No AMAZÔNIA:
Quase tudo do que é despejado diariamente no aterro sanitário do Aurá poderia ser reaproveitado. Em outras palavras: cada descarregamento significa dinheiro jogado fora e empregos que deixam de ser gerados. Mesmo que o meio ambiente - maior prejudicado pelos resíduos sólidos produzidos - seja ignorado, os benefícios econômicos da reciclagem já fazem valer a pena o trabalho de se implementar uma coleta seletiva.
O conceito de lixo como algo inútil, que não presta, segundo diz o dicionário Aurélio, não condiz com a realidade há tempos. Para catadores e reclicladores, o que chamamos de lixo é matéria-prima. Há 16 empresas de reciclagem registradas na Secretaria de Estado de Meio Ambiente. Na Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), há cinco cooperativas de catadores cadastradas, além de outras sete clandestinas. Todas obtêm lucros; não expandem suas atividades por falta de matéria-prima, isto é, do nosso indesejado lixo.
Para a professora Carmen Gilda Barroso Tavares Dias, doutora em engenharia de materiais, todo e qualquer material que cai no lixão do Aurá poderia ser reaproveitado de alguma forma, com raras exceções. Para provar sua teoria, Carmen resolveu criar um projeto de um barco feito totalmente de material reciclado. Garrafas pet, tampinhas e latas de refrigerante, embalagens de bombons, madeira e papel são alguns dos compostos que integrarão a embarcação, em vez de agredirem o meio ambiente. 'Um material que não é biodegradável, foi feito para ser usado diversas vezes', justifica a doutora, que também desenvolve com seus alunos a produção de porta-lápis, papel reciclável e eco-pisos com materiais recicláveis.
O projeto do barco ecologicamente correto está em fase de finalização pelo Laboratório de Eco-compósitos do curso de engenharia mecânica da Universidade Federal do Pará (UFPA). O curso de engenharia naval da universidade desenvolveu o projeto da embarcação, enquanto que bolsistas da engenharia mecânica tratam a matéria-prima que chega. Em geral, tudo é triturado e depois prensado em máquinas criadas no próprio laboratório. Um outro equipamento fica encarregado de testar a capacidade física do material gerado, para saber se ele realmente é resistente e flexível como o exigido para compor o eco-barco.
A embarcação terá 3,5 metros de largura por 12,80 metros de comprimento. Ela será utilizada para percorrer os rios da Amazônia, levando conhecimento sobre reciclagem para os ribeirinhos da região e coletando materiais em suspensão. As hélices, por exemplo, foram feitas de latinhas de refrigerante fundidas a 700 °C. Para o ensino dentro da embarcação, serão feitos quadros magnéticos com latas de leite em pó.
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