Por Alan Gripp, na Folha
A onda de "rolezinhos" que está prestes a ser deflagrada tem pouco a ver com a ideia dos "rolezinhos", digamos, originais.
A começar pelo fato de que não há nenhuma grande ideia por trás desse movimento, surgido no fim do ano na periferia de São Paulo.
Ao contrário do que professam os filósofos de Facebook, ninguém foi ao shopping de Itaquera no último domingo para protestar contra a exclusão social, o mercado de consumo ou coisa que o valha.
A molecada da "ZL" (zona leste) está a fim é de farra.
A brincadeira é "catar umas minas", "tirar umas fotos", "rever os parça [parceiros]", "dar uma tumultuada", como deixam claras as convocações via redes sociais e comprova esta reportagem.
Já o tom das convocações recentes para shoppings mais abastados, que pipocam desde ontem nesses mesmos canais, é bem diferente.
"Contra toda forma de opressão a pobres e negros, em especial contra a brutal e covarde ação diária da polícia militar no Brasil", diz a chamada do evento no Moinhos Shopping, em Porto Alegre.
Não se trata aqui do mérito desses questionamentos –aliás, a reação violenta de parte da Polícia Militar e a provável enxurrada de ações judiciais por parte dos shopping para tentar impedir a presença desses jovens só servem para alimentá-los.
O ponto é que os "rolezinhos" ganharão escala nacional se distanciando do seu real significado e se aproximando das manifestações de rua do ano passado.
O "bonde do rolê" agora será formado por estudantes universitários, militantes de organizações sociais, simpatizantes de partidos de esquerda, entre outros grupos –o terror dos empresários é a adesão dos "black blocs"
Protestarão contra a proibição do "rolezinho" como protestaram contra o aumento da tarifa, o governador do Rio de Janeiro ou o sumiço do pedreiro Amarildo de Souza.
Parafraseando cartaz da época, é como se dissessem: "somos todos rolezinho".
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