assalto envolvendo o
delegado-geral como se fosse mais um,
sobretudo se consideradas as circunstâncias do episódio que vitimou Firmino.
E por que não podemos banalizar esse episódio?
Porque, repita-se, o delegado-geral de Polícia
do Pará não é qualquer um.
Ele é o delegado-geral de Polícia.
Ou não?
7 comentários:
Só uma correção. Na hierarquia da Polícia Civil, ele é o número um, assim como na PM o número um é o comandante geral. Na Segup e na Defesa Social, obviamente ele não é o número um. E acima de todos está o governador. Bem, já que para a PC o assunto encerrou, que tal uma diligenciazinha nas 11 Janelas? Afinal, a DPA (Polícia Civil) autoriza o funcionamento do estabelecimento...
Não conheço bem o modus operandi da Polícia Civil, mas é bem interessante : levam, nas rondas, uma capitã da PM( e não os soldados ou sargentos), e ainda vai o irmão do delegado junto. Bem eficaz.
Kenneth
Tá bom! vai dar em porra nenhuma.
Acho que em vez de ficarmos a procurar problemas alheios deveriamos, aqui nos comentarios, criar soluções para reduzir o numero da violencia no Estado.
"Acho que em vez de ficarmos a procurar problemas alheios deveriamos, aqui nos comentarios, criar soluções para reduzir o numero da violencia no Estado."
Ocorre que divulgar que se está a serviço é interesse do Estado!
Não sou pago para dar as idéias de como reduzir a violência. Já pago os governantes para fazer isso. E bem!
Nós moradores aqui de Marituba, estamos aguardando o retorno do DG, para que o mesmo, faça rondas aqui de madrugada, uma vez que está muito violento o município.
Postar um comentário