Há duas perguntas que não querem calar: afinal, em quem o prefeito recandidato Duciomar Costa vai bater nesta campanha? E com que intensidade deverá fazê-lo?
Apenas como suposição, consideremos que Duciomar estará garantido no segundo.
Formulem-se, então, alguns cenários.
Se enfrentar Valéria Pires Franco, o prefeito vai buscar apoio primeiro no PMDB de Priante e do presidente regional do partido, o deputado federal Jader Barbalho. Em seguida, tentará sem muita convicção o apoio do PT. Mas sabe que será difícil ter a adesão dos petistas, que pelo menos formalmente já descartaram qualquer possibilidade de apoio o PTB na eleição em Belém. Convém, portanto, deixar as portas abertas – abertíssimas – sobretudo para Priante, muito embora o candidato peemedebista, em passado nem tanto remoto assim, já tenha alimentado ganas de estapear Duciomar por causa de acordo não cumprido.
Se Duciomar enfrentar Priante, precisará buscar primeiro o apoio de Valéria – e por extensão do DEM e dos tucanos. Como em política o que mais acontece é justamente o impossível, é quase certo que o prefeito recandidato viesse a obter esse apoio, ainda que, intramuros, vários e representativos segmentos do PSDB não escondam de ninguém que alimentam fortes restrições à conduta moral de Duciomar, sobretudo depois do escândalo que foi o desvio de finalidade configurado na compra de carros para a Saúde, mas que foram parar na Guarda Municipal (leia aqui e aqui). E como o apoio do DEM-PSDB seria imprescindível numa eventual disputa Duciomar-Priante num segundo turno, convém ao prefeito não se exceder muito em críticas que poderiam no futuro próximo comprometer suas pretensões de alianças.
Se Duciomar, numa terceira hipótese, enfrentar Mário Cardoso ou mesmo Arnaldo Jordy, igualmente vai beber na fonte de apoios que poderia jorrar da coligação “Pra Belém Ficar Pai D’Égua” de Valéria e da “Melhor pra Belém” de Priante, já que não há a menor possibilidade de o PSOL apóia-lo. E o delegado aposentado de polícia João Moraes, candidato do PSL a prefeito de Belém, não passa de um traço nas pesquisas de intenções de votos. Aliás, se todos se lembram, Duciomar, no período que antecedeu a homologação de candidaturas, no final de junho, andou interessadíssimo em fazer uma aliança com o PT, sob as bênçãos da governadora Ana Júlia Carepa. Por isso, não terá o prefeito nenhum estímulo para criticar com maior ou menor veemência o PT. O PT do blindado Lula, do teflon Lula – vale dizer.
E a conclusão?
A conclusão é que Duciomar não quer bater em ninguém, mas todos querem bater em Duciomar.
Ontem, já começou. Valéria, que, confirme aqui já se frisou, capricha num discurso que a coloque em franca oposição ao prefeito do qual seu partido [então PFL] já foi aliado durante o reinado tucano no Pará, carregou no verbo ao condenar a administração do prefeito.
Marinor Brito, no material de campanha que sua assessoria tem distribuído, igulamente não economiza adjetivos para se referir a Duciomar. Ainda ontem, em caminhada na Marambaia, a candidato do PSOL soltou a língua: “O povo de Belém não merece o desgoverno Duciomar Costa. Diz a propaganda enganosa do prefeito-candidato que passou quatro anos pagando dívidas passada, quando toda Belém sabe que nada foi feito, porque o prefeito resolveu governar para a minoria que não precisa dos serviços básicos do município”. E completou: “Nossa cidade e nosso povo estão abandonados a própria sorte. A saúde está agonizando, faltam remédios básicos e médicos nas unidades de saúde. O transporte público está um caos. Não tem um só dia que nosso povo não seja humilhado por esse governo”, disse Marinor.
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