quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Zenaldo e Pioneiro resistem aos planos de Jatene

O governador Helenilson Pontes entrega cheques-moradia em Augusto Corrêa. Agenda com maior viés
eleitoral começará a ser montada logo após a saída de Simão Jatene, no dia 31 de março.
(Foto de Fernando Nobre/Agência Pará)
Os prefeitos tucanos de Belém, Zenaldo Coutinho, e de Ananindeua, Manoel Pioneiro, projetam-se até agora como os dois maiores obstáculos à pretensão do governador Simão Jatene, de não mais disputar qualquer cargo público no pleito deste ano, abrindo o caminho para que governador em exercício, Helenilson Pontes (PSD), dispute a reeleição.
O Espaço Aberto apurou ontem que a intenção de Jatene deretirar-se da vida pública, mas não da política, conforme já antecipou o blog, não apenas está de pé como passará a ficar mais clara, mais visível imediatamente após 31 de março, data em que o governador anunciará que vai se desincompatibilizar.
Mas isto, a desincompatibilização, será apenas uma firula jurídica para não espantar muito as lebres adversárias, forçando-as a ficar nas dúvida sobre as reais intenções de Jatene. Em realidade, no entanto, 31 de março será o marco a partir do qual a agenda de Helenilson Pontes - que então será titular do cargo de governador - passará a ganhar contornos mais, digamos assim, parecidos com os de campanha. Mas sempre com o cuidado de evitar excessos que possam representar empecilhos políticos e mesmo eleitorais, uma vez que ainda estaremos em período de vedações para campanhas.
“Mas ele já está efetivamente no comando do Estado a partir de agora. Note que até mesmo a escolha dos novos secretários já foi conduzida normalmente por ele”, disse a fonte bem informada ao Espaço Aberto, referindo-se a Helenilson Pontes.
As avaliações internas dos estrategistas tucanos é de que Helenilson, bastante conhecido na região do Tapajós e do Baixo Amazonas, dada a sua condição de natural de Santarém, ainda precisará fazer seu nome, ou seja, ganhar musculatura eleitoral na Região Metropolitana e na região Nordeste, dois redutos tradicionais dos tucanos no Pará.
“As nossas avaliações iniciais indicam que se o Helenilson, até outubro, conseguir uma penetração que chegue pelo menos próximo à faixa da que o Jatene tem hoje, a sua possibilidade de se eleger governador do Estado é praticamente certa”, garantiu a fonte ao Espaço Aberto.

Vozes resistentes
Mas há vozes resistentes.
Longe de serem vozes dissidentes.
Mas resistentes, sim.
Governantes de municípios que possuem os dois maiores colégios eleitorais do Pará, respectivamente Belém e Ananindeua, os prefeitos Zenaldo Coutinho e Manoel Pioneiro têm ficado com um pé atrás – senão com os dois – em relação aos projetos de Jatene.
Dois motivos inspiram ambos a demonstrar essa resistência.
Primeiro, porque os horizontes políticos de Zenaldo e Pioneiro vão além dos cargos que já ocupam. Ambos miram, é claro, o governo do Estado. Ambos, obviamente, aspiram a ser governador em 2018. E ambos sabem que estarão melhor protegidos a seguir em frente em seus projetos se Jatene continuar à frente do governo do Estado nos próximos quatros anos.
Segundo, porque Zenaldo e Pioneiro sabem que, se Helenilson for candidato ao governo e eventualmente ganhar as eleições, hipótese absolutamente viável, o apoio do atual governador em exercício a um dos tucanos não seria tão garantido para 2018 não seria tão garantido.
De qualquer forma, a presença de vozes resistentes no PSDB em relação a seus projetos de desistir de uma nova disputa eleitoral já era prevista por Jatene, que detém experiência de sobra na política.
E tanto é assim que o governador já disse claramente a Helenilson coisas assim: “Cuida dos teus. E deixa que, dos tucanos, cuido eu”. Se não foi exatamente com essas palavras, foi com esse sentido. Exatamente.
É o que Helenilson está fazendo.
O governador em exercício está começando a cuidar dos deles.
Dos tucanos, Jatene passará a cuidar a partir do dia 1º de abril.
E não é mentira, não.
Podem apostar que não é.

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