O denodo, a operosidade, o empenho e o suor derramado no justo labor por Paulo Heineck, o homem das sombras, no exercício de seus misteres não o pouparam ora da irritação, ora do constrangimento, ora da frustração da governadora Ana Júlia.
"Por onde o Paulo? Cadê o Paulo?", chegou a reclamar várias vezes Ana Júlia, inclusive recentemente, durante a campanha eleitoral, quando ela - e tantos outros - precisavam ouvi-lo sobre tudo, mas nunca o encontravam em Belém.
Quedê o Paulo? - era o que mais se perguntava.
Quando não estava em Belém, estava em Portal.
Quando não estava em Belém, estava em Porto Alegre, não raro torcendo pelo Internacional, clube pelo qual é fanático.
Tão fanático que certa vez, numa reunião de petistas, deu de cara com Bira, o Bira Burro - lembram-se? -, que se projetou no Remo, levantou asas para outras plagas, como diriam alguns nossos coleguinhas, e foi parar nos Pampas, foi parar no Colorado.
Heineck ficou tão embevecido que esqueceu todo o resto para ficar conversando com Bira, a relembrar os tempos em que ele jogou pelo Inter.
O gaúcho também tinha - ou tem - uma predileção especial pelo Avenida, aquele restaurante dos mais tradicionais de Belém, que fica ali na avenida Nazaré com a Generalíssimo.
Mas não tem muita predileção por celular.
Não gosta muito de atender o telefone.
Sobretudo quando está entretido com o Inter.
Na última campanha, Ana Júlia precisava falar urgentemente com ele e não conseguiu.
Numa reunião logo depois, passou-lhe um pito, sentou a pua, baixou o sarrafo em Heineck na frente de vários outros circunstantes.
Mas isso é o de menos.
O de mais é que Paulo Heineck, o gaúcho, sempre foi mesmo o cara.
Sempre foi o homem das sombras.
De imensos poderes.
De poderes imensos que se esvaem pelo ralo neste final de governo.
E só mesmo um fim de governo foi capaz de extinguir os poderes de Paulo Heineck.
O cara.
O homem.
O homem das sombras.
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