quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

De onde vinha e para onde ia o delegado-geral?



Olhem só.
O atentado à vida do delegado-geral Rilmar Firmino foi uma coisa horrorosa.
O atentado à vida de qualquer cidadão também é horrível.
O delegado foi alvo de um assalto. Levou um tiro. Foi atingido no abdômen. Correu o risco de ser mortalmente ferido. Felizmente, já está em casa, ao lado da família, recuperando-se.
O que há de diferente entre o assalto em que foi vítima o delegado-geral e as dezenas, centenas de assaltos que ocorrem todo dia, o dia todo em Belém?
Há pelo menos quatro diferenças a considerar.
Primeiro, o fato de que Firmino não é qualquer um. Ele é o segundo nome na estrutura da Polícia Civil do Pará. Relevante, não?
Segundo, porque foi assaltado na madrugada de um domingo, portanto final de semana.
Terceiro, porque disse que estava trabalhando – supostamente fazendo uma ronda noturna.
Quarto, porque o carro que ele dirigia é um bem público, eis que incorporado ao patrimônio da Polícia Civil do Pará.
Entenderam?
São quatro as diferenças entre o assalto que sofreu o delegado-geral e o que sofreu, por exemplo, o poster, que é um anônimo, um quase ninguém, que não é delegado-geral da Polícia Civil do Pará. O assalto que sofreu uma senhora em plena luz do dia, na travessa Benjamin com a avenida Braz de Aguiar, conforme pode você no vídeo acima.
Pois é.
Instaurou-se o competente inquérito.
Nas declarações de outras autoridades da Polícia Civil, a versão é a seguinte: o delegado-geral fazia uma ronda noturna. No carro encontravam-se, além dele, a capitã da Polícia Militar Simone Franceska Pinheiro das Chagas, e um irmão do delegado. Na Mundurucus com a Generalíssimo, deu-se o assalto, com detalhes amplamente divulgados.
A questão é que, um dia depois do assalto, começaram à boca pequena as especulações de que Firmino não estaria bem numa ronda, mas saíra de um evento social qualquer na Casa das Onze Janelas. O assunto agora é público.
O Espaço Aberto tentou apurar.
Ligou para a Polícia Civil. Através da Assessoria de Imprensa, ouviu, em resumo resumidíssimo, o seguinte: para a Polícia Civil, o assunto está encerrado. Consumado. Terminadíssimo. A versão verdadeira, imutável, definitiva é a que já foi divulgada à primeira hora. Pronto. E ponto. Ponto final.
O blog também ligou para a Corregedoria. Queria saber se a Corregedoria, de ofício, de moto próprio, por iniciativa própria, tendo conhecimento de dúvidas suscitadas sobre as circunstâncias que cercaram o assalto, não teria competência para instaurar um procedimento apuratório.
Na Corregedoria, a corregedora em exercício primeiro saíra para o almoço, depois estava em reunião, em seguida em reunião e posteriormente em reunião.
E aí?
E aí, duas coisas.
Primeiro, a dúvida sobre se o delegado-geral estava mesmo numa ronda ou acabara de sair da Casa das Onze Janelas será fatal e inapelavelmente desfeita por iniciativa não da Polícia Civil, mas do Ministério Público Militar, eis que o promotor Armando Brasil já encaminhou ofício ao comando-geral da Polícia Militar para que, em 48 horas, se digne informar sobre a escala de serviço que designou a capitã para uma ronda noturna.
Segundo, fique a Polícia Civil, a Corregedoria, o governo do Pará e quantas instâncias forem muito certas, certíssimas de que não poderemos jamais, nunca antes, em tempo algum tomar um assalto envolvendo o delegado-geral como se fosse mais um, sobretudo se consideradas as circunstâncias do episódio que vitimou Firmino.
E por que não podemos banalizar esse episódio?
Porque, repita-se, o delegado-geral de Polícia do Pará não é qualquer um.
Ele é o delegado-geral de Polícia.
Ou não?

7 comentários:

Anônimo disse...

Só uma correção. Na hierarquia da Polícia Civil, ele é o número um, assim como na PM o número um é o comandante geral. Na Segup e na Defesa Social, obviamente ele não é o número um. E acima de todos está o governador. Bem, já que para a PC o assunto encerrou, que tal uma diligenciazinha nas 11 Janelas? Afinal, a DPA (Polícia Civil) autoriza o funcionamento do estabelecimento...

Anônimo disse...

Não conheço bem o modus operandi da Polícia Civil, mas é bem interessante : levam, nas rondas, uma capitã da PM( e não os soldados ou sargentos), e ainda vai o irmão do delegado junto. Bem eficaz.

Kenneth

Anônimo disse...

Tá bom! vai dar em porra nenhuma.

Anônimo disse...

Acho que em vez de ficarmos a procurar problemas alheios deveriamos, aqui nos comentarios, criar soluções para reduzir o numero da violencia no Estado.

Anônimo disse...

"Acho que em vez de ficarmos a procurar problemas alheios deveriamos, aqui nos comentarios, criar soluções para reduzir o numero da violencia no Estado."

Ocorre que divulgar que se está a serviço é interesse do Estado!

Anônimo disse...

Não sou pago para dar as idéias de como reduzir a violência. Já pago os governantes para fazer isso. E bem!

Anônimo disse...

Nós moradores aqui de Marituba, estamos aguardando o retorno do DG, para que o mesmo, faça rondas aqui de madrugada, uma vez que está muito violento o município.