sexta-feira, 7 de maio de 2010

Belém pede socorro


Os belenenses ficamos assustados ao saber pelos jornais que Belém está sendo administrada pelo promotor Benedito Sá e pelo juiz Marco Antônio Castelo Branco. O promotor e o juiz, com certeza, não desejam usurpar as funções do prefeito eleito. Sua intervenção, todavia, se fez absolutamente necessária, pois prevista em lei, nos casos em que o vácuo de gestão deixado pelo agente público precisa ser preenchido, em nome do interesse maior da coletividade.
A falta de apetite do prefeito pela gestão da cidade está atingindo níveis alarmantes. O trânsito caótico e neurótico faz vítimas diariamente, além de causar enormes prejuízos de ordem econômica e social, com engarrafamentos colossais e buzinaços infernais. A cidade está no limite do suportável. Sem as intervenções necessárias do agente público para pôr ordem no caos estabelecido, Belém caminha para uma situação de absoluta calamidade pública.
Há 25 anos, jovens técnicos japoneses da Agência Internacional de Cooperação Técnica do Japão ( Jica ), elaboraram minucioso projeto de planejamento e tráfego urbano (PDTU) para Belém, incluindo um cronograma de obras viárias indispensáveis, entre as quais, o prolongamento da avenida João Paulo II até Marituba, a construção de anéis viários no Entroncamento e no Largo de São Brás, a construção de elevados em pontos críticos, instalação de vias expressas para ônibus no canteiro central da avenida Almirante Barroso até a BR, cinco terminais de integração com bilhete único, além da modernização da frota de ônibus.
Em sua despedida, os (então) jovens técnicos japoneses, com precisão cirúrgica, deixaram a previsão de que a cidade poderia parar até o ano de 2010, caso aquelas obras não fossem efetuadas. Alguém ainda tem dúvidas de que Belém está parando? Diagnose: inércia de gestão e falência múltipla dos órgãos e agentes públicos.
O PDTU dos japoneses foi solenemente ignorado por todos os sete prefeitos que ocuparam o Palácio Antônio Lemos, desde então. Algumas intervenções isoladas no planejamento do tráfego urbano e obras cosméticas se mostraram absolutamente inócuas ou desastradas, como aquele “autorama” da Bandeira Branca, o único viaduto (?) do mundo que “ despeja” os carros justamente na via que se pretendia descongestionar.

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“Se o consumidor tem o direito de trocar um produto ‘deteriorado’ com validade vencida, por que também não "trocar" representantes eleitos ou reeleitos na base da ‘propaganda enganosa’”?
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O anel viário do Entroncamento chegou a ser projetado pelo arquiteto Alcyr Meira e seria construído com verbas federais. Mas, eis que as quizílias políticas paroquiais, com o DNA da cultura do atraso, falaram mais alto que o interesse público. O prefeito, que era petista, não queria que o governador, que era tucano, “faturasse” politicamente com a construção daquela obra essencial e tratou de inviabilizá-la erguendo, “como pedra no meio do caminho”, uma Praça da Bíblia, que os irmãos evangélicos nunca pediram como também jamais frequentaram e que acabou sendo demolida.
Como resultado de tanta incúria administrativa, falta de visão e de amor pela cidade, Belém é, hoje, uma metrópole que caminha para a degradação quase total, com a selvageria de seu trânsito sem lei ( onde o agente público só comparece para multar nunca para orientar); com as calçadas irregulares causando tropeços e quedas desastradas, principalmente de idosos; com o lixo jogado nas ruas por falta de lixeiras e contêineres; com a população "raticida" aumentando assustadoramente (já temos sete ratos por habitante); com o calor aumentando na proporção direta com que crescem as torres tórridas de concreto, ferro e vidro, impedindo a circulação do vento e sufocando as vias respiratórias da cidade; com os alagamentos invadindo casebres, casas e mansões em ruas que se tornam rios de raiva por conta do abandono de um povo entregue à sua própria falta de sorte com os sucessivos prefeitos que elege e reelege.
A quem recorrer? Aos vereadores, supostamente eleitos para representar o povo na Câmara Municipal? Ora, em sua maioria, eles estão mais preocupados com questões interna corporis, como aumentar a verba de gabinete, além do número de assessores e de parentes que precisam amparar. Sem falar nas articulações em busca de auferir nova s vantagens com a privatização da água e dos serviços de fiscalização da prefeitura de Belém,a meta mais "ambiciosa" do prefeito" ausente-ficante". Dentre os edis, são poucos os "sobreviventes" do desastre total em que se transformou a gestão Duciomar, pois a maioria lhe presta apoio incondicional, esquecendo que foram eleitos pelo povo de Belém e não pelo prefeito.
Razão tinha o velho e sábio Gonçalo Duarte, vereador e líder inconteste da nação jurunense, que, na década de 70, pregava que o povo deveria ter o direito de "desvotar" para tirar de cena certos representantes eleitos que não honrassem seus mandatos.
Afinal, se o consumidor tem o direito de trocar um produto "deteriorado" com validade vencida, por que também não "trocar" representantes eleitos ou reeleitos na base da "propaganda enganosa"?
Queixar-se ao bispo, agora até que podemos, pois já o temos. Todavia, vamos poupar o afável e culto dom Alberto, que acabou de chegar e com sua simpatia e carisma está conquistando o povo de Belém. Precisamos de sua ajuda, claro, mas para dar uns conselhos a algumas autoridades "responsáveis" pelo descalabro em que nossa bela e maltratada cidade se encontra.
Resta-nos, então, a esperança de que o promotor Benedito Sá e o juiz Marco Antônio Castelo Branco continuem adotando medidas administrativas provisórias, preenchendo o vácuo de gestão deixado pelo prefeito, para evitar o colapso total da cidade, pois seu comandante-em-chefe "soltou o cabo da nau", mas esqueceu de "tomar o remo ( e o leme) na mão" provocando o naufrágio de sua pífia administração.
Só nos resta esperar que o prefeito e seus vereadores amestrados, embora desprovidos do nobre sentimento da renúncia, possam ainda refletir no mal que estão causando à nossa cidade e desistam de qualquer nova eleição. Ou então que os juízes do Tribunal Regional Eleitoral, que vão julgar no próximo dia 11 a cassação do mandato do prefeito Duciomar, executem logo essa sentença para o bem geral da população de Belém. E do próprio Duciomar, que parece já estar "anestesiado" e preparado para os trabalhos de um "parto sem dor".

