sexta-feira, 11 de julho de 2008

Vazamentos e privilégios na operação da Polícia Federal

Uma equipe da Rede Globo acompanhou, ao vivo e em cores, a operação da Polícia Federal que prendeu, hoje de manhã, um bando integrado, entre outros, pelo banqueiro Daniel Dantas, pelo megainvestidor Naji Nahas e pelo ex-prefeito de São Paulo, Celso Pita.
No “Jornal Hoje” de quarta-feira, uma repórter disse que “toda essa operação foi acompanhada com exclusividade pelas nossas equipes”, conforme se pode constatar em vídeo disponível no site do programa. Ainda estava escurinho. Durante a prisão de Naji Nahas, por exemplo, ouviam-se até latidos de cachorros. Tudo acompanhado, ressalte-se mais uma vez, ao vivo e em cores. Somente pela Globo. Apenas e somente só.
Operações policiais desse porte são preparadas sob sigilo – o mais completo sigilo. E o sigilo atende a motivos mais do que óbvios. Só têm conhecimento de tais operações a Justiça, que expede as ordens de prisão e os mandados de busca e apreensão, e a própria polícia.
Se uma emissora de TV acompanha a operação, é porque foi avisada antes. E não apenas foi avisada como sua participação foi tolerada pela própria Polícia Federal. Se não o fosse, caberia à própria PF rechaçar a participação da Imprensa, abortar a operação e preparar uma outra, também sob sigilo, até mesmo para que não fosse privilegiado apenas um veículo de informação.
Enfim: houve claramente o vazamento de informações. Quem vazou as informações? Como justificar a presença de apenas um veículo?
O que seria uma operação sigilosa, até mesmo para manter o indispensável fator surpresa, deixou de sê-lo desta vez, já que presentes pessoas estranhas à operação, no caso uma equipe de televisão. Apenas uma.
Quem permitiu isso? Com que propósito?
Se responderem que o propósito foi dar divulgação ao fato, ótimo. Esta é uma boa resposta. Mas por que privilegiar apenas um veículo?

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