terça-feira, 10 de março de 2015

O expansionismo do Estado Islâmico


O radicalismo islâmico brotou dos escombros do império Otomano. Outros querem um caminho mais curto, acalentando que o Estado Islâmico (EI) surgiu da maldição pela ocupação e quase destruição do Iraque pelos Estados Unidos. O EI é um grupo de jihadistas radicais formado em 2003, ainda de maneira tímida. De língua árabe, hoje, tem como capital Mossul, conquistada em 2013, a segunda cidade mais importante do país, e Baiji, onde fica a maior refinaria de petróleo iraquiana, a caminho de Bagdá, e, que, recentemente, foi reativado pela ofensiva dos rebeldes sunitas. E, obviamente, Irã e Síria foram também levados a reboque para o combate. Os territórios ocupados pelo EI são povoados por pessoas de várias etnias e religiões. Essa é uma ferida que não tem cicatrizante de última geração que dê jeito. São embates cruentos, de violências inimagináveis, de muita insanidade. Na verdade o mundo está aterrorizado com tanta selvageria promovida pelo esse grupo fundamentalista criminoso. Acreditamos que se trata de um grupo de psicopatas, escondidos por trás do Alcorão, disseminando a barbárie que ultrapassa os limites usuais do terrorismo. Eles utilizam em sua estratégia todos os meios possíveis para chocar a civilização. O EI já crucificou crianças, estuprou mulheres, eviscerou, decapitou e ateou fogo em reféns. O califa Abu Bakr al-Baghdadi se acha sucessor de Maomé e líder único do islã, se autoproclama um ser sagrado e investido de uma a autoridade religiosa para executar quem o rejeite, fermentada por citações do Alcorão. Comparam-se com os conquistadores islâmicos do Império Persa e da maior parte do Império Bizantino. A cara de pau é tamanha, que os jihadistas afirmam que restaurar o califado é uma obrigação religiosa e seria pecaminoso não cumpri-la. O califa exige que todos os muçulmanos jurem fidelidade e deem apoio ao suposto descendente da família do Profeta.Exibindo sua mensagem de horror pelas redes sociais, o EI, em menos de um ano formou um exército estimado em 300 mil jihadistas e conquistou um território do tamanho da Bélgica, fincando sua bandeira preta nas fronteiras entre Síria e Iraque. Essa expansão em ritmo vertiginoso trouxe uma série de inquietações. Como parar o EI? Como uma coalizão militar liderada pelos EUA ainda não conseguiu liquidá-los? Não se sabe. Além de uma vasta área controlada, há um projeto que o EI quer expandir as fronteiras do califado e ocupar todo o norte da África e do Oriente Médio.
O rancoroso califado se sente o máximo com a virulência das suas atrocidades, sempre fazendo das suas - e a propaganda delas - encobre um enfraquecimento do grupo, que está sofrendo derrotas militares. No começo de fevereiro, o EI levou seu maior golpe desde que começou a se expandir, em 2013. Depois de quatro meses de confrontos, combatentes curdos - nativos do norte do Iraque -, com o apoio de bombardeios americanos, retomaram a cidade de Kobani, na fronteira entre a Síria e a Turquia. Em outro front, o Exército do Iraque, treinado e armado pelos EUA, desalojou os jihadistas da província de Diyala - no leste do país - e da cidade de Jurf al-Sakhar, estrategicamente localizada a 60 quilômetros de Bagdá. Estima-se que cerca de 7 mil jihadistas morreram nesses combates.
O EI ainda conserva muitos domínios. Controla 35% do território sírio e mais de 40% do território iraquiano. A boa notícia é que o grupo parou de avançar. A estratégia de coalizão liderada pelos americanos se baseia em um tripé: interromper a expansão territorial do EI, destruir a infraestrutura e a capacidade de se financiar do grupo e matar e ferir suas lideranças. Especialistas em questões de inteligência acreditam que somente os ataques aéreos podem conter o EI. Esses bombardeios pelos EUA causaram perda em cidades-chave, atingiram os cofres do grupo, reduzindo seu faturamento com o contrabando de petróleo e estão ceifando lideranças do grupo.

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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com

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