Quem vai para o segundo turno?

Essa é a pergunta que, em sã consciência, muitos se fazem depois de avaliados os números da terceira pesquisa Ibope/TV Liberal que O LIBERAL publica em sua edição deste domingo.
Quem disser que passarão a candidata Valéria Pires Franco (DEM) e o prefeito e candidato à reeleição, Duciomar Costa (PTB), tem tudo para acertar.
Quem disser que passarão Valéria e José Priante, ex-deputado federal e candidato do PMDB, também tem tudo para acertar.
Quem disser que passarão Valéria e o professor Mário Cardoso, candidato do PT, igualmente terá ótimas condições de acertar.
E nas três hipóteses acima, quando se menciona o nome da candidata do DEM, é porque a tendência de crescimento de sua candidatura se mantém constante desde a primeira pesquisa, quando a ex-vice-governadora começou com 21%, passou para 22% no segundo levantamento e agora emplacou 25%, ultrapassando Duciomar Costa, que está com 23%.

Empate entre três candidatos
A novidade mesmo – e uma novidade que passou a esconder uma incógnita – está na disputa do segundo, terceiro e quarto lugares – atualmente ocupados, respectivamente, por Duciomar, Priante e Mário Cardoso - numa disputa que tem, além dos quatro anteriores, apenas mais três candidatos.
A novidade é que, se perdura um empate técnico entre os dois primeiros colocados – Valéria e Duciomar -, já que a margem de erro da sondagem do Ibope é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos, então há igualmente um empate técnico entre Duciomar e Priante e entre este e Mário Cardoso.
Duciomar, com 23%, oscila de 19% a 27%. Priante, que tem 16%, oscila de 12% a 20%. E Mário Cardoso, que tem 13%, oscila de 9% a 17%. E não se despreze um detalhe: de Valéria Pires Franco para Priante, o terceiro colocado, é possível que a diferença – ainda considerando a margem de erro – esteja reduzida a apenas um ponto percentual, uma vez que a candidata oscila de 21% a 29%, enquanto o candidato petista, como já mencionado está na faixa dos 14% a 20%.
De uma pesquisa para outra, os candidatos do PT e do PMDB tiveram o crescimento mais acentuado. Cada um subiu cinco pontos percentuais. E no caso de Priante, a subida foi mais surpreendente, porque ele, que da primeira para a segunda pesquisa perdera dois pontos percentuais, recuperou-se e avançou cinco da segunda para a terceira sondagem, encostando em Duciomar, cuja candidatura, claramente, mostra que está perdendo fôlego. Não perde muito, mas perde.

Brancos, nulos e discurso
O que explica tudo isso – a subida de dois candidatos e o campo totalmente embolado entre o segundo, terceiro e quarto colocados? É evidente que a explicação mais palpável e objetiva está na progressiva opção que o eleitor vai fazendo, à medida que a campanha eleitoral prossegue. Com isso, caem os índices de votos em branco e nulos.
E assim é que, na primeira pesquisa Ibope/TV Liberal, o índice de brancos/nulos, que era de 11%, passou para 13% na segunda e agora está em apenas 6%. Os eleitores que ainda não sabem em quem vão votar são apenas 8% na terceira pesquisa. Na primeira e segunda, eram 15%.
Mas não é só isso que explica a mudança num quadro eleitoral que, até a semana passada, indicava uma tendência de polarizar a disputa entre Valéria e Duciomar, o que já não ocorre mais.
É preciso considerar que o PT, por exemplo, intensificou a campanha. E intensificou não apenas na mobilização de rua como também no tempero picante do discurso. E o discurso petista tem procurado destacar dois aspectos: o primeiro é o de mostrar que Valéria e Duciomar, que já foram aliados, não conseguiriam dissociar-se mesmo na condição de adversários; o segundo insiste na tese de que a eleição de Mário Cardoso deixaria Belém na condição privilegiada de completar o tripé do PT no Poder – nos âmbitos municipal, estadual e federal -, o que facilitaria sobremaneira a gestão municipal.
Parte do discurso petista, no entanto, não vai encontrar terreno assim tão fértil para medrar. Por três motivos: porque, no caso de Valéria, a candidata tem sido clara – pelo menos demonstrou isso no debate da RBA – que na condição de prefeita tentará estabelecer um entendimento absolutamente normal com a governadora petista Ana Júlia Carepa e, por extensão, com o presidente da República; no caso de Duciomar, nem é preciso tanto discurso, porque o partido dele integra a base aliada no plano federal e, no plano estadual, o prefeito mantém um bom relacionamento com o governo do Estado; e no caso de Priante, o próprio candidato peemedebista difunde a mensagem de que é o candidato preferido do presidente Lula em Belém. Ainda na edição deste domingo, de O LIBERAL, o candidato do PMDB diz isso claramente, com todas as letras. E em sua campanha Priante exibe propagandas móveis nas quais seu rosto aparece ao lado do rosto do presidente Lula.

Priante, o menos rejeitado
Outro aspecto da pesquisa também precisa ser registrado: o salto de seis pontos percentuais – de 31% para 37% - no índice de rejeição do prefeito Duciomar Costa. Além dele, também subiram no índice de rejeição os candidatos Valéria Pires Franco (de 14% para 17%) e Marinor Brito (15% para 17%). Mário Cardoso, que da primeira para a segunda pesquisa teve seu índice de rejeição elevado de 13% para 25%, melhorou um pouco a performance e agora caiu para 23%. Jordy, que aparecia com 20%, caiu para 17%. João Moraes, que aparecia com 21%, melhorou bastante: agora tem 15%. E Priante, que ocupa a posição de menos rejeitado, tem 13%, uma queda de dois pontos percentuais em relação à sondagem anterior.
É nesse item, o da rejeição, que reside o calcanhar-de-aquiles de Duciomar. O prefeito, muito embora com a máquina nas mãos, faz uso dela para mostrar serviço. Mas os eleitores – senão todos, mas uma grande maioria - sabem distinguir as obras que não têm cunho eleitoreiro daquelas que apresentam um viés francamente, flagrantemente de campanha, como botar nas ruas, homens, patróis e caçambas – às dezenas e centenas, se possível – para indicar à população que, “este sim, é um prefeito que trabalha.”
Muitos olham tudo isso e dizem – e os que não dizem, apenas pensam como aquele personagem: “Me engana que eu gosto.”
E quem gosta de ser enganado?