Deem uma olhadinha na matéria acima.
Está na página A7 do Diário do Pará de ontem.
Observem os trechos marcados.
São interessantíssimos.
Primeiro, observa-se que o exonerado diretor-geral do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, Miguel Wanzeller Rodrigues, criou uma espécie de imunidade particularíssima, única na história do serviço público.
Após ter denunciado – até agora sem qualquer comprovação – que laudos periciais vinham sendo adulterados nas delegacias de polícia, Wanzeller, segundo a matéria, pondera que não pode falar tudo o que sabe em Belém. A não ser, segundo o próprio ex-diretor, que liminar judicial o reponha no cargo.
Há dois detalhes a considerar.
1. Fora do cargo ou dentro do cargo, Wanzeller dispõe das mesmas garantias que qualquer cidadão. Provavelmente, ele acha que sua condição de otoridade lhe garantiria, de alguma forma, a necessária segurança para fazer qualquer denúncia. Pode ser. Mas, então, porque não fez as mesmas denúncias – e até publicamente, se fosse o caso – quando passou dois anos como otoridade, ao exercer o cargo de diretor-geral do CPRC?
2. O dr. Wanzeller sabe que, mesmo sem estar na condição de otoridade, deve cobrar do Estado as garantias que as leis e a Constituição conferem a qualquer cidadão. Aliás, não estamos num “Pará, a Terra de Direitos”?. Então, pronto. O dr. Wanzeller abre a boca, diz tudo o que sabe, prova tudo o que tem de provar e, ao mesmo tempo, se sentir-se ameaçado na sua integridade física, pede formalmente proteção especial.
Agora, observem o outro trecho que está marcado.
O repórter Luiz Flávio faz a pergunta que não quer calar: por que, afinal, só agora, uma vez exonerado, é que Sua Senhoria, o dr. Wanzeller, faz as denúncias que tem feito?
O doutor responde.
Responde, mas não explica.
Diz que, após tentativas infrutíferas de ser recebido pela governadora Ana Júlia e pelo chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, ele fez o seguinte: “Todas as irregularidades administrativas que eu encontrei, relatei à então secretária [de Segurança] Vera Tavares”, diz o doutor.
É mesmo?
Relatou?
Como relatou?
Verbalmente? Não se acredita que denúncias dessa gravidade se restrinjam a relatos verbais entre o subordinado e seu superior hierárquico.
E então, Wanzeller fez o relato por escrito à então secretária?
Se fez, ele tem cópia.
Cadê?
Cadê as cópias?
Dr. Wanzeller precisa desembuchar.
Precisa falar tudo o que sabe.
Mas precisa falar tudo com coerência, com consistência.
Do contrário, sempre iremos pensar que suas denúncias, se submetidas a uma boa perícia, vão se revelar sempre inconsistentes e quase fictícias.
Quase.
Um comentário:
Grato, Anônimo das 10:25.
Vou postar na ribalta, neste domingo.
Abs.
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