segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Por novos mares


Uma boa parcela dos políticos parece que não terminam seus afazeres, apenas os interrompem. Mesmo que o trabalho seja dado como concluído, instala-se uma aflição, imperfeições ganham relevos, acréscimos se tornam essenciais, possibilidades assomam.  Os políticos deveriam manifestar-se de maneira mais simples, mostrar-se mais para o povo e precisam entender que todo Golias tem de caminhar pisando em ovos. É preciso tratar os menos poderosos com respeito. Será que eles sabem como tratar? Nunca sabemos o que eles podem fazer. Viajando na metáfora? Não, apenas um desabafo.
Pois é, ao aproximarem-se as eleições, os políticos parecem esquecer a realidade e o governo Dilma Rousseff nesta gestão sabe que não há mais prazo para previsões otimistas. Nada mais seria necessário para provar quão desastrada é a política econômica conduzida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. É chegada a hora de pagar os pecados. O preço da demora em mudar o rumo da economia é uma guinada conservadora e uma desnecessária turbulência no horizonte.
Observe você mesmo e constate que o país gasta mais do que arrecada, o investimento não cresce, parece engessado, os juros em alta parecem insuficientes para conter a inflação. Atente para esta realidade, até a Petrobrás, por causa da interferência do governo na política de preços da empresa, está em queda, naquela que deveria ser a era de ouro do pré-sal. Ainda assim, vemos mais um alerta vermelho tão significativo que não pode ser ignorado.
A gestão Dilma-Mantega se aproxima do fim sem dar sinal de que deixará qualquer legado. São remotas as chances de 2014 ser um ano bom para a economia. No início de 2013, as expectativas para o próximo ano eram de crescimento robusto, qualquer coisa próximo de 4%, com a ressalva de inflação alta, próxima de 6%. Espera-se outro ano de crescimento fraco, próximo de 2%. Claro que uma reviravolta é possível, mas improvável.
Dia desses, em comunicado por rede social, o ex-governador de São Paulo José Serra disse que o PSDB deve lançar o nome de Aécio Neves como candidato da agremiação à Presidência da República em 2014. Sabe-se que, internamente, Serra disputaria a indicação do PSDB com o presidente do partido, Aécio, que conseguiu o apoio de todos os diretórios estaduais emplumados. É óbvio que, Aécio e Eduardo Campos têm mais espaço para crescer do que Serra e Marina Silva. A situação vê que, com eles, a chance de dois turnos fica maior.
O governo inventou uma nova classe C, que seria outra classe média, diferente da classe média tradicional, e construiu a ideia de que o Brasil é um país de classe média. Não é. Ainda tem muita miséria neste país. Ninguém discorda de que precisa haver programas assistenciais, mas não só para a população não morrer de fome. É preciso criar meios para enfrentar a miséria e a pobreza. Não meios que as petrifiquem, como os programas do governo.
O governo gasta 0,5% do PIB com o Bolsa Família, mas não consegue transformar a vida das pessoas. Enquanto isso, metade do país não tem saneamento básico, a situação de infraestrutura é lamentável e o analfabetismo funcional e real não para de subir. Observe atentamente como anda a Educação e tire suas conclusões.
A década petista é a década do discurso. Falta realização material. Ah, que grande obra pública foi construída nesses dez anos? Que usina hidrelétrica foi construída nessa década? Nenhuma. O nosso rio da integração nacional - a transposição do São Francisco -, um fracasso. Ferrovias, fracasso. Estradas, fracasso. Aeroportos, fracasso. A única coisa que se fez foi construir estádios de futebol, mas não resolveremos problemas sociais com coliseus do século XXI. O governo acha que é bom palanque, mas um péssimo gestor da economia.
É mais do que natural desejar o melhor para nosso país, que as divergências sejam encurtadas. A todos, um Feliz Natal!

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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com

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