Em O ESTADO DE S.PAULO:
Sem saber, o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, criticou em público a própria filha, a juíza Glaís de Toledo Piza Peluso, chamando-a de "inexperiente". Isso ocorreu durante julgamento na semana passada que proibiu o uso indiscriminado de algemas, no qual o STF anulou por unanimidade um júri presidido por Glaís em Laranjal Paulista, em 2005, no qual o pedreiro Antonio Sérgio da Silva foi condenado a 13 anos e meio por homicídio.
Segundo os ministros, incluindo Peluso, a juíza errou ao determinar que Silva permanecesse algemado durante o julgamento. Para eles, a decisão da juíza prejudicou a imagem do réu perante o júri, que é formado por leigos. Ao aparecer algemado, ele pode ter passado a idéia de que era uma "fera".
Durante o julgamento no STF, ninguém se deu conta de que a juíza sobre a qual todos falavam e a quem criticavam era filha de Peluso. Nem o próprio pai. Se tivesse notado, provavelmente teria se dado por impedido de participar do julgamento. Mas ele participou e criticou. Disse que o ato contestado pelo pedreiro era "ilícito" e teria ocorrido provavelmente por "inexperiência" da juíza.
Ontem, a assessoria de imprensa do STF confirmou que a decisão derrubada pelo plenário era mesmo de Glaís e disse que Peluso não sabia que a própria filha tinha sido responsável por esse caso na primeira instância. Esse desconhecimento ocorre porque quando um recurso chega ao STF ele contesta a decisão anterior, no caso do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em nenhum momento durante o julgamento foi citado o nome de Glaís.
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