sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Carona num carro de lixo

Jornalistas em fim de turno, jornalistas em fim de jornada não medem esforços – não mesmo – para chegar em casa, digamos, sem muito esforço.
Mas acabam fazendo esforço.
E de uma forma original.
Dia desses, um cara que mora no conjunto Júlia Sefer e deixou a redação no início da madrugada ainda conseguiu apanhar uma van para seguir até a BR. Mas dali tinha que apanhar outra condução para se dirigir até o conjunto Júlia Sefer, onde reside.
E quedê um mototáxi?
Nem sombra de mototáxi.
E quedê uma van?
Idem.
Mas tinha o carro do lixo.
Hehehe.
Ele não contou conversa.
Ajeitou bem a mochila às costas e botou o pé no estribo, naquele que fica atrás, bem atrás.
E foi embora.
Ele e o carro do lixo.
Aliás, ele foi embora pendurado no carro de lixo.
Foi até o Júlia Sefer.
Demorou à beça a chegar em casa, porque a prioridade do carro de lixo não era deixá-lo em casa; era recolher lixo, é claro.
Mas o importante é que chegou em casa.
Impregnado de fedor.
E gostou tanto da experiência que está disposto a repeti-la.
É só não ter um mototáxi ou uma van por perto.

2 comentários:

Artur Dias disse...

No Júlia Sefer o transporte público é ruim de dia também, quando se demora até uma hora na parada, principalmente aos sábados, domingos e feriados. Uma empresa nova de micro-ônibus foi chamada pra fazer linhas internas, com o maior alarde da prefeitura, mas além de não resolver o problema de quem precisa ir além do Entroncamento, ainda faz final de linha no meio da rua, deixa seus funcionários no sol e na chuva e, segundo dizem, já tem graves problemas salariais. Quanto aos bravos garis, pode ficar certo que eles já quebraram o galho de muitos juliaseferenses, inclusive de um amigo meu, que trabalha no shopingui novo, até altas da noite.

Luiz Otavio Braga disse...

Isso sim é uma notícia! Belém enfim inovou: o uso do carro do lixo para transporte de passageiros. É essa criatividade que ainda salva o ser humano. Afinal, os organizados mototaxistas e vans só circulam na hora que bem lhes interessa. Que tal exigir que esse "concessionários" de transporte público que não pagam imposto, que mantenham um mínimo da frota na madrugada??? Melhor não, eles são intocáveis e vão interditar alguma avenida em protesto. Melhor contar mesmo é com um carro do lixo. Em Belém transporte de passageiros virou sinônimo de lixo!