sábado, 25 de janeiro de 2014

Rolezinho de 50 pessoas tem UNE, quilombolas e Conlutas





Manifestantes do dito rolezinho concentrados à entrada do Shopping Boulevard, na tarde deste sábado.
Dos 950 que confirmaram presença, comparecem cerca de 50, no máximo 60. Todos militantes de entidades e
movimentos sociais, como um da União Nacional dos Estudantes (UNE). As fotos são do Espaço Aberto.
O rolezinho convocado pelo Facebook endereçou 10.400 convites. Foram confirmadas 950 presenças, mas apenas 50 pessoas, no máximo 60, compareceram na tarde deste sábado, a partir das 16h30, ao Shopping Boulevard, na avenida Visconde de Souza Franco, a Doca, no bairro do Reduto, em Belém.

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Não houve incidentes. Em vez de adolescentes na faixa dos 13 aos 17 anos, como os que predominam nos rolezinhos que têm ocorrido em outros cidades do país, sobretudo São Paulo e Rio, os participantes do que se chamou de rolezinho em Belém tinham na faixa dos 20 a 30 anos, alguns deles universitários e a maioria pertencente a entidades e movimentos sociais, como a Anel (Assembleia Nacional de Estudantes - Livre), o Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe, a CSP (Central Sindical e Popular)-Conlutas e a União Nacional dos Estudantes (UNE).
"O que os grandes meios de comunicação estão tentando fazer é, como sempre, criminalizar a juventude por ser pobre e negra, tentando justificar a repressão da polícia e colocar a população contra os jovens, por algo que não aconteceu [em rolezinhos em outras cidades]: a ocorrência de crimes", diz um panfleto assinado por essas entidades e distribuído a quem entrava ou saía do Boulevard.
Com um megafone e munido de cartazes, os manifestantes do intitulado rolezinho se concentraram inicialmente bem na entrada do shopping e discusaram contra o que consideram preconceito em relação a jovens negros e pobres. Aproveitaram ainda para criticar os que associam os rolezinhos a um ajuntamento de delinquentes que pretenderiam causar tumultos, roubar, furtar e destruir o patrimônio privado.
Terminada a concentração na porta do shopping, os manifestantes entraram nas dependências do Boulevard para dar o rolezinho, gritando palavras de ordem enquanto percorriam todos os andares. Temendo tumultos, dezenas de lojas fecharam suas portas, reabertas logo que se encerrou a manifestação, por volta das 18h.
Na Praça da Alimentação, nova parada e novas palavras de ordem. "O rolezinho é meu e de você / a juventude pobre tem direito ao lazer", gritavam os manifestantes. "Da Copa, da Copa eu abro mão / Eu quero é mais dinheiro / Pra saúde e educação" foi outra palavra de ordem entoada pelos participantes dos protestos. "Nós queremos mostrar que os governantes deste país precisam construir mais espaços de lazer para a juventude pobre da periferia", exigiu outro manifestante.


Polícia chegou ao shopping no início da tarde. Depois, o contingente aumentou. (fotos do Espaço Aberto)
Segurança reforçada
O aparato de segurança reuniu cerca de 30 PMs da Rotam, que se postaram em frente ao shopping. Mas havia dezenas de policiais militares no seu entorno, tanto na Doca como nas travessas Aristides Lobo e Ó de Almeida, que ladeiam o Boulevard, e na travessa Benjamin Constant, que passa por trás.
Dentro do Boulevard, a segurança foi reforçada. Em cada corredor havia pelo menos três seguranças postados - um no meio e dois nas extremidades das alas onde ficam as lojas em todos os andares. Mas dezenas de outros seguranças passaram a tarde inteira se movimentando, munidos de walk-talkies para monitorar as movimentações que ocorriam em outras áreas.
Como medida de precaução, um carro home care da Unimed ficou estacionado desde as 14h, em frente ao Boulevard, para dar atendimento em caso de eventuais de tumultos que pudessem provocar lesões em pessoas presentes ao shopping. Um carro da Prosegur também permaneceu nas imediações. A empresa, que atua na área de segurança, destacou vários de seus homens para reforçar a segurança do Iguatemi durante todo o dia de hoje.
O repórter do Espaço Aberto chegou ao shopping por volta das 14h30 e, sem identificar-se como jornalista, pôde ouvir comentários de seguranças e empregados de loja e observar os momentos que antecederam o início da manifestações.
O setor de inteligência da Polícia Militar e a própria segurança do shopping esperavam dispunham de informações de que o rolezinho reuniria, de forma predominante, adolescentes na faixa dos 15 aos 16 anos, daí a presença de vários membros do Conselho Tutelar e de funcionários do Tribunal de Justiça do Estado que atuam no atendimento a crianças e adolescentes.


Temendo tumultos, várias lojas fecharam as portas, reabertas após a manifestação (fotos do Espaço Aberto)

3 comentários:

Edir Gaya disse...

Veja você, meu querido, que o que começou como um encontro de fãs de meninos e meninas que vivem o seu momento de celebridades na internet, no sudeste do País, começa a tomar proporções nacionais de caráter reivindicatório justo pela falta de sensibilidade dos que movem a máquina econômica e política do País para pensar e agir de forma a incluir este público em seus planejamentos. Assim como a repressão impiedosa do governo paulista às manifestações pelo Passe Livre, em junho do ano passado, resultou nos episódios que se seguiram depois no Rio, em SP, Minas e em vários outros pontos do País, quando a juventude foi às ruas solidarizar-se e repudiar a violência, os rolezinhos estão aí para deixar claro que os brasileiros que vivem na base da pirâmide social rechaçam a discriminação e a repressão policial e não aceitam mais ser tratados como cidadãos de segunda classe. O problema está criado e essa forma tacanha de tratar o fenômeno, dando a ele um caráter policialesco, só vai contribuir para agravá-lo. É como um rastilho de pólvora.

Anônimo disse...

E a arrecadação do ICMS e de impostos federais causados pela ausência de clientes que não foram ao shopping por causa desse rolê, que paga?

Anônimo disse...

Quem os trata como de segunda classe é o governo federal e seus apaniguados incompetentes!