segunda-feira, 21 de março de 2011

Por que não um encontro técnico sobre o caso Real Class?

O desabamento do edifício Real Class (na foto), em 29 de janeiro passado, foi a segunda maior tragédia na construção civil do Pará.
A primeira, sabemos todos, foi o desabamento do “Raimundo Farias”, em agosto de 1987. Morreram 39 pessoas. E os responsáveis – porque houve responsáveis, é evidente – até agora não se sabe quem são. E como não se sabe, estão impunes.
Já saiu um laudo. Foi produzido por sete professores da UFPA. Não é um laudo oficial, mas o apuro técnico com que foi elaborado e as qualidades dos engenheiros que fizeram o levantamento conferem a esse trabalho a mais alta e indiscutível credibilidade.
Os sete professores concluíram, sem quaisquer meias palavras, sem quaisquer tergiversações, que o Real Class desabou por erros de cálculo.
Quando sair o laudo oficial, resultado do levantamento que vem sendo feito por técnicos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, e quando for concluído o inquérito da Polícia Civil, que vai individualizar penalmente os responsáveis pela tragédia que matou três pessoas, toda a sociedade voltará a discutir esse assunto com mais intensidade ainda.
Por que, então, não aproveitar esse oportunidade para promover um encontro técnico, aberto ao público, patrocinado por sindicatos e outros órgãos - como Crea e UFPA -, visando esclarecer a população de Belém sobre as causas do desabamento do Real Class?
Quem fez essa proposta não é o blog. É um dos leitores dele, o engenheiro Sebastião Klautau, o Tito.
A proposta, de pronto, está encampada pelo blog.
Por que Tito apresenta essa sugestão?
Ele relata algumas recordações que a justificam.
Quando ocorreu o desabamento do Edifício Raimundo Farias, em agosto de 1987, Tito residia em São Paulo.
Longe de Belém, ele não pôde acompanhar com maior atenção o desenrolar das investigações sobre as causas da tragédia que matou 39 operários.
Em 1989, ele voltou a residir em Belém por seis meses, durante a primeira campanha de Lula para a presidência.
Naquela ocasião, Tito procurou seu amigo, o engenheiro César Bentes Gomes da Silva, com quem mantinha um escritório de cálculo estrutural no ano de 1974.
Os dois, Tito e César, conversaram bastante sobre o desabamento do Edifício Raimundo Farias.
Foi quando o engenheiro soube que havia um laudo técnico, considerado perfeito pelos calculistas que tiveram acesso a ele, elaborado pela COPPE-UFRJ (Coordenadoria dos Programas de Pós Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro) sobre as causas do desabamento.
Quando do segundo aniversário do desabamento do Raimundo Farias, em agosto de 1989, não tinha sido divulgado por nenhum órgão da Imprensa qualquer notícia sobre estudos realizados visando saber as causas que fizeram tal fato ocorrer.
Tito propôs, então, ao Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e ao Sindicato dos Engenheiros um debate aberto ao público, com a participação de representantes de todas as empresas privadas e órgãos governamentais que tivessem alguma ligação com o desabamento.
Os dois sindicatos concordaram em patrocinar o encontro e encarregaram o próprio Tito Klautau de organizá-lo.
O debate no auditório do Centur, em agosto de 1989.
A divulgação, das mais amplas, foi feita mediante dez outdoors espalhados por Belém e anúncios de página inteira (como matéria paga) em O LIBERAL, Diário do Pará e em A A Província do Pará, que então ainda era um dos mais jornais do Estado e da região.
Mas a cobertura da Imprensa, infelizmente, foi nenhuma e a repercussão do evento, portanto, absolutamente nula.
“Pelo menos, hoje, em 2011, temos a alternativa da informação via internet, para tentar fazer com que não se repita o que houve em 1987 e 1989, com relação à divulgação das causas dos desabamentos de prédios em Belém”, constata Tito Klautau.
Pois é considerando o envolvimento maior da sociedade nas discussões da tragédia com o Real Class que o encontro técnico está sendo proposto.
Tomara que as entidades mencionadas o encampem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente proposta.
Parabéns ao blog.
Mais uma vez, está posta em dúvida a COMPETÊNCIA e a SERIEDADE dos que lidam com a Engenharia Civil no Pará.
Em minha opinião, as seguintes entidades têm que dizer se aprovam ou não a proposta feita pelo blog, no mínimo:
-Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará-SINDUSCON-PA;
-Sindicato dos Engenheiros do Estado do Pará-SENGE-PA;
-Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Estado do Pará;
-Conselho Regional de engenharia e Arquitetura do Pará-CREA-PA;
-Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Pará-UFPA;
-Associação de Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário do Estado do Pará-ADEMI-PA.
Caso os dirigentes destas entidades não se manifestem pela aprovação da proposta, estarão dando uma prova cabal que não estão preocupados com a COMPETÊNCIA e a SERIEDADE da Engenharia Civil no Estado do Pará e não merecem ocupar os cargos de direção que estão exercendo.
Cordiais saudações.