segunda-feira, 13 de maio de 2013

As ambições dominam as convicções


Mudança sempre traz expectativa e apreensão. Agora, mudança de caráter político, nem sempre continua a ser de extrema relevância. A grande maioria dessas mudanças é sempre em causa própria ou de grupos com interesses comuns. Apesar de não tratar de um evento apocalíptico, o sistema político brasileiro é endêmico e demanda urgente tratamento. Não há geração espontânea, mas interesses e comportamentos recíprocos entre sociedade, empresas e governo.
Causa estranheza, por exemplo, o destempero do ex-governador de São Paulo, José Serra há três anos sem ocupar postos na vida pública, mas que não pretende interromper a sua trajetória eleitoral. Disse em alto e bom tom que ainda espera exercer cargos políticos em recente convenção do PSDB e de soslaio criticou acidamente o governo do PT de ter passado seus dois primeiros anos de mandato fazendo campanha eleitoral em cadeia de televisão e avaliou que a economia nacional está patinando. Para ele, o país sofre a volta da inflação e o PT tem agido contra a liberdade de imprensa e a alternância de poder.
O tucano Serra declarou que tem cogitado deixar a sigla, no momento em que o senador mineiro Aécio Neves articula apoio para acumular os postos de dirigente nacional do partido e de candidato da legenda ao Palácio do Planalto. Caso não deixe o partido, aliados do ex-governador acreditam que ele deverá disputar em 2014 um cargo no Senado ou na Câmara. Serra está amargo, precisa de antiácido.
Já Pedro Tobias é um tucano diferente. Um tucano avesso ao pouso no muro. O deputado estadual paulista detesta ficar no muro e não abaixa o bico diante dos mais emplumados da legenda, quando na eleição do diretório de São Paulo contrariou o governador paulista Geraldo Alckmin, que nunca expõe suas posições claramente. “A gente sai da audiência e não sabe se ele é favor ou contra”. Sobre o eterno candidato José Serra, ele arrisca uma análise psicológica: “Ele é filho único”. Para o tucano de Bauru, chegou a hora de o mineiro Aécio disputar a presidência.
Com cheiro do agreste pernambucano, um tipo de mídia acredita que a candidatura do governador Eduardo Campos à Presidência esteja brotando. É possível. Mas não deixará de ser surpresa. Campos, da base de um governo, busca apoio da direita para deslocar, à esquerda, a preeminência do PT. Ele não se importa com o tamanho da contradição. Serve à oposição. O discurso
público do contraditório “governista-oposicionista” se resume, no entanto, em dizer que é possível “fazer mais” pelo Brasil. Tímido e capcioso, ele não diz quem e como. Nos últimos dias, percorrendo esse caminho atropelou a presidente Dilma prometendo entregar à educação o que Pernambuco ganhar com a redivisão dos royalties do petróleo e em seguida, vitimou Sérgio Cabral ao oferecer palanque ao secretário de Segurança do governo fluminense, José Mariano Beltrame, caso ele queira ser candidato à substituição de Cabral. Foi desmentido, mas não corou. Ao tomar um rumo político independente do governo do PT, ganha o título de Calabar do Agreste.
Agora, contrariando a razão e o bom senso, foi oficializado a posse do vice- governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, na Secretaria/Ministério da Micro e Pequena Empresa servindo ao mesmo tempo a governos do PSDB e do PT, no atendimento a interesses do PSD, em arranjo nunca antes visto neste País. Tudo nos leva a desordem geral. Valha-nos quem?

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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com

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