segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Egípcios nela! Ponham os egípcios para enfrentar a TAM.

Vocês sabem a Celpa?
Sim, a Celpa, aquela que desperta os nossos mais primitivos instintos.
Pois é.
A Celpa tem uma concorrente de peso: a TAM.
A TAM, vocês sabem, é aquela que destrói, que esturrica, que bota fogo - literalmente - nas bagagens de passageiros e não apresenta explicações plausíveis sobre isso.
Mas isso é até o de menos.
A TAM tem outras forma de atiçar, como a Celpa, os nosssos mais primitivos instintos.
Na última sexta-feira, por exemplo, a TAM demonstrou à farta, à saciedade, como é que uma companhia aérea pode fazer para instilar o ódio no coração de seus clientes.
Que o digam os passageiros do voo 3538, que sairia de São Paulo para Belém na noite de sexta-feira passada.
Esse voo é sempre direto. Tem a duração de três horas.
Pois os passageiros, quando chegaram a Guarulhos, já não encontraram mais no painel de informações do aeroporto qualquer menção ao voo 3538.
Aparecia um outro: o de número 9360. Como o destino era Belém, todos se aquietaram.
Aquietaram-se até entrar no avião, quando foram informados sem maiores solenidades, quase monossilabicamente, que o voo 9360, ex-3538 sem escalas, daria uma paradinha em Manaus, por "necessidade técnica".
Mas que "necessidade técnica"?
Ninguém informou qual era.
A escala em Manaus demandaria, como de fato demandou, mais três horas de viagem, a que deveriam se submeter todos os que compraram passagem para um percurso direto.
Pois é.
Começou o barraco no interior da aeronave, antes da decolagem.
Reclama pra cá, vocifera pra lá, esperneia prali, até que aparece o comandante.
Com pinta, jeito, trejeito, imponência, empáfia e cavalice de comandante, põe-se diante dos distintos clientes e diz assim, tão somente assim, mais ou menos assim:
- Esteve voo fará uma escala técnica em Manaus por necessidade técnica.
Só isso?
É.
Só isso.
Virou as contas e vupt, de volta à cabine.
Os esperneios continuaram.
Uma senhora, em altos brados, disse que ia pular fora, disse que ia sair do avião, porque não era justo que a TAM estendessse, por mais três horas, uma viagem que originalmente demoraria apenas três.
- A senhora não pode mais sair - foi a resposta de um comissário, com a maor das delicadezas.
Nisso, as turbinas foram ligadas e o avião começou o procedimento para decolar.
E decolou mesmo.
Chegou a Belém quase às 4 da madrugada, em vez de 1h, como normalmente acontece.
Olhem só.
Esses egípcios, fora de brincadeira, nos metem inveja.
Esses egípcios, que estão para derrubar um ditador no berro, no gogó, num levante civil dos mais elogiosos, deveriam ser imitados.
Vivam os egípcios!
Que tal se, no interior daquele avião, todos os passageiros - todinhos, sem exceção, da primeira à ultima fileira -, se levantassem e dissessem mais ou menos assim:
- Abram as portas. Todos vamos sair. O avião que decole sozinho para Manaus.
Que tal?
Ei!
Vocês acham que, se isso acontecesse, o avião decolaria?
Mas estamos no Brasil brasileiro, do Brasil trigueiro, da mulata inzoneira, um Brasil, como se diz, de gente ordeira, pacata, pacífica, bonachona, tranquilíssima da silva.
Bacana, né?
Muito bacana.
Mas é por isso que, neste Brasil, os consumidores são esfolados e tudo fica por isso mesmo.
Estamos neste Brasil em que agências reguladoras, como Anac e Aneel, virararam um pó, viraram um nada, não têm autoridade alguma para enquadrar empresas que desrespeitam seus clientes.
É por isso que empresas como a Celpa são o que são.
É por isso que uma empresa como essa TAM trata clientes a pontapés e tudo fica por isso mesmo.
Egípcios nela!
Egípcios na TAM!
É o que a TAM precisa para deixar de fazer, impunemente, patifarias com os consumidores que não lhe pedem favor, mas lhe exigem eficiência e seriedade na prestação de seus serviços.

4 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito! Só a título de ajuda: é mulata inzoneira e não "izoneira".

Anônimo disse...

Enquanto os egípcios vão às ruas para lutar pelo seu direito, aqui no Brasil viramos múmias embalsamadas por empresas ditadoras como a OI Velox, Celpa, TAM, TIM e pr aí vai. As agencias reguladoras são cabides de emprego complacentes com tudo isso.
O maior exemplo é o reino de Duciolandia que virou Belém, maltratada com seus cidadãos-múmias a dormir enquanto o reino é saqueado, inundado, engarrafado. Viva os egípcios!

Anônimo disse...

Olha, ao invés dos passageiros sairem do avião, o que o "liberaria" para outros voos altamente lucrativos, eu acho que o melhor seria ninguém "sair" do avião.
Já pensou o trabalhão que a polícia teria para tirar uns 120 passageiros ou mais de dentro do avião? Quantas horas ele ficaria em solo, parado? Aí sim essa porcaria de empresa pensaria duas vezes ao fazer essa presepada.

O mesmo raciocínio deveria ser aplicado às nossas queridas "teles", que nos saturam com suas propagandas com pessoas felizes, sorrindo, alegres, e que na real prestam um serviço de 6ª categoria.
Dia desses dei-me ao trabalho de ler as "Pautas de Audiência" em 4 Juizados Especiais Cíveis, contíguos, e pude verificar que 80% das audiências eram contra teles.
Quando o Judiciário parar de ser condescendente com essas empresas, passando de condenações inexpressivas de R$ 500,00 reais em média, para condenações de R$ 10 mil, R$ 15 mil, a coisa certamente mudará, pois aí pesará no bolso.
Esse "tabu" de que não pode condenar em valor alto para não caracterizar um "enriquecimento sem causa" tem que ser mudado.

Kenneth Fleming

Wilson - Tucuruí disse...

Os egípcios, para fazerem o que estão fazendo, levaram uns cinco mil anos! Como o Brasil é um pais muito novo, acho que podemos esperar mais uns quatro mil e quinhentos anos para um levante de cidadania.

A não ser, é claro, se o Corinthians ou o Remo perderem uma copa ou um estádio. Aí, o risco é muito grande!