sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Belém das tacacazeiras, da chuva das duas, das mangas...

Luiz Braga, o fotógrafo que dispensa apresentações, foi quem mandou para o blog o texto abaixo.
A foto - linda, toda Belém - também é dele.
Texto e foto deveria ter sido mandados ontem, dia do aniversário da cidade.
Por esses desencontros virtuais, chegaram a tempo apenas para ser publicados hoje.
Mas continuam, é claro, atualíssimos.
E assim ficarão por muito tempo.
Leia abaixo o texto do Luiz.

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396 anos!
Os antepassados sensíveis nos legaram um belo patrimônio fruto da riqueza e da inteligência de bem aplicá-la. Os insensatos gananciosos já destruíram muito.
Mas hoje acredito que não derrubariam mais o Grande Hotel ou a Palmeira. Leio em O LIBERAL que silenciosamente as tacacazeiras estão sendo enxotadas para a periferia, quando deveriam ser incentivadas, assistidas, mantidas.
Cultura não é fazer megashow para entreter os maltratados que padecem o caos de cada dia. Daqui a pouco poderão ser as mangueiras, sob a desculpa de que são inadequadas e incomodas.
Experimentem pensar Belém sem as mangueiras. Devemos cuidar melhor de nossos símbolos. A torre Eiffel deveria ter sido desmontada depois da Feira Mundial e virou símbolo da França, visitada por milhões de pessoas.
A cidade sempre será dinâmica e jamais deve ser engessada, no entanto é importante pensar no que nos trouxe até aqui.
Uma mistura de sabedoria cabocla e européia que nos diferencia. Lembrar dos visionários que pensaram largas avenidas quando aqui só haviam carruagens e bondes, que alguém em um momento infeliz resolveu extinguir. E agora querem empurrar afobadamente com o nome de BRT.
Precisamos e merecemos atitudes que honrem nossa trajetória. Se em algum momento não havia dinheiro que substituísse a fase áurea da borracha, hoje a cidade exibe riqueza em prédios caros e carros idem que entopem a paisagem.
Continuamos praticamente com as mesmas praças e ruas. A diferença é que antes o trânsito fluía e as praças tinham segurança.
Enfim, palavras para se refletir e agir rumo a Belém de 400 anos.
Belém que vive nas tacacazeiras, no grito do tapioqueiro, na chuva das duas, nas mangas e na história de cada um de nós.

2 comentários:

Francisco Sidou (jornalista) disse...

A foto dispensaria o texto, mas este a complementa de forma exuberante. Parabéns, Luiz Braga,poeta da fotografia, um dos artistas paraenses que honram nossa terra e nossa cultura.

Anônimo disse...

Sinceramente? ÉÉÉÉgua da foto linda! Mais que uma poesia. A beleza em perfeição: esse "chafariz" saído da gota de chuva retardatária batendo no asfalto ... ou será um pingo grosso daquela chuva lque acumulou na mangueira e caiu atrasado? Lindo!