Por DEDÉ MESQUITA, para o Amazônia
Sobra salto alto, peruca, purpurina, plumas e paetês no carnaval da cidade de Vigia, no nordeste paraense. Em especial na segunda-feira Gorda, quando, como manda a tradição de mais de 20 anos, os blocos 'As Virgienses' e 'Os Cabrasurdos' e, mais tarde, 'A Gaiola das Loucas', saem pelas ruas estreitas dessa cidade histórica. Ontem não foi diferente e toda a cidade parou para ver os blocos em ação.
Às 15h, o corredor da folia no centro da cidade já está lotado. As 'meninas' vêm de todos os lugares. E as fantasias vão das mais simples às muito elaboradas. 'Um espanto!', constata o senhor Sílvio Pinto, que foi um dos fundadores do bloco 'As Virgienses', há exatos 24 anos. Ele conta que tudo começou com a reunião de um grupo de oito amigos 'vagabundos como eu, que não tínhamos nada para fazer na segunda-feira de carnaval'. O grupo sempre se vestiu de mulher, sempre bebeu muita cachaça e se divertia muito. Outros foram se juntando e hoje é quase impossível precisar quantas pessoas saem no bloco, mas segundo estimativas dos organizadores, cerca de 50 mil pessoas foram às ruas, este ano.
Já a versão feminina do bloco, Os Cabrasurdos, tem 16 anos. A iniciativa veio como uma espécie de resposta aos rapazes já que elas não podiam entrar no bloco das 'Virgienses'. E assim, enquanto elas se embebedam de vinho, eles vão de batida de limão. Este ano, o 'Departamento Etílico de As Virgienses' consumiu 1.100 litros de cachaça, 120 quilos de açúcar, 180 quilos de limão, cerca de cinco horas de preparo e mais cinco sacas grandes de gelo. O responsável pela bebida, Bebeto, como é conhecido, diz que tem que haver um controle ou a bebida acaba em menos de uma hora. 'A gente tem que controlar os brincantes ou não chegamos com bebida ao Centro Cultural', explicou.
Este ano não houve um tema predominante nas fantasias, tanto da ala masculina quanto da feminina, ao contrário de 2008 quando o filme nacional 'Tropa de Elite' fez a festa de todos. Mas os ecos da novela da 20h, da Rede Globo, 'Caminho das Índias', já se faziam notar: muitas indianas foram vistas e até clones do personagem do ator José de Abreu estavam presentes.
Um bloco que chamou muito atenção foi o da senhora de engenho que libertava as escravas, em plena avenida, para que elas fossem brincar no carnaval de Vigia. A encenação envolvia um grande tronco onde as negras estavam acorrentadas, o chicote da dona que as 'espancava' e um cantochão com a música da novela 'Escrava Isaura' e da canção 'Xica da Silva', de Jorge Benjor.
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