quarta-feira, 19 de junho de 2013

Povo nas ruas: pororoca de esperança

Por Charles Alcântara, em seu blog:

A Almirante Barroso foi tomada por uma pororoca de gente, quase a totalidade jovens estudantes, na histórica tarde-noite de 17 de junho.
Eu nunca havia cantado tantas vezes seguidas o hino nacional. Ontem, cantei-o até a garganta não aguentar mais.
Sozinho, em meio à multidão e à profusão de vozes e caminhares, também me vi entoando o hino do Pará.
Foi lindo!
O que vai acontecer depois dessa manifestação?
Não sei e nem quero me ocupar disto agora.
A passeata resolveu alguma coisa?
Mas quem disse que a passeata tinha a pretensão de resolver alguma coisa?
Passeatas não são feitas para resolver problemas, mas para denunciá-los, apontá-los.
E a onda de protestos no Brasil, que em Belém prefiro chamar de pororoca, não apenas denunciou problemas sociais graves e crônicos, como demonstrou que tem muita gente – mas muita gente mesmo – que não está mais disposta a aceitá-los como normais ou naturais.
É maravilhoso ser mais um na multidão, ser diferente de todos e todas que ali caminhavam juntos e, ao mesmo tempo, ser igual a todos eles e todas elas.
A pororoca deixou marcas, não de destruição, mas de esperança de dias melhores.
Povo nas ruas é o maior temor dos políticos e dos “donos” do poder.
Povo nas ruas é o melhor antídoto contra os corruptos, demagogos e hipócritas que dominam a cena política nacional e local.
Povo nas ruas é a melhor – se não a única – forma de mudar o Brasil e o Pará.

Um comentário:

Francisco Sidou disse...

O grande mérito dessa garotada de uma nova tribo urbana é desmoralizar paradigmas, inclusive daqueles que querem desqualificar sua luta taxando-os de "jovens da classe média". Ora, o seu grande mérito tem sido sair do face e despertar seus pais da sonolência dos sofás e chamá-los para as ruas, onde pulsa a vida dos que querem reconstruir uma nova história para o Brasil. Eles não querem um futuro "escolhido" pelos oligarcas de todos os matizes e partidos. Eles querem participar das lutas da sociedade por um futuro no qual também possam influir.Não apenas contemplar, como os "revolucionários" da UNE, que enterrou sua bela história na paz dos cemitérios de "boas intenções" .