terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Bom prefeito novo, Belém!


FRANCISCO SIDOU 

A posse de um novo prefeito é, sempre, momento especial de renovo das esperanças de um futuro melhor para a cidade e seus habitantes.
Nas eleições municipais de 2012, sob a égide da lei da Ficha Limpa, ficou bastante claro que o eleitor não votou em partidos ou tendências ideológicas. Preferiu eleger candidatos que conseguiram "passar" a impressão de ser " novidade" em um cenário político-partidário contaminado pela mesmice de velhas práticas fisiológicas de um modelo político decadente e agônico. Um brado retumbante do eleitor de que "mudar é preciso".
Apesar da propaganda vistosa e regiamente paga, o alcaide D. Costa sofreu contundente derrota sem conseguir eleger seu candidato , o homem que "sabia como fazer"... Também não deixa saudades. Ele deixa, sim, várias obras inacabadas e muitas indagações sobre processos judiciais a que responde e algumas licitações bastante duvidosas. O exemplo do BRT é emblemático. Indispensável para desafogar o pesado tráfego e congestionado trânsito de Belém, tal obra é a mais completa tradução dos efeitos danosos da cultura do atraso na gestão pública da cidade.
Iniciada de forma açodada, sem planejamento e sem estudos de impacto ambiental, essa obra acabou conturbando ainda mais a vida dos belenenses, ampliando o caos e a rejeição ao prefeito D. Costa.
Projetos para o ordenamento do tráfego e do trânsito de Belém existem desde a década de 80, a exemplo do Plano Diretor de Tráfego Urbano, elaborado pelos técnicos japoneses da Agência de Cooperação Técnica do Japão . Com atraso de mais de 20 anos, o projeto da Jica foi retomado pelo governo do Estado , rebatizado de Via Metrópole, depois Ação Metrópole.
Trata-se de um projeto integrado para a Região Metropolitana de Belém, daí a necessidade de parcerias com todos os seus municípios e prefeitos. O alcaide D. Costa, na ânsia de "mostrar serviço" em final de carreira, aliás, do mandato, acabou atropelando todas as tratativas do governador Jatene em busca de uma ação planejada e conjunta para implementação do Projeto Integrado do Ação Metrópole. Deu no que deu.

O trânsito caótico/neurótico de Belém é apenas uma das muitas carências quase crônicas da cidade, que vem sendo "empurrada" para depois por sucessivos gestores municipais, por falta de gestão proativa e espírito público. Com média mensal de 30 mil novos veículos circulando pelas mesmas e obstruídas vias, a cidade já não mais suporta tantos carros e está "travando", confirmando, aliás, previsão técnica dos japoneses da Jica que, na década de 80, vaticinaram que "se as obras viárias então previstas não fossem realizadas, Belém poderia "parar" por volta de 2010"... Alguém duvida de que isso esteja acontecendo ? Espera-se que o novo prefeito dê prioridade ao transporte coletivo e público, enfrentando o "cartel" dos donos de ônibus e disciplinando a bagunça dos alternativos sem lei.
Passada a euforia da vitória, o prefeito eleito de Belém deve ter consciência plena da enorme responsabilidade que assumiu ao acenar com a solução para as demandas de obras e serviços básicos que a cidade tanto reclama, bem maiores que as prioridades de seus três SSS da campanha vitoriosa.
Na verdade, o "alfabeto das necessidades" de Belém vai de A a Z, com a saúde pública na UTI, alagamentos de vias e canais, lixo nas ruas e esgotos a céu aberto, bueiros entupidos, ratos que proliferam na base de oito por habitante, calçadas irregulares, transporte coletivo precário e sujo, ausência de ciclovias e motovias, moradores e trabalhadores de rua que precisam sobreviver com dignidade, sem falar na insana "saga" de construtoras que disputam palmo a palmo as últimas áreas verdes e quintais da cidade , para erguer tórridas torres de concreto e aço , que estão transformando Belém numa ilha de calor e na capital menos arborizada do Brasil, apesar de localizada na antessala da maior floresta tropical do planeta. A força da grana que constrói ilusórios sonhos consumistas em forma de arranha-céus também destrói a qualidade de vida e as "pontes" que ligam a cidade à natureza exuberante que a cerca.  
O novo prefeito de Belém vai presidir os festejos dos 400 anos de nossa amada cidade, que, apesar dos maus tratos, continua bela/morena/faceira/brejeira, com seus cheiros e sabores, encantos e cores. Ele assume com enorme capital de esperança de que possa realizar uma gestão transparente e inovadora, colocando Belém no lugar que merece : o de metrópole da Amazônia. A rigor, o belenense que ama sua cidade, mesmo sem ter votado no prefeito eleito, também vai torcer, smj, para que ele cumpra, com sucesso, sua plataforma de campanha. Afinal, por conta das briguinhas políticas paroquiais é que perdemos tanto tempo. Chega de atraso. A hora é de unir esforços e compartilhar ações na busca de resgatar a identidade cultural da cidade e a autoestima de sua gente.

-----------------------------------------------------------------

FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@yahoo.com.br

2 comentários:

Anônimo disse...

IPTU novo também.

Anônimo disse...

Nas eleições municipais de 2012, sob a égide da lei da Ficha Limpa, "ficou bastante claro que o eleitor não votou em partidos ou tendências ideológicas. Preferiu eleger candidatos que conseguiram 'passar' a impressão de ser ' novidade' em um cenário político-partidário contaminado pela mesmice de velhas práticas fisiológicas de um modelo político decadente e agônico. Um brado retumbante do eleitor de que "mudar é preciso".
Kkkkk. Vamos aos fatos: Presidente da CODEM, com bens bloqueados pela justiça e cunhada do governador; Secretária de Planejamento, sob processo no velho escãndalo da CERPASA, que envolve tam bém o governador; Secretário de Administração, irmão do prefeito; Presidente da FUMBEL, ex do governador; Secretária de Finanças, piada nacional. Nepotismos cruzados com membros do Judiciário, com tucanos plumados (Sérgio Leão et caterva), cortes dde tempos integrais, vales-alimentações, etc. Em suma, reprodução da mesmice de velhas práticas fisiológicas, marcadas pelo nepotismo e os jogos partidários. Conta outra, Francisco Sidou.