quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Deputado bolsonarista não quis ser internado num hospício. Ele quis ser preso para virar herói. A Câmara vai permitir isso?

Daniel Silveira ri dentro da viatura da PF que o conduz preso, após alocução criminosa
contra o Supremo e seus ministros. Mas, afinal, quem vai rir por último?
Não sei você aí.
Mas eu, nos últimos anos, nunca assisti - ou poucas vezes assisti - a um vídeo tão porco, tão excrementoso, tão chulo, desqualificado, cheio de ódio e criminoso como aquele em que o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) ataca o Supremo Tribunal Federal e seus ministros.
O parlamentar foi preso no final de noite desta terça-feira (16), por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Na sessão ordinária desta quarta-feira (17), o Plenário do Supremo deverá confirmar - a menos que o sertão vire mar - a ordem de prisão. Feito isso, o Plenário da Câmara terá 24 horas para  chancelar a decisão do STF.
Silveira pode ser doido e, além disso, pode até ter ser um mestre em se fazer passar por doido. Mas sua intenção, em ter-se conduzido da forma como se conduziu, não atendeu, digamos assim, a um anseio oculto de ser internado num hospício. Não. Ele não queria ser metido numa camisa de força.
O que ele fez, inocultavelmente, teve o propósito de testar os limites do instituto das imunidades parlamentares - que lhe garantem, entre outros prerrogativas, falar o que bem entender - e envolver o próprio Poder Legislativo nesse embate com o Supremo. Um embate que, num sentido mais abrangente, alcança todo o Poder Judiciário, que bolsonaristas fanáticos, como o deputado, simplesmente odeiam e ao qual atribuem todos os males que o Brasil enfrenta.
Por esse viés, e partindo-se do pressuposto de que o Plenário do STF, ainda nesta quarta-feira, vai confirmar a ordem de prisão emitida monocraticamente por Alexandre de Moraes, a Câmara dos Deputados tem duas alternativas.
A primeira é reconhecer, mesmo revirando as próprias entranhas, que um de seus membros extrapolou as imunidades que lhe são asseguradas e cometeu, em flagrante, vários crimes, um deles gravíssimo e que ensejou a ordem de prisão: o de propagar a adoção de medidas antidemocráticas contra o próprio STF, defendendo até mesmo o AI-5, o escabroso ato institucional baixado pela ditadura militar, permitindo-lhe endurecer o cerceamento às liberdades democráticas. 
A segunda alternativa é virar as costas para o Judiciário e votar pela soltura da Daniel Silveira. Aí, estará aberta a porteira para que os fanáticos bolsonaristas que povoam o Congresso lancem mão de posturas ainda mais radicais para insuflar o restante do rebanho, que não tem imunidade alguma, como vocês sabem, mas fatalmente deverá se sentir autorizado a retomar manifestações como as que já resultaram até em fogos de artifício disparados contra o prédio do Supremo.
Num novo cenário de radicalismos, decorrente de eventual decisão da Câmara de autorizar a soltura de Daniel Silveira, quem será capaz de apostar que novos disparos contra a sede do STF voltarão a ser feitos apenas com fogos de artifício?
Esse momento é bem delicado. Daniel Silveira já revigorou a notoriedade que ele tanto quer. Já alcançou dois intentos iniciais: o de não ser mandado para um hospício, como louco inimputável, e o de envolver a Câmara nos desdobramentos dessa insanidade.
Resta saber como o Legislativo vai protagonizar seu papel - importantíssimo, vale dizer - nesse episódio deplorável e não menos assustador, por tantas imundícies, por tanto ódio e tantos crimes que um fanático expeliu numa alocução de quase 20 minutos minutos numa rede social.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse jumento, desse rebanho do ódio, não vai sofrer nada perante a Câmara dos Deputados que, sem dúvida, irá apenas referendar os atos desse imbecil.

Enquanto isso, o rebanho ficará mais agitado com ameaças ao supremo.

Até onde teremos que aguentar essa sacanagem e falta de respeito que está ocorrendo no Brasil????