segunda-feira, 7 de julho de 2008

A arbitrariedade tempera a falta de transparência

A repórter Cléo Soares foi impedida de entrar na sede do Centro Integrado de Governo (CIG), na última sexta-feira. Seguranças a barraram.
Ela foi ao CIG porque soube que haveria uma reunião entre representantes da Sespa e de 11 municípios para discutir questões relativas à Santa Casa. A repórter tomou conhecimento da reunião em primeira mão porque o presidente do Conselho dos Municípios, que lhe daria uma entrevista para a edição de domingo do jornal em que trabalha, também participaria.
Cléo chegou ao CIG antes dos demais colegas. Foi logo informada de que a Imprensa não poderia entrar, a não ser cinegrafistas, e por pouco tempo. Seria até razoável impedir o acesso a uma reunião de portas fechadas. Mas ela não pôde entrar nem mesmo no prédio, ainda que propusesse esperar o final da reunião para ver se alguém gostaria de falar sobre o que se passara na reunião.
A proibição foi mantida, apesar dos apelos de ponderações de superiores da repórter à Secom do governo do Estado. A Secom ainda orientou que fosse procurada uma assessora no próprio CIG. Mas lá de dentro, onde a assessora se encontrava, a ordem era a mesma: a repórter não poderia nem entrar no prédio.
Uma jornalista ser impedida de ingressar em um prédio público, em horário normal de expediente, para buscar informações sobre reunião de interesse público – pelo menos é o que se presume – é uma arbitrariedade que repugna. E o pior é quando as informações que se pretende buscar são sobre a Santa Casa, um matadouro de bebês.
Além da falta de transparência, as mortes; além das mortes, a restrição ao trabalho de jornalistas; além da restrição ao trabalho de jornalistas, a menção a números que tentam negar fatos escabrosos como as mortes de bebês. Mortes em série – ressalte-se.
É assim.
É isso o que temos.

2 comentários:

Anônimo disse...

O mais repugnante, Paulo, é que isso é corrente e encarado como 'normal' dentro desse Governo.

Poster disse...

Anônimo,
Sabemos disso. Reajamos, todavia, contra essa "normalidade" esdrúxula.
Abs.