sexta-feira, 29 de agosto de 2014

A escolha tem que ser entre gestões, projetos e líderes

LEOPOLDO VIEIRA

Há 60 anos tombava Getúlio Vargas, um dos maiores líderes da nossa história. Getúlio que chegara ao poder, pela primeira vez, como disse em sua Carta-Testamento, liderando uma revolução vencedora, numa frente ampla dos tenentistas e nova classe média urbana querendo moralizar a política; os movimentos sindicais  em busca de direitos trabalhistas; e oligarquias dissidentes  querendo mais do que um Brasil refém do dilema "saúvas ou não saúvas?".  O Getúlio, com e por esta aliança e projeção de futuro, da Justiça Eleitoral e do Código Eleitoral, do voto secreto e do voto feminino, que institucionalizaram - já democratizando - a nascente democracia brasileira; da CLT, que deu o passo que faltava à Abolição; da Petrobrás, que assegurou o monopólio soberano para extração e refino do petróleo; da Eletrobrás, para iluminar as casas, as ruas e a produção dos brasileiros; da Companhia Vale do Rio Doce e Siderúrgica Nacional, para fazer dos nossos minérios ativos do desenvolvimento; do IBGE, para saber como eram e como viviam os compatriotas e, enxergando-os, alcançá-los com a proteção do Estado; da primeira conferência nacional de que se tem registro; para escutar o povo na elaboração das políticas públicas.
Lembrar e comemorar Getúlio líder de alianças para um projeto político, estrategista da gestão, é muito importante neste período da campanha eleitoral quando Marina Silva é forjada como um símbolo de renovação da política.
Marina reclama de Collor e Renan, mas está com Heráclito e Bornhausen, com a diferença de que os primeiros foram parte de um Congresso Nacional que aprovou, nos últimos doze anos, leis para expandir políticas sociais, emprego, salário, crédito, integração sul-americana, menos desmatamento, incentivo à indústria. Os dela se somaram à resistência a este processo. Marina, que não tem partido, diz que quer governar sobre os partidos, com Lula e FHC, mas sem Lula e FHC a quererem.
O primeiro porque é o legado vivo do partido preferido dos brasileiros, mais votado ao Congresso Nacional, dirigente dos maiores municípios e maior montante orçamentário, que, em três governos à frente da República, realizou o sonho brasileiro de combinar crescimento com distribuição de renda.
O segundo, prócer do Plano Real, muito menos. "A recíproca é verdadeira", respondeu FHC à ilação de que ela governaria com franjas do PT e PSDB. "No mandato do Aécio eu gostaria muito de ter a aliança da Marina", declarou na saída da reunião da Comissão Global de Políticas sobre Drogas. Aécio Neves nem em sonho acalenta o desejo de, num golpe só, se rifar e rifar o seu partido: "irá prevalecer o software original", retrucou ao "convite" da líder da Rede.
A presidenta Dilma não fugiu à polêmica que tende a crescer como um dos temas centrais deste primeiro turno, que é a o da gestão pública. Para Marina, o Brasil não precisa de um "gerente", apenas de um líder com visão estratégica. Dilma foi ao cerne da polêmica: "Essa história de que não precisa (de gerente), de que o País não precisa de ter um cuidado na execução das suas obras e uma obrigação de entregá-las é uma temeridade. Ou é quem nunca teve experiência administrativa e, portanto, não sabe que é fundamental para um país com a complexidade do Brasil dar conta de tudo".
Este é um debate da maior importância neste momento, pois diz respeito às qualidades da liderança que o Brasil escolherá para além do projeto político que representa.
Sobre isso,  o ex-ministro do Meio Ambiente,  Carlos Minc, no Facebook, deu uma boa pista de por que Marina não acha que o país precise de um presidente que se preocupe com a gestão:
"Marina foi boa ministra. Mas em cinco anos não visitou o CNPQ para resolver a falta de acesso de pesquisadores a parques nacionais. No MMA, fomos ao CNPQ e avançamos a parceria com a Ciência, para pesquisadores poderem promover estudos em parques. Marina defendeu a Biodiversidade. Mas não conseguiu unir governo e o Grupo de 77 países e aprovar o pagamento para o uso sustentável da Biodiversidade. No MMA, presidimos pelo Brasil o Grupo dos Países Megabiodiversos e fechamos o acordo. Minha sucessora, a ministra Izabella Teixeira teve papel de destaque na aprovação deste pagamento na Convenção da Biodiversidade realizada em Nagoya. Marina defendeu uma Política de Clima. Mas não uniu Universidade, Embrapa e Ministérios da Ciência e Tecnologia para aprovar a lei. No Ministério do Meio Ambiente (MMA), conseguimos articular a sociedade: Brasil foi o primeiro país emergente a ter Lei do Clima! Marina defendeu a Amazônia. Mas licenciou usinas do Rio Madeira sem condicionantes ambientais para Saneamento, Biodiversidade, Prevenção de Incêndios. No MMA, exigimos isto! Marina defendeu seringueiros. Mas licenciou a BR-Cuiabá-Santarém sem antes implantar parques. Resultado: aumentou o desmatamento no entorno."
O guru de Marina, Eduardo Gianetti, disse que o programa da Rede nada tem em contradição com o do PSDB e ninguém menos do que André Lara Resende aterrisou na campanha dela. Mas Gianetti disse o que disse por convicção ou oportunismo? Lara Resende aterrisou na campanha por convergência ideológica ou para garantir a afirmação de Gianetti?
O que salta aos olhos, é que Marina é pura velha política, pois os “oligarcas dela” são os que apoiaram e apoiam a agenda velha e a agenda que ela declara é, exatamente, a velha agenda neoliberal. Só que sem capacidade de gestão e crença nela, sem partido, sem base social, só com palavras ao vento, restará a radicalização do “toma lá, dá cá” como método de governo, em substituição ao "planejamento" e à "participação social” vigentes.
Desde a Proclamação da República, enfrentam-se no Brasil projetos políticos associados à afirmação da soberania nacional e independência ou a associação subalterna com o capital internacional. Por isso que o Brasil segue polarizado entre “trabalhismo” e “udenismo”. A nossa agenda é esta, é o trabalhismo brasileiro do século XXI. A do PSDB, de FHC, Serra e Aécio é a volta ao passado neoliberal num mundo ainda economicamente mais comprimido. A de Marina, contudo, absolutamente, não sabemos...

