Pastor, escritor, servidor federal e – por último, mas não menos importante – cidadão, Rui Raiol encaminhou um requerimento ao presidente de Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Maurício Cézar Soares Bezerra.
Rui externa um desabafo e uma indignação que são as de todos nós, cidadãos iguais a ele.
Leia abaixo.
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REQUERIMENTO/GAB. PASTORAL n. 025/2008
Belém, 10 de julho de 2008.
Sr. Presidente,
Ruivaldo Raiol Pereira, escritor e pastor evangélico, inscrito na Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil, sob o n. 38.559, (doc. anexo), conhecido em suas obras literárias pelo nome Rui Raiol, com Escritório em endereço abaixo indicado, tendo em vista os episódios envolvendo a morte de 63 (sessenta e três) recém-nascidos desde junho nessa entidade, conforme dados atuais da imprensa (doc. anexo), vem perante Vossa Senhoria tecer algumas considerações para, ao final, requerer.
1. Todos sabemos que, não obstante o Brasil desponte como uma das economias mais expressivas do mundo, somos uma Nação com grande débito social. Neste, inclusa a saúde pública, cujo modelo formatado ao longo da história brasileira tem-se revelado inócuo ante a demanda da população crescente, sobretudo, mais necessitada;
2. Por outro lado, como premissa desse modelo falido, e cooperando com ele, temos um Estado cujas principais marcas são a prática da corrupção quase institucionalizada e desmazelo com a coisa pública. Daí, os escândalos em todos os níveis do Poder Público, que vêm à tona em capítulos diários, suficientes em número e importância para apagar da memória do povo as páginas recentes dessa malfadada história viva que nossos políticos escrevem;
3. Como ministro do Evangelho - que é a base dos princípios morais e do ordenamento jurídico do Ocidente -, e pertencendo ao colegiado de pastores da Assembléia de Deus no Brasil, vimos manifestar nossa mais profunda INDIGNAÇÃO com esse estado de coisas, verdadeiro infanticídio estatal. Infanticídio que, para vergonha nossa, mantém nosso Estado do Pará no ranking de um dos piores lugares do mundo para a sobrevivência humana, mormente, inocentes vidas, que, sequer, tiveram a felicidade de conhecer a "Cidade das Mangueiras", cuja nascente de um dos "túneis" mais referidos - por ironia - está junto a esse prédio-túmulo de indefesas criaturas;
4. Sem querer fazer um libelo contra V. Senhoria, recém-empossado na presidência dessa Fundação, vimos, reafirmar com todas as letras nossa INDIGNAÇÃO com o destino das vítimas e solicitar o devido empenho dessa Presidência para que fatos tão lamentáveis não se repitam.
5. Por fim, informamos a V. Senhoria que, na qualidade de pastor na Assembléia de Deus, manter-nos-emos alerta a essa importante questão, orando para que a vossa administração seja marcada pelo zelo, imparcialidade e altruísmo nessa Casa de Misericórdia, valendo-nos de toda a mídia institucional a nosso alcance, em nível regional e nacional, isto para elogiar ou denunciar os resultados doravante obtidos, principalmente, o índice de mortalidade neonatal.
Atenciosamente.
Pr. Rui Raiol
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