quinta-feira, 24 de abril de 2014

Bimotor passa por perícia

Uma equipe da Aeronáutica deve fazer hoje perícia no bimotor que estava desaparecido desde 18 de março e que foi localizado na noite de terça-feira (22). A expectativa é que após isso sejam retirados os corpos dos cinco ocupantes, já que não há indícios de sobreviventes. “Acreditamos que os corpos estejam dentro da aeronave”, afirmou ontem à tarde o delegado Lucivelton Ferreira, titular da delegacia de Jacareacanga, município no sudoeste do Estado.

“Dá para ver que não tem sobreviventes. Encontramos só a parte de trás da aeronave. O cidadão (garimpeiro) aqui encontrou a aeronave aqui dentro da mata. Foi encontrada a uns 30 km da rodovia, infelizmente sem nenhum sobrevivente”, afirmou um dos policiais militares envolvidos nas buscas.

Na noite de quarta-feira, o delegado Lucivelton afirmou não haver sinais de sobreviventes. “Pela forma como o avião está, aparentemente ninguém sobreviveu à queda”, lamentou, acrescentando que o bimotor caiu de bico e está parcialmente enterrado.

No final da tarde de ontem, o delegado Lucivelton disse que aguardava a chegada dos peritos da Força Aérea Brasileira (FAB) que estavam em Itaituba. Somente após essa perícia é que os corpos serão retirados e levados para Itaituba. Ele também disse que o avião não apresenta nenhum tipo de abertura e que quase toda a estrutura dele está inteira, “o que nos leva a acreditar não haver sobreviventes”.

Militares que participaram das buscas também disseram à esposa do piloto Luiz Feltrin, Marilia Esquerdo, que ninguém sobreviveu à queda da aeronave. Marilia acompanhava as buscas na cidade de Jacareacanga, e a informação foi confirmada por uma amiga da família do piloto, Nadja Larissa. “A família já foi avisada. Não há sobreviventes no local da queda”, contou Nadja. O piloto do bimotor tinha 53 anos e mais de 30 de experiência em voos na Amazônia.

Ainda conforme o delegado Lucivelton, o garimpeiro que encontrou a aeronave chama-se Fausto Pereira da Silva e já esteve na delegacia de Jacareacanga prestando informações. Ele afirmou que pode ser que o transponder (equipamento de localização da aeronave) estivesse desligado ou com defeito, o que prejudicou as buscas à aeronave. Essa possibilidade também será investigada.
Parentes viajam em busca de informações sobre os passageiros
Após a localização do avião, a sobrinha da técnica de enfermagem Luciney Aguiar se disse aliviada. “Estava enterrado, com asas quebradas, só a cauda para o lado de fora”, disse Andressa Aguiar. Segundo ela, foi informado que não há sobreviventes do acidente. “Por um lado, a gente ficou se sentindo confortado, porque já era muito tempo de espera. Pelo menos uma resposta a gente teve, né? Não era o que a gente queria, que era encontrá-los todos vivos, mas é uma resposta que acaba com a nossa agonia da procura, da esperança todo dia. É difícil”.

De acordo com Andressa, o avião foi encontrado por um garimpeiro, que procurou a delegacia de Jacareacanga para registrar um boletim de ocorrência sobre o ocorrido. “Quando esse garimpeiro chegou, ele falou onde estava a aeronave. Ele foi até a delegacia e perguntou se a recompensa estava de pé”, disse ela, se referindo a uma gratificação no valor de R$ 19 mil prometida aos voluntários que auxiliaram nas buscas por terra.

Familiares de Luciney Aguiar de Sousa e Raimunda Lúcia da Silva Costa, técnicas em enfermagem que estavam no bimotor, saíram de Santarém na manhã de ontem para a região onde o avião foi encontrado. Os parentes contaram que foram acionados pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) para seguir para o aeroporto, mas afirmam que ainda não há informação sobre os passageiros. “Vamos sem saber direito. Só ligaram agora e pediram para gente vir ao aeroporto logo, que um avião vai nos levar para Itaituba e, depois, Jacareacanga. Mas nenhuma informação oficial sobre os passageiros”, disse Maria Nelciney Aguiar.

Maria Nelciney, irmã da técnica em enfermagem Luciney Aguiar, que estava no avião, diz que viaja com a esperança de obter uma informação concreta. “Muitas pessoas ligam, mas só vamos confirmar quando pudermos ver mesmo”, destaca.

Além de Maria Nelciney, foram na viagem três pessoas da família da técnica em enfermagem Raimunda Costa: a irmã Sandra Costa e os sobrinhos Eliana de Alencar e Melkes de Sena. Eles também aguardam um posicionamento oficial. “A gente já nem sabe mais no que acredita. Graças a Deus (o avião) foi encontrado, agora vamos lá para saber dos nossos parentes”, disse Eliana de Alencar. 

A pedido da Polícia Civil, peritos do Instituto Médico Legal (IML) de Santarém irão para Jacareacanga. “Vai um perito de laboratório, que é para posteriores exames de DNA e coleta de material. Tudo vai ser realizado no nosso núcleo avançado de Itaituba”, informou a gerente regional do IML em Santarém, Stael Rejane.
Situação dos ocupantes da aeronave ainda é incerta
A Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou que a aeronave Beechcraft 58 Baron, matrícula PR-LMN, desaparecida desde 18 de março, foi encontrada na noite de terça-feira, a aproximadamente 20 km a noroeste de Jacareacanga. Equipes de busca estão no local para concluir a operação de resgate. Até as 12h13 de ontem, quando a nota foi postada no site da FAB, não havia sido possível confirmar a situação dos ocupantes do bimotor.

Após receber algumas informações, militares foram fazer as buscas por terra, numa área de mata densa e encharcada, informou ontem o brigadeiro do ar Pedro Luís Farcic, chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica. Após chegar ao ponto indicado, a equipe confirmou que se tratava da aeronave PR-LMN.

A área já havia sido sobrevoada por diversas vezes, mas as condições da região não permitiam o avistamento aéreo. A FAB contabilizou mais de 230 horas de voo e a área coberta ultrapassou 28 mil km², equivalente a cinco vezes o território do Distrito Federal, acrescentou Farcic.

Durante 35 dias, foram engajados 50 militares da FAB na missão, sob a coordenação do Salvaero Amazônico. Também foram utilizados nesses trabalhos um helicóptero H-60 Black Hawk, aeronaves P-95 Bandeirante Patrulha e SC-105 Amazonas, além da aeronave de patrulha P-3 AM.

O mau tempo na região - especialmente a formação de nevoeiros -, a cheia no rio Tapajós e a vegetação dificultaram os trabalhos. O Primeiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa I), do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), já deu início às investigações das circunstâncias do acidente, disse o brigadeiro do ar Pedro Luís Farcic.

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