terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A selvageria é cultural? Podemos todos ser selvagens?

Olhem só!
A selvageria é cultural?
A selvageria é mais selvageria quando se passa num determinado contexto cultural, enquanto noutro contexto é menos selvageria?
A selvageria tem cor?
Por exemplo: a selvageria do dito homem branco é mais selvageria que a do indígena, aculturado ou não?
É mais ou menos selvageria que a do negro, do amarelo, do roxo ou do azul?
Como é que é essa parada?
Se um homem branco, por exemplo, pega uma filha, criança ainda, e a maltrata barbaramente, ele está sendo mais selvagem do que um indígena que faz a mesma coisa, só que em decorrência de rejeições culturais, eis que a criança nasceu com anomalias que a tribo não admite?
E isso que está acontecendo com indiazinha de cinco anos, que nasceu na tribo Araweté.
Ela está internada com anemia e malária, no hospital municipal de Altamira.
A garota apresenta queimaduras em todo o corpo e ferimentos na boca, decorrências de maus-tratos que sofria.
O Ministério Público, ao que se informa, vai entrar no jogo.
Deve pedir a instauração de inquérito para apurar tudo.
Tomara que não demore a fazer isso.
Os pais indígenas da garota correm o risco, inclusive, de perder a guarda da filha.
Eles provavelmente nem sabem o que é isso.
E nem precisam saber, porque não querem mesmo guardar a criança, por eles mesmos rejeitada. Mas eis que precisamos ficar à espera de laudos antropológicos.
Teremos laudos por aí.
Tomara que os dotôres antropólogos mesclem aos conceitos antropológicos alguns conceitos, alguns valores universais.
Como o respeito à vida, por exemplo.
Porque se os dotôres antropólogos vierem com essa de que é preciso dar relevância a relativismos que justificariam uma certa, digamos, tolerância com a selvageria contra essa criança indígena por seus pais - também indígenas -, então os dotôres, por gentileza, precisam responder a uma pergunta singela.
A pergunta é: eles concordariam que uma mulher como Sakneh Ashtiani fosse morta por apedrejamento no Irã, sob a acusação de que deveria morrer dessa forma porque cometeu adultério?
Isso é cultural lá no Irã.
Os dotôres - e as dotôras - concordariam com isso?
Outra pergunta - objetiva: as dotôras antropólogas - e sobretudo elas - concordam com a excisão do clitóris que ainda perdura em alguns países muçulmanos na África?
Isso é também cultural por lá. Altamente cultural.
Eles, os dotôres antropólogos, acham isso um hábito cultural passível de ser tolerado e até acolhido por inimputabilidades eventuais?
Elas, as dotôras, acham a mesma coisa?
Afinal de contas, a selvageria tem gradações diversas, de acordo com a cultura araweté, com a cultura iraniana e com a cultura que faz da excisão do clitóris uma prática das mais correntes?
Os dotôres antropólogos, antes mesmo de começarem, como diríamos, a se debruçar sobre seus laudos, poderiam nos esclarecer questões como essas?
Afinal, podemos todos nós cometermos algumas selvageriazinhas e depois alegarmos que agimos sob alguns impulsos culturais ou de outra ordem qualquer?
Podemos?

3 comentários:

Anônimo disse...

O que significa "selvageria"? Quem determina os "valores universais"? É a Bíblia Sagrada da "civilização" cristã? E são os "civilizados" cristãos que têm o direito de exigir a prática dos "valores universais"? O selvagem é, por definição dos "valores universais", um monstro e os urbanos "civilizados" podem por isso julgá-lo? O dotôr jornalista pode por isso brandir o tacaoe contra o monstro "selvagem"?

Anônimo disse...

Ah, ah, Paulo, quer dizerm que agora dar porrada na mulher é cultural, chama o antropólogo; não deixar a mulher ir trabalhar e não ajudar nos serviços domésticos, é cultural, chama o antropólogo; não aceitar e barbarizar homossexuais é cultural chama o antropólogo etc...
Para limitar a "ação cultural" de auqlquer nãoção, tribo, grupo socail, mudialmente localizados existe , sim,senhor, o direito internacional à vida em sociedade, portanto vamos sim, nos mobliizar emd efesa da vida e exigir dos antropólogos o mesmo, espero que vários deles leiam aqui e nos dê um segundinho antes de vir postar barbaridades.

Francisco Brasil disse...

Causa espanto a forma como determinadas pessoas tratam questões sérias de uma maneira jocosa, sem respeito com as possíveis posições que deverão ser toamdas em relaçao ao assunto dessa criança indígena.
É preciso gente, primeiro tentar compreender a realidade dos fatos,buscar elementos que subsidiem um tribunal de justiça, uma vara de família, na decisão final que a questão requer.