sexta-feira, 6 de abril de 2018

Lula preso. Viva a histeria, a paixão, as vísceras. E a pequenez!


Confesso: as paixões me apavoram.
Porque um apaixonado não pensa; ele sente.
Não raciocina; reage a impulsos.
Não racionaliza; ele berra, literalmente, as suas paixões.
Mais ou menos como esses jovens - ou nem tanto - que berram, esgoelam-se histericamente, alucinadamente, imbecilmente quando se deparam com seus ídolos - cantores, jogadores, atores, quaisquer que sejam.
O apaixonado pensa com as vísceras. E esses pensamentos produzem apenas rejeitos, entenderam? Esses ditos pensamentos expelem elementos contaminantes.
Apavoram-me os extremismos - confesso.
Os ismos me são apavorantes - também confesso.
Por isso, estou meio alarmado com muitas reações - viscerais, figadais, impulsivas, irracionais, doentias, histéricas e imbecis - favoráveis e contrárias à ordem de prisão contra Lula.
Poucos têm condições de debater esse assunto com um mínimo de ponderação.
Porque estão atados, atados, condenados ao lulismo ou antilulismo, ao petismo ou ao antipetismo.
São, portanto, eméritos em pensar com as vísceras.
É uma pena que num momento capital da história do País a disposição predominante, entre contrários que deveriam ser apenas adversários, mas são inimigos, seja o de estapearem-se e quase estriparem-se.
Acham, os contrários, que estripar-se mutuamente haverá de fazê-los pensar melhor, já que, pensando com as vísceras, poderiam pensam melhor se as eliminassem.
Faz até sentido.
Mas isso é péssimo, porque os degrada como cidadãos e seres essencialmente políticos, inclusive.
É duro dizer isso, mas o Brasil, em termos de tolerância democrática, está exatamente do tamanho da sua pequenez.
Da sua enorme pequenez.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ainda bem que você pode escrever isso!
Se fosse pelos que aqui você subliminarmente defende, estarias com um fechecler na boca.
Esse mundo que desenhas aqui, não existe em lugar nenhum.
Aliás, segundo sua tese, deveríamos ser vacas de presépio diante do escárnio ao povo brasileiro, e roubo ao erário. Fora os conchavos casuísticos políticos-judiciais.
Ainda bem, que não conseguiram nos censurar...