Na FOLHA DE S.PAULO:
Os oposicionistas DEM e PSDB ingressaram com uma representação ontem no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) alegando que o encontro nacional dos prefeitos, realizado na semana passada, em Brasília, serviu para o governo divulgar a pré-candidatura de Dilma Rousseff (Casa Civil) ao Palácio do Planalto, em 2010.
Na ação, os partidos argumentam que "realizado o primeiro dia, já se pôde constatar que o seu objetivo principal [do encontro] não era outro senão vincular a criação e a gestão de programas públicos a possíveis candidatos a cargos eletivos do próximo pleito eleitoral".
Em evento ontem com sindicalistas em São Paulo para expor as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a ministra-chefe da Casa Civil acusou a oposição de tentar "interditar" o governo. "É lamentável quando judicializam as obras, porque não têm projeto". E completou: "Acho que a oposição está tentando [antecipar a disputa], acho que tem sobretudo o intuito de interditar o governo."
Sobre o evento que motivou a ação, o governo reconheceu ontem que as despesas com a organização são de cerca de R$ 1,8 milhão, valor maior que os R$ 253 mil divulgados anteriormente. Nesse cálculo estão excluídos os gastos do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do BNDES, que podem torná-lo ainda mais caro.
Reportagem publicada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo" informa que o Palácio do Planalto omitiu gastos de R$ 1.349.832 feitos pelo Ministério das Cidades com base em uma nota de empenho do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira). O ministro José Múcio (Relações Institucionais) disse que desconhecia os gastos feitos pelo Ministério das Cidades anteriormente e que não houve má-fé do governo ao omitir as informações. Segundo a assessoria do ministério, os gastos se referem a equipamentos e a uma sala montada para o ministro Marcio Fortes atender os prefeitos.
Outros ministérios que gastaram dinheiro no encontro da semana passada tiveram despesas inferiores a R$ 100 mil.
Troca de críticas
A 20 meses das eleições, petistas e tucanos trocaram ontem duros ataques.
Questionada sobre as manifestações de apoio à sua candidatura, Dilma classificou como um "direito democrático".
Na véspera, o possível candidato tucano em 2010, o governador José Serra (PSDB), afirmou que a "mega-antecipação" do processo era um desserviço.
A artilharia se dá num momento em que o PT de São Paulo se lança numa campanha contra o governador. Na terça-feira, o líder do PT entrou com representação contra a veiculação de anúncios da Sabesp, a companhia de saneamento de São Paulo, em rede nacional.
Ontem, fez críticas ao pacote de Serra para o combate à crise. E a CUT (Central Única dos Trabalhadores) protestou na porta da Secretaria de Gestão.
Em discurso, Serra disse que governava independentemente de colorações partidárias, ao contrário do PT. "Aqui tem prefeito do PT que pega uma obra e não diz que é do governo do Estado. Há casos famosos. O mais notório é o de Hortolândia. Pirataria total das obras do Estado." Também afirmou que, "apesar de toda essa propaganda", "70% dos investimentos feitos no Brasil não são feitos pelo governo federal"."São feitos pelos Estados e municípios. Com toda essa propaganda, pode-se pensar o contrário."
Já Lula negou ontem que o governo esteja antecipando a corrida eleitoral e disse que o ritmo de viagens de Dilma será mantido. A declaração foi feita no encontro do Conselho Político, que reúne os líderes de partidos aliados. Segundo parlamentares presentes, Lula disse ver incoerência na oposição e citou viagem recente feita por Serra a Cascavel (PR), sendo que o governador de São Paulo não tem obra para vistoriar lá.
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