sábado, 14 de fevereiro de 2009

Desembuche, dr. Wanzeller. Desembuche com coerência.

Deem uma olhadinha na matéria acima.
Está na página A7 do Diário do Pará de ontem.
Observem os trechos marcados.
São interessantíssimos.
Primeiro, observa-se que o exonerado diretor-geral do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, Miguel Wanzeller Rodrigues, criou uma espécie de imunidade particularíssima, única na história do serviço público.
Após ter denunciado – até agora sem qualquer comprovação – que laudos periciais vinham sendo adulterados nas delegacias de polícia, Wanzeller, segundo a matéria, pondera que não pode falar tudo o que sabe em Belém. A não ser, segundo o próprio ex-diretor, que liminar judicial o reponha no cargo.
Há dois detalhes a considerar.
1. Fora do cargo ou dentro do cargo, Wanzeller dispõe das mesmas garantias que qualquer cidadão. Provavelmente, ele acha que sua condição de otoridade lhe garantiria, de alguma forma, a necessária segurança para fazer qualquer denúncia. Pode ser. Mas, então, porque não fez as mesmas denúncias – e até publicamente, se fosse o caso – quando passou dois anos como otoridade, ao exercer o cargo de diretor-geral do CPRC?
2. O dr. Wanzeller sabe que, mesmo sem estar na condição de otoridade, deve cobrar do Estado as garantias que as leis e a Constituição conferem a qualquer cidadão. Aliás, não estamos num “Pará, a Terra de Direitos”?. Então, pronto. O dr. Wanzeller abre a boca, diz tudo o que sabe, prova tudo o que tem de provar e, ao mesmo tempo, se sentir-se ameaçado na sua integridade física, pede formalmente proteção especial.
Agora, observem o outro trecho que está marcado.
O repórter Luiz Flávio faz a pergunta que não quer calar: por que, afinal, só agora, uma vez exonerado, é que Sua Senhoria, o dr. Wanzeller, faz as denúncias que tem feito?
O doutor responde.
Responde, mas não explica.
Diz que, após tentativas infrutíferas de ser recebido pela governadora Ana Júlia e pelo chefe da Casa Civil, Cláudio Puty, ele fez o seguinte: “Todas as irregularidades administrativas que eu encontrei, relatei à então secretária [de Segurança] Vera Tavares”, diz o doutor.
É mesmo?
Relatou?
Como relatou?
Verbalmente? Não se acredita que denúncias dessa gravidade se restrinjam a relatos verbais entre o subordinado e seu superior hierárquico.
E então, Wanzeller fez o relato por escrito à então secretária?
Se fez, ele tem cópia.
Cadê?
Cadê as cópias?
Dr. Wanzeller precisa desembuchar.
Precisa falar tudo o que sabe.
Mas precisa falar tudo com coerência, com consistência.
Do contrário, sempre iremos pensar que suas denúncias, se submetidas a uma boa perícia, vão se revelar sempre inconsistentes e quase fictícias.
Quase.

Um comentário:

Poster disse...

Grato, Anônimo das 10:25.
Vou postar na ribalta, neste domingo.
Abs.