domingo, 27 de julho de 2008

Flanelinhas vão ao veraneio. E voltam com ódio de "pobres".

Jornalista sessentão – às vésperas de tornar-se setentão, mas ainda pinta de cinqüentão – chegou ao calçadão do Maçarico, numa noite dessas, em final de semana no qual o mundo inteiro parece concentrar-se em Salinas.
Mal estacionou o carro, apresentou-se um flanelinha que não tinha muito jeito de ser flanelinha. Mas era.
- Tu não és daqui de Salinas, não? – perguntou o jornalista, escoladíssimo em questões e aspectos do gênero.
- Não, chefe. Não sou daqui, não. Sou de Belém. E já estou de volta amanhã de manhã – responde o flanelinha.
- Por quê?
- Porque aqui só tem pobre.
- Pobre...?
-É. Só tem pobre.
- Mas como...?
- Lá em Belém, onde eu trabalho, perto do Pequeno Príncipe, recebo de R$ 1,50 a R$ 2,00 de cada carro que eu reparo. Aqui, o que me dão é só R$ 0,50, no máximo R$ 0,70. Só tem pobre.
O jornalista, perguntador que nem ele – como todo jornalista -, achou melhor não perguntar mais nada.
E preferiu ir embora do pedaço, para não se ver constrangido a desembolsar no máximo, no máximo R$ 1,00 para o flanelinha.

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