Os jornais O LIBERAL e Diário do Pará começaram a publicar ontem entrevistas com os candidatos à Prefeitura de Belém.
Curiosamente, a candidata da coligação “Pra Belém Ficar Pai D’Égua”, Valéria Pires Franco, que todas as pesquisas apontam como empatada tecnicamente com Duciomar Costa (“União por Belém”), bateu bem mais no prefeito do que o petista Mário Cardoso (PT), o entrevistado pelo Diário.
O curioso está em que a candidata democrata revelou, na entrevista concedida a O LIBERAL, que uma de suas estratégicas será desqualificar a administração do gestor, até mesmo para desgarrar-se do que deverá ser uma constante na campanha: a acusação dos adversários de que ela e Duciomar, ex-aliados da “União pelo Pará” – a ampla aliança que deu sustentação a três sucessivos governos tucanos -, em verdade seriam a corporificação de princípios programáticos e métodos políticos aproximados, senão semelhantes.
Isso ficou evidente quando foi feita à candidata a seguinte indagação: “Seus adversários nesta campanha vão querer ligar o seu nome ao do prefeito Duciomar Costa, que foi integrante da “União pelo Pará” nos últimos doze anos. Como a senhora rebaterá esta crítica?
E Valéria, com clareza equivalente à de um Sol de meio-dia, nesta Belém calorenta de julho: “Nós ajudamos a eleger o prefeito Duciomar Costa porque apostávamos que ele tinha um projeto transformador para Belém. Porém, Duciomar traiu não só a população, ele traiu a todos nós. Ele enganou a todos nós. Ele prometeu uma coisa na campanha e fez outra no governo. Ele deu as costas para população nestes quatro anos. Ele abandonou a cidade e os que mais precisam, que são as pessoas humildes. Eu não tenho nenhum comprometimento com ele. Eu não concordo com os rumos que ele deu para a administração. E eu sou uma candidata de oposição ao prefeito Duciomar Costa, sim.”
A ex-vice-governadora demonstrou-se tão explicitamente decidida a evidenciar que Duciomar é Duciomar e ele é ela que se permitiu até elogiar Edmilson Rodrigues, o antecessor do prefeito que hoje está filiado ao PSOL e sempre foi adversário – quase descambando para a inimizade – histórico do PFL, que deu origem ao DEM de Valéria.
Valéria disse mais, ao falar do caos no setor de Saúde no município. “Não houve investimento nenhum [na Saúde]. O último grande ato realmente foi o PSM do Guamá, na gestão do Edmilson Rodrigues, justiça seja feita. Não houve ações, nem na média e nem na alta complexidade, nem na atenção básica. Belém tem 29 unidades de saúde, onde 27 deveriam ter urgência e emergência, mas o que as pessoas me dizem nas caminhadas, nas visitas, é que não funcionam”, espetou Valéria.
Ausência de Lula causa desconforto
Mário Cardoso, de seu lado, não disfarçou que enfrenta uma situação política desconfortável, sobretudo em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não virá a Belém para fazer campanha em seu favor, porque não houve aliança entre partidos que compõem a base de apoio parlamentar do governo federal no Congresso.
O candidato aposta, no entanto, que a propaganda eleitoral, que começa a partir de amanhã, será decisiva para que se possa ter um quadro mais aproximado do potencial de votos das diversas que forças que estão na disputa. E até mencionou uma data a partir da qual, segundo acredita o próprio Cardoso, será possível avaliar com maior precisão a possibilidade até mesmo de um segundo turno: 15 de setembro.
7 comentários:
Bom dia, caro Poster:
a campanha de Mário Cardoso carrega um desconforto ainda maior: a impossibilidade de levá-lo ao segundo turno e o apoio que o PT dará a Duciomar, se este chegar lá. E a chegada de Lula para apoiar o atual Prefeito.
No meu comentário não há nenhuma provocação. Há apenas a precaução/desalento de quem olha - em SP é nítida a omissão de Serra entre Alckmin e Kassab e o apoio velado a Marta Suplicy, que, é claro, nenhum dos "companheiros" está rejeitando - quem bate em quem e por quais motivos.
Abração.
Bia,
Há uma deliberação do PT Municipal (de Belém) de não apoiar o Duciomar sob hipótese alguma.
Mas política é política, eleição é eleição, como você sabe.
Tudo poderá acontecedr.
Abs.
Paulo, sou assíduo leitor dos blogs paraenses, (Quinta Emenda, Jeso Carneiro, Afonso Klautau, Barata etc.). O Barata vem fazenda incessante campanha contra a Valéria, sendo que a principal objeção dele a ela, é ela ser, segundo ele, "patricinha".
Vou repetir aqui a mesma pergunta que eu fiz em uma postagem lá, mas que não foi publicada: ser rico, no Brasil, é crime? As vezes eu fico com essa impressão.
Abs.
Victor Picanço.
É, caro Paulo. Por enquanto, no tema "se tudo pode acontecer", é melhor uma palhinha do Arnaldo Antunes:
" ...se tudo pode acontecer,
se pode acontecer quase tudo.."
.rsrsrs...
Um abraço.
PS:
se não for de Arnaldo Antunes, a gente pode ir de Jorge Aragão:
http://travessia.blogs.sapo.pt/198969.html
...rsrsrs..
Bia,
Gostei da sugestão. Até que gostei (rsssss).
Abs.
Caro Victor,
Estamos em campanha eleitoral. Campanhas são assim mesmo. Há críticas ou menos contundentes, acusações ou mais ou menos procedentes, como você sabe.
A candidata do DEM enfrenta, é certo, sua primeira experiência eleitoral, mas não é nenhuma iniciante na vida pública, eis que já ocupou por quatro anos o segundo cargo mais importante no Estado.
Supõe-se que a candidata, por isso, já tenha maturidade suficiente e que esteja preparada, inclusive, para apresentar propostas consistentes e contrapô-las a críticas que venha a receber.
E seguramente a candidata Valéria deve estar emocionalmente preparada para enfrentar o clima de uma campanha, que não é, admitamos, nenhum pouco parecido com o clima relaxante de um fim de semana em família.
Abs.
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