quinta-feira, 27 de junho de 2013

Uma lágrima por Afonso Klautau

Meus caros.
Ontem à tarde, tão logo o poster tomou conhecimento da morte de Afonso Klautau, o primeiro impulso foi não atualizar o blog hoje.
A pausa seria uma forma de homenagear Afonso.
Mas seria uma homenagem das mais bobas.
E inúteis.
Ele não ia gostar.
E com razão.
Afonso Klautau irradiava muita vida.
Era um craque.
Foi meu professor.
Meu mestre.
Meu amigo, acima de tudo.
Com ele, fiz o primeiro jornal impresso na minha vida. Chama-se, se não me engano, O Experimento.
Junto comigo, outros colegas do curso de Jornalismo da UFPA, entre eles Miguel Oliveira, compatriota santareno e hoje redator-chefe do jornal O Estado do Tapajós.
A redação, numa oportunidade, era a ampla sala do apartamento onde Afonso morava, ali na Serzedelo, próximo à Gentil, em Nazaré.
Experimentamos, de fato e sem teorias, todo o processo de elaboração de um jornal.
Desde a pauta - detalhada - até a edição final, passando pela elaboração das matérias, a copidescagem, os critérios de relevância de cada página, a checagem do material, tudo.
Afonso, com sua experiência, não se sobrepunha a seus alunos, muito embora tivesse carradas de méritos para sobrepor-se.
Ao contrário, juntava-se a nós, ensinava-nos, como se diz hoje, na boa, sem nos dar a impressão de que fazíamos besteira, ainda quando fazíamos. E muitas besteiras.
Os tempos - inexoráveis - passaram. Cada um tomou seu rumo. Os contatos com Afonso ficaram mais esparsos.
Mas era uma grande efusão, uma grande alegria quando nos encontrávamos.
Era uma festa.
Como também era motivo de grande angústia, nos últimos tempos, quando tínhamos conhecimento do agravamento de seu estado de saúde.
Enfim, é assim...
Como o poster chegou a tuitar ontem: "Meu Deus! Afonso Klautau se foi. Amigo e mestre. Essas coisas, a gente sabe, são inevitáveis. Mas por que têm de acontecer?"
Pois é.
Têm de acontecer.
Infelizmente.
O que fazer?
Tocar em frente.
Mas, caro Afonso, deixa que só uma lágrima caia por ti, rapaz!
Só uma lágrima, mas de grande saudade.
E tão logo ela seque, meu caro, pode cair na gargalhada.
Como essa daí.
Um abraço apertado.

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O Espaço Aberto faz uma pausa por hoje, para deixar essa postagem bem no topo, como nossa homenagem a Afonso Klautau.

Um comentário:

Luiz Braga disse...

Afonso era um grande mestre além de jornalista da mais alta categoria. Semeou gerações e deverá colher muita luz onde agora está.