terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Descaso total com a saúde

No AMAZÔNIA:

Você gostaria que eu chegasse em seu ambiente de trabalho, mexesse em suas coisas e só depois falasse com você?', perguntou a chefe de enfermegem identificada apenas como Fabíola à equipe de reportagem do jornal Amazônia ontem a tarde. As 'coisas' as quais a enfermeira se referia eram as pessoas que aguardavam por atendimento na Unidade Municipal de Saúde Celso Leão, no conjunto Maguari, em Ananindeua. A enfermeira não entendia o porquê da equipe não ter pedido sua autorização para falar com a comunidade, sob sua ótica não bastasse a humilhação de esperar por horas antes de ver o médico, o cidadão ainda precisa se sujeitar aos mandos da chefia de enfermagem.
A enfermeira alegava 'respeito à hierarquia' para justificar seu comportamento, segundo ela a direção da unidade de saúde não pretendia impedir ou censurar o trabalho dos jornalistas e sim 'obedecer a uma escala hierárquica de poder'. Difícil acreditar, entretanto, que o trabalho da imprensa não sofreria nenhuma censura já que alguns minutos antes na unidade de atendimento de urgência e emergência da Cidade Nova VI o porteiro trancou as portas assim que percebeu o carro do jornal se aproximando. 'Vocês não podem entrar, são ordens da Dra. Cláudia Belo, a diretora', disse o porteiro através de uma pequena fresta na porta. A diretora não quis receber a equipe, mas uma enfermeira que se identificou como Priscila Portal falou com a reportagem.
'O atendimento no posto está normal, temos neste momento três enfermeiras, três clínicos e dois pediatras fazendo o atendimento à população. A demanda é grande, mas felizmente estamos conseguindo atender a todos', disse a porta voz da direção. Priscila, que não saiu do prédio e deu seu recado através da janela, confirmou que haviam pessoas aguardando por atendimento, mas segundo seus cálculos o número de paciente não ultrapassava 40. Novamente uma afirmação difícil de acreditar já que do lado de fora do posto de urgência e emergência a dona de casa Maria Trindade, 45 anos, segurava em suas mãos a senha número 899 recebida às 15h30 quando chegou no posto. Uma hora e dez minutos mais tarde, a recepcionista ainda chamava pelo número 819.
'Ainda tem 80 pessoas na minha frente, eu imaginava que fosse demorar para ser atendida, afinal é um posto de saúde municipal, mas pelo visto a espera vai entrar pela noite. Eu não estava preparada para esperar tanto, acho que se demorar muito acabarei indo embora sem ver o médico', lamentou Maria Trindade que procurou atendimento por sentir fortes dores na bexiga no momento de urinar. O depoimento da promotora de vendas Priscila Nascimento, também contesta o que afirmou a enfermeira Priscila Portal, enquanto a enfermeira garante que havia dois pediatras atendendo ontem a tarde, a promotora deixava o posto de saúde desolada por não ter pediatra para atender seu filho de 4 meses que trazia em seus braços. ' O pediatra não veio trabalhar, só tem dois clínicos para atender todo mundo e um deles saiu para almoçar e ainda não retornou', afirmou.

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