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LEOPOLDO VIEIRA é secretário do Núcleo Petista Celso Daniel de Administração Pública e Assessor Especial do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, na Secretaria de Investimentos Estratégicos

6 comentários:

Anônimo disse...

O deputado Márcio França (PSB-SP), indicado pelo partido para coordenar o novo comitê financeiro da candidatura de Marina Silva, suspendeu o veto da ex-senadora e de Bazileu Margarido, seu representante nas finanças da campanha, sobre origem de doações; "Não tem problema algum, se a doação for legal. Pode vir dinheiro da indústria de armas, de bebidas, do que for", disse ele; declaração demonstra que os "sonháticos" são cada vez mais pragmáticos; tanto ou mais do que os representantes da chamada velha política

Anônimo disse...

Segundo manchete de O Globo, Marina deve tirar prioridade do pré-sal”: “Candidata se encontra com usineiros e promete investir em etanol”
“O programa vai propor ainda a redução gradativa do uso de termoelétricas para priorizar as energias eólica e solar”.
E do cuspe.
ELA É A CANDIDATA PRA FECHAR O PRÉ-SAL E ENTREGAR PRA CHEVRON!

Anônimo disse...

A idéia de governar com os melhores teria alguma lógica se uma grande maioria de melhores também estivessem no legislativo - o que sabemos não ser verdadeiro.

Anônimo disse...

esse garoto foi longe. Simplesmente foi convocado pra ser o relator do programa de governo da Dilma pro desenvolvimento regional.

Anônimo disse...

A Presidenta Dilma Rousseff questionou a ideia da candidata à presidência pelo PSB, Marina Silva, de governar com os melhores do PT e do PSDB. “Essa história que você acha os bons ou os melhores sem aferição não está certa, não. Como é que eu vou fazer uma política da agricultura familiar com quem não defende a agricultura familiar? A pessoa pode ser ótima, mas ela não tem nenhum compromisso com agricultura familiar. Ela não fará. Não é uma questão da pessoa ser boa ou ser ruim, é uma questão de que compromisso ela tem. É melhor ter pessoas boas e compromissadas do que pessoas boas e sem compromisso”, afirmou Dilma nesta quinta-feira (28).

Dilma esteve na CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), em Brasília (DF), onde reforçou: “Para mim, o conceito de ‘bons’ tem ligação com o compromisso. Todas as pessoas podem ser boas ou más, mas as boas pessoas podem não ter compromisso. A pessoa é muito boa, mas o compromisso dela é com outra coisa. Ela tem compromisso com o crescimento de 3% da população. Eu prefiro o bom com compromisso com a maioria da população brasileira”, disse a candidata à reeleição.

“Quem não defende agricultura familiar não a fará”, citou a petista à plateia, para depois completar: “Somos aqueles que acham que o meio ambiente combina com a produção de alimentos.”

A Presidenta voltou a comparar as gestões do PT às do PSDB, desta vez quanto à reforma agrária. “Nos governos tucanos desapropriaram e colocaram os assentados em terras sem condições de produzir. Temos de incentivar o cooperativo entre os assentados da Reforma Agrária. O caminho é desapropriar e destinar as terras. E tem de ter linhas de crédito pra família assentada.” , esclareceu.

Sobre o fechamento de Ministérios, proposta de candidatos da oposição, Dilma finalizou: “Perguntem para os que propõe fechar ministérios quais seriam. O primeiro é o Ministério do Desenvolvimento Agrário”

Anônimo disse...

Égua da bokita maravilhosa, hein, vejam o "título": secretário do Núcleo Petista Celso Daniel de Administração Pública e Assessor Especial do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, na Secretaria de Investimentos Estratégicos .

Com um "emprego" desse, sumano...eu também seria capaz de até achar que moro num paraíso; que os gobiernos petistas são "ukiá" de bom.

Bom garôto.

Mas....chega de paraíso artificial.
Égua sumano, 12 anos de cumpanherus e tudo de errado ainda é culpa dos outros?!!
Viva Marina!