Mencionado em comentário da leitora Adelina Bia Braglia como tendo supostamente afirmado que a divisão do Pará é boa para o Brasil, o geógrafo paulista José Donizete Cazzolato esclarece, em nota remetida para o Espaço Aberto, que talvez esteja ocorrendo o que classificado de "ato falho de interpretação" no teor de entrevista disponível nao portal da editora Oficina de Textos.
Abaixo, os esclarecimentos do professor.
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Sou o geógrafo paulista citado por Bia, José Donizete Cazzolato. Quero apenas esclarecer que está havendo algum engano ou ato falho de interpretação.
Não existe um artigo meu dizendo que "a divisão do Pará é boa para o Brasil". Na entrevista disponibilizada no portal da editora Oficina de Textos, respondi que "a divisão do Pará pode ser benéfica para as três partes resultantes".
O site ucho.info reproduziu a entrevista, abrindo manchete que não traduz exatamente o que afirmei na entrevista. Suponho que o engano tenha se originado dessa leitura.
A referida entrevista faz parte da estratégia da editora para divulgar o livro "Novos Estados e a divisão territorial do Brasil - uma visão geográfica", recentemente concluído. Nele, procuro trazer a questão territorial atual (há muitos outros projetos de emancipação, além de Carajás e Tapajós) para um patamar mais técnico, expondo argumentos diversos que estão sendo esquecidos, tanto pelos legisladores, como pela sociedade em geral.
Foco o caso do Pará, porque é a "bola da vez", mas apenas como ponto de partida para a análise. Proponho que se trate a questão das possíveis emancipações de estados com critérios técnicos, condição inexistente na atual Constituição.
Agradeço a oportunidade e cumprimento Bia e demais pessoas deste espaço que se interessam pela questão, e por postarem opiniões ponderadas, isentas de rompantes apaixonados. O propósito principal do livro, por sinal, é chamar a sociedade brasileira para o debate, considerando-se a importância maior que tem a estrutura territorial da Federação Brasileira.
2 comentários:
Boa dia, caro Paulo:
agradeço a atenção do professor Cazzolato, me redimo da minha precipitação ao ler a matéria e desculpo-me com ele.
Mantenho a preocupação sobre o que o desconhecimento da nossa realidade e das "forças" que pugnam pela divisão do estado possam igualar-nos às divisões propostas para o Brasil.
Na sexta-feira tivemos uma reunião de trabalho com técnicos do IPEA - Professor Francisco de Assis, Rogério Boueri e Paulo Linhares - além dos consultores e técnicos do IDESP que trabalham na discussão do segundo trabalho sobre a divisão que em breve editaremos e colocaremos à disposição da sociedade.
Rogério Boueri e Paulo Linhares - o Professor Francisco de Assis é da UFPA e conhece nossa realidade - mostraram-se surpresos com os dados que conheceram.
Assim, caso o Professor Cazzolato, deseje, da mesma forma que fizemos há dias com o Professor Sérgio Serafini Júnior, meu e-mail institucional está disponível abaixo, para esclarecimentos que ele julgar importantes.
(adelina.braglia@idesp.pa.gov.br)
Um abraço, Professor.
Abração, Paulo
Academicamente, qualquer divisão será inviável. Exceção: triângulo mineiro, por motivos óbvios. A necessidade da divisão não é (nunca será) acadêmica, por meio de estudos técnicos). E por uma simples raão: sem divisão, não haverá investimentos nas regiões que querem a divisão. Com ela, a União será obrigada a fazê-lo e, com isso, necessariamente, haverá mais despesas; daí a inviabilidade técnica (e acadêmica) da divisão. Só tem um detalhe: essas regiões ficarão para sempre à míngua. Alguns dizem: vamos repensar o modelo. Podem até repensar; por em prática, não.
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