segunda-feira, 21 de junho de 2010

Charles: “O petismo, no PT, cedeu lugar ao Lulismo”

Charles Alcântara (na foto), um dos melhores quadros do PT, deixou o partido.
Desligou-se formalmente.
Fê-lo porque qui-lo (hehehe), em carta encaminhada na semana passada ao presidente estadual do partido, João Batista da Silva.
Primeiro chefe da Casa Civil do primeiro governo petista do Pará, que tem à frente a primeira mulher a governar o Estado, Charles foi um dos nomes mais influentes - senão o mais influente - do governo Ana Júlia, no período de transição entre a gestão do tucano Simão Jatene (PSDB) e a gestão petista, que assumiu em janeiro de 2007.
“Saio do PT porque não mais o reconheço, porque este abdicou de ser ‘petista’”, disse o atual presidente do Sindicato dos Servidores do Fisco Estadual do Pará (Sindifisco), na carta de desligamento.
Charles conversou com o blog.
Jogo rápido.
Rapidíssimo.
Abaixo.

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O petismo acabou?
O petismo inventado pelo PT não mais existe. Enquanto ideal de um mundo sem oprimidos, excluídos e explorados o petismo pulsa, mas deixou de ser propriedade exclusiva do PT. O petismo, no PT, cedeu lugar ao Lulismo. Antes, Lula pertencia ao PT.
Hoje, o PT pertence a Lula. Essa mutação genética malsucedida da supremacia do “sujeito coletivo” para a hegemonia do “cacique” desfigurou o PT.

Você acha que o PT caminha para se tornar igual aos outros partidos, ou seja, aderir a práticas que antes condenava?
O PT já aderiu a práticas que antes condenava, mas nem por isto é passível de tornar-se igual aos demais partidos, dada a sua originalidade de berço. Mas o PT está em conflito e permanecerá em conflito por não saber ou não querer refazer o caminho depois de tantos passos dados pragmatismo adentro. Como não há milhos deixados no caminho, o PT encontra-se perdido na floresta densa e escura da política menor; da relativização da ética; do rebaixamento do horizonte; do realismo simplista; da submissão às regras do jogo; da esterilização do debate interno. O triunfo do pragmatismo degradou o “mangue” do ideário petista que renovava e oxigenava permanentemente o partido, conservando-lhe a juventude e o viço.

Você, como petista, começaria tudo outra vez?
Sim, pois foi no PT que me tornei um homem sonhador e inquieto. Foi no PT que me eduquei politicamente. Foi no PT que me tornei insubmisso. Foi graças ao PT que, hoje, tive forças para sair do PT.

Qual o grande acerto do governo Ana Júlia? E o grande erro?
Não sei. Não vejo grandes erros e grandes acertos. Há erros e acertos. Mas posso – e devo – dizer que a governadora Ana Júlia é movida por propósitos sinceros de fazer o melhor.

Quem ganha a eleição no Pará? Ou, se você preferir, quem passa para o segundo turno?
Ganha a eleição quem conquistar a maioria dos votos (rsrsrsrs).

6 comentários:

Bia disse...

Bom dia, caro Paulo:

quanto à posição de Charles Alcãntara, ele é um homem honrado. Ainda ingênuo, mas honrado.

Quanto a você, que falta me faz! Sugiro´suspender essa bendita pausa!!!

Abração.

Anônimo disse...

Creio que o eleitor saberá separar o joio do trigo. É só esperar!

Anônimo disse...

Desde quando Charles Alcântara foi um dos melhores quadros do PT?

Anônimo disse...

Às vezes, não raras, a imprensa ve coisas totalmente distorcidas da realidade.

Anônimo disse...

O PT era sonhos antes de chegar ao poder; depois que chegou ao poder político - e provou os sabores afrodisiacos do exercício do poder de nomeação - desnaturou-se e tornou-se um partido a qualquer um.
Moral da História: os companheiros, quando chegam lá, são como os demais seres. E ponto final. O que conta - e contou sempre! - são os controles ou mecanismos legais e institucionais que os governados têm à sua disposição para controlar os atos dos governantes. Aprenda isto, Mr. Charles!!!

Euzinha disse...

O anônimo das 11h27 tem razão. Nunca soube que Charles integrava os melhores quadros do PT. É um garoto esperto. Gosto dele.