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FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@bol.com.br

7 comentários:

Anônimo disse...

Essa é apenas uma das mazelas de Belém.
Mês passado, o Instituto Trata Brasil (www.tratabrasil.org.br), ong que estuda a questão do saneamento básico no país, divulgou um ranking do saneamento entre as 79 maiores cidades do Brasil, com mais de 300 mil habitantes.
Belém figura entre as 10 piores cidades do Brasil. Com mais de 1 milhão de habitantes, só 6% da população tem acesso a saneamento básico.
Abaixo de Belém, só Cariacica(ES); Porto Velho (RO), Nova Iguaçu (RJ), Duque de Caxias e São gonçalo (RJ), as últimas quatro sem serviço de esgoto.

Anônimo disse...

Na questão trânsito, a proibição da circulação de caminhões a partir do entroncamento tem gerado um enorme risco aos motoristas que circulam depois das 24h.
Os caminhões que abastecem o Yamada Plaza, ali na Trav. 14 de Abril próximo a Av. Gov. José Malcher, vem permanecendo estacionados na direção perpendicular a da rua, com metade de sua extensão fechando a rua sem qualquer iluminação ou sinalização.
Um verdadeiro absurdo!!!
Por outro lado, na calada da noite e sem nenhuma fiscalização, entram normalmente na contramão nessa via vindo da Gov. José Malcher.
Quem quiser, pode passar por lá todos os dias a partir das 24 hs.

Anônimo disse...

Por outro lado, a proibição de circulação de caminhões no centro da cidade não vem valendo para os caminhões que abastecem o Líder Top, pela Ferreira Pena. Chegam a impedir a circulação na rua em determinados horários.

TITO KLAUTAU disse...

Prezado Paulo.
Com respeito ao assunto "Transporte", encaminhei ao Francisco Sidou, dois emails que enviei para ti em 26 de setembro de 2009.
Trataste desses emails em uma postagem no "Espaço Aberto", com o título "Dissertação sobre transporte está atual, 16 anos depois", no dia 28 de setembro de 2009.
Um abraço do Tito Klautau.

Anônimo disse...

Até os motoristas de táxi com quem converso admitem que a sensação é de abandono diante do completo caos no trânsito na cidade.
Pior mesmo é a farra dos filhinhos de papai durante as madrugadas dos finais de semana nos bairros centrais de Belém; haja algodão para tapar os ouvidos para suportar o barulho produzido!!!

Anônimo disse...

Colocaram uma faixa para travessia de pedestres na Av. Nazaré com a Vila Leopoldina.

Isso fez com que o trânsito, que já era ruim, piorasse.

Há um sinal de trânsito logo no cruzamento com a 14 de março, a menos de 50m da faixa. Ou seja, a faixa é desnecessária.

Mas ainda assim mandaram colocar a faixa ali, cometendo uma estultice.

Pior é que para não admitir o despropósito, quem mandou jamais dará a ordem para retirá-la.

Imaginem:

A fila dupla das lojas americanas, as inúmeras vezes em que os carros têm que parar na faixa para atravessar um pedestre, a mais daz vezes, e todo o trânsito que passa no local. Resultado: o caos, que se estende pela Nazaré, atinge a generalíssimo deodoro, que alcança a gov. José Malcher, que de sua vez chega à 14 de março e só não atinge o prefeito porque não deve andar de carro na região. Deve ser aéreo.

Anônimo disse...

A CTBEL tem que estar a noite nas ruas, fiscalizando esses camihões, que não são poucos.

O problema é que o órgão é uma incompetência sem tamanho.

Hoje, sábado, véspera do dia das mães, o trânsito estava um caos no Bairro de Nazaré e no Umarizal. Não se via um guarda de trânsito!

Além disso, decidiram cortar árvores na véspera do feriado ao lado do centur. Consequentemente, a Brás e adjacencias ficaram impraticáveis.

Se fosse o prefeito, me demitia.

Pior é saber que se ele sair assumirá o primo do Jáder.

Se ficar o bicho pega, se correr o bicho come.

Mas nada foi pior que o prefeito autorama, o Edmilsom, e que também no auge de sua arquitetura permitia a colocação daquelas faixas de pano ridículas para enfeitar a cidade... que horror!