segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Jarbas faz seu lance

Sob o título acima, no Blog do Noblat:

“Você sabe o que vai acontecer, Jarbas?” - perguntou no último sábado por telefone o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) ao seu colega Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), personagem da mais devastadora entrevista concedida por um político nos últimos 10 anos.
“Não sei”, respondeu Jarbas. “Eu lhe digo: não vai acontecer nada”, concluiu Demóstenes.
O mínimo que Jarbas disse foi que o PMDB é corrupto. Caciques do partido trocaram telefonemas no último fim de semana avaliando a conveniência de rebater a entrevista publicada pela VEJA.
Descartaram de pronto a idéia de abrir um processo para expulsar Jarbas do PMDB. Ele sairia como herói aos olhos do distinto público, que tem os políticos na mais baixa conta.
Mas a quem caberia responder a Jarbas? A Michel Temer, presidente do partido e da Câmara dos Deputados?
Jarbas não o mencionou. Concentrou suas críticas no PMDB do Senado. José Sarney (AP), um dos seus alvos, está arrasado. Talvez escale a filha Roseana para responder a Jarbas.
A resposta oficial do PMDB deve se limitar a uma sugestão para que Jarbas pegue seu mandato e vá embora.
Fundador do antigo MDB, duas vezes prefeito do Recife e duas governador de Pernambuco, Jarbas disse à VEJA o que um político jamais teve coragem de dizer sobre seu próprio partido.
“Hoje, o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais (...) sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos”, espicaçou.
E por que o PMDB quer cargos? – perguntou-lhe o repórter Otávio Cabral.
“Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção”.
A eleição de Sarney para presidente do Senado foi definida por Jarbas como “um completo retrocesso”, fruto de uma ação constrangedora. O que esperar depois disso?
“Sarney vai transformar o Senado em um grande Maranhão”, aposta Jarbas. Que bateu também no Senado e em outras figuras carimbadas do PMDB como o senador Renan Calheiros (AL), futuro líder do partido.
Sobre o Senado: “Às vezes eu me pergunto o que vim fazer aqui. O nível dos debates é inversamente proporcional à preocupação com benesses. É frustrante”.
Sobre Renan: “Ele não tem nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais para liderar qualquer partido. É o maior beneficiário desse quadro político de mediocridade em que os escândalos não incomodam mais e acabam se incorporando à paisagem”.
É claro que sobrou também para o governo e Lula. “Um governo que deixou a ética de lado, que não fez as reformas nem fez nada pela infraestrutura, agora tem como bandeira o PAC, que é um amontoado de projetos velhos reunidos em um pacote eleitoreiro”, atirou.
Quanto a Lula, “ele fez a opção clara pelo assistencialismo. O Bolsa-Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo.”
A entrevista de Jarbas deve ser analisada à luz da situação que ele vive no Senado, e da eleição presidencial de 2010.
Jarbas está isolado dentro da bancada de 20 senadores do PMDB. Ninguém o escuta. Nem mesmo Pedro Simon (RS), que outrora foi capaz de reagir indignado diante de imoralidades.
Simon jogou a toalha. Acomodou-se. É apenas uma fotografia na parede.
Enquanto de cima do muro a maioria dos senadores do PMDB observa a evolução dos aspirantes à vaga de Lula, Jarbas apóia desde já um deles - José Serra (PSDB).
O que ele disse à VEJA repete há mais de um ano dentro e fora do Congresso.
Foi um desabafo. Mas houve cálculo político por trás dele. Serra gostaria de ter Jarbas como seu vice. Se Jarbas puder sair do PMDB sem perder o mandato... Olha aí: formou.

Um comentário:

Anônimo disse...

Imagine se os do PMDB do Pará tem coragem de contestar....