Na entrevista ao “Sem Censura Pará”, em que se permitiu até cutucar o inimigo com vara, aliás, com piada curta (hehehe), doutor Jatene lembrou duas coisas quando lhe perguntaram se acredita que “a sociedade” vai embarcar nessa história de pacto pela construção de um novo Pará – ou pela construção seja lá do que for.
Ele lembrou, primeiro, o caso de motoristas que fecham o cruzamento, porque entendem que só porque o sinal está aberto pra eles, isso os autorizaria a avançar, ainda que o trânsito esteja congestionado.
E lembrou o caso do cara – ou da cara – que vai no carro e joga o coco na rua, pela janela.
Jatene lembrou essas coisas para reforçar que é preciso a própria sociedade ingressar em novos hábitos e adotar valores que revertam em benefício de todos.
Está certo.
Mas olhem.
Sociedades – nenhuma delas, absolutamente nenhuma – não incorporam novos hábitos assim tão de graça.
Elas precisam ser orientadas por alguns códigos – legais, inclusive – que naturalmente impõe, obrigam, compelem os indivíduos a se enquadrar. Do contrário, deverão pagar por isso.
Assim, não tenham dúvidas: se todo motorista que fechasse o cruzamento fosse multado pesadamente, ele se corrigiria.
Se todo cara que jogasse coca pra fora do carro responde a um auto de infração, ele contaria duas vezes até adotar a mesma conduta outra vez.
E se o motora que desse o mole – o do lanche, digamos assim – ao agente de trânsito fosse levado preso, junto com o próprio agente, todos os que agem dessa forma evitariam de repetir a dose.
Leitora aqui do blog conta uma história emblemática.
Ela estava, uma vez, em Zurique, na Suíça.
A bela, aprazível Zurique.
Preparava-se para atravessar uma rua.
O sinal estava aberto para o trânsito.
Como não vinha carro, ela botou apenas um dos pés na pista para iniciar a travessia.
Quando fez isso, sentiu uma mão – pesadíssima – no cangote.
E quando deu por si mesma, já estava sendo puxada - quase erguida - de volta para a calçada.
Quem a puxou?
Um guarda de trânsito, desses de quase 2 metros de altura, que estava ali, na moita.
Quando a leitora observou melhor, percebeu que na calçada estavam várias pessoas - moradoras de Zurique, é claro – esperando para atravessar.
Por que não atravessavam, mesmo sem um carro passando na rua?
Para não pagaram uma multa daquelas.
E para não serem puxadas - ou carregadas - pelo cangote por um guarda de trânsito.
É disso, doutor Jatene, que também se precisa.
Sem a coerção legal, será difícil o coco ser jogado apenas no lixo e o motorista evitar de fechar o cruzamento.
Sim, o Pará não é a Suíça.
Mas podemos chegar lá.
Claro.
2 comentários:
O Pará não é e nunca será a Suíça enquanto se revezarem no governo administradores de slogans vazios, de xaropadas sem medidas efetivas. Sai o "Pará, terra de direitos", entra o "Pacto pelo Pará". E daí? Daqui a pouco, o governo do Estado lança sua marca, como fez Dilma. Putz! Pra quê? Vai ser mais uma inutilidade paga com verba pública. O pior é que, quando termina o governo e começa a propaganda eleitoral, tem que retirar tudo. Por força da Lei, tem que retirar adesivo de carro, placa de prédios públicos. Uma despesa enorme, paga com o nosso dinheiro. Faria bem o governador Jatene se acabasse com esse exibicionismo barato, quer dizer, caro. Já temos a bandeira, o brasão do Estado. Isso basta. Aliás, basta de firulas. Mais ação e menos enrolação.
"Não consigo imaginar uma área de comunicação que não diga a verdade. Porém, o governo não é homogêneo, e por isso vou precisar do apoio de vocês". As palavras são do governador Jatene, em reunião com assessores de comunicação, na semana passada. Está no site oficial do governo. Não sei exatamente o que ele quis dizer com isso: "Porém, o governo não é ingênuo". Ingênuo de dizer a verdade?
Postar um comentário