terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Daniel Silveira, o brutamontes denunciado por afrontoso crime à democracia, está a caminho da purificação

Bolsonaro e Daniel Silveira, um de seus pit bulls fanáticos, recentemente denunciado
pela PGR: eles se merecem. Mas a democracia não os merece. Não mesmo.

É isso mesmo.

Daniel Silveira (PSL-RJ), o fanático bolsonarista, que soma mais de 90 prisões em sua ficha corrida e continua preso por atentar contra a democratica, tem tudo para ganhar o seu momento de triunfante purificação.

Quando isso acontecer, seus admiradores - inclusive, acreditem, jornalistas que não conseguem distinguir onde termina a liberdade de expressão e onde começa a atividade criminosa pura e simples - provavelmente haverão de começar um movimento para erigir estátuas desse brutamontes por aí, saudando-o como um guerreiro das liberdades democráticas.

Mas, afinal, qual será o palco onde deverá operar-se a purificação da Daniel Silveira? Será o Conselho de Ética, é claro.

O colegiado retoma os trabalhos nesta terça-feira (23) com dois processos que podem levar à cassação dos mandatos de Silveira e da deputada Flordelis.

Ela é acusada de ser a mandante da morte do marido. Ele, de defender o assassinato do Estado Democrático de Direito, para substituí-lo, provavelmente, por um regime que teria como Constituição algo semelhante ao AI-5, o excrementoso ato institucional da ditadura, objeto da admiração quase orgásmica desse cidadão que anseia, dia e noite, por sentimentos golpistas.

Mas, sério mesmo: você aí acredita no Conselho de Ética?

Você acredita que, depois das lágrimas de crocodilo derramadas por Silveira, no dia em que teve sua prisão mantida pelo plenário da Câmara, o Conselho de Ética vai mesmo cassar-lhe o mandato?

Se você acredita, não seja inocente de continuar acreditando. Não faça como alguns coleguinhas jornalistas, esses inocentes que nos comovem (ainda que sua inocência nos assuste).

Porque, a menos que o mar vire sertão, o Conselho de Ética dificilmente vai aplicar a pena máxima ao denunciado por crime afrontoso ao Estado de Direito.

O mais provável mesmo é que, como dito no início, o Conselho de Ética adote a ética da tolerância, segundo a qual a democracia - e, nela, as imunidades parlamentares - abriga tudo, inclusive as tentativas afrontosas, clamorosas, indecorosas e criminosas de torpedeá-la.

Adotando a ética da tolerância, o Conselho de Ética abrirá suas portas para que, ao final do julgamento, Daniel Silveira saia purificado, perdoado e returbinado, pronto para seguir com seus cometimentos repulsivos.

É por este momento que aguardam, pressurosa e ansiosamente, os admiradores desse brutamontes.

Inclusive alguns coleguinhas jornalistas que não conseguem, nem que a vaca tussa, distinguir liberdade de expressão de crimes afrontosos. Ah, coitados!

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