Ítalo Gouveia.
Um velho companheiro.
Aos 77 anos, ele se foi no último sábado de manhã, descansando para sempre de padecimentos que, nos últimos anos, o mantiveram na UTI de um hospital, enfrentando as consequências do diabetes em estágio avassalador.
Por 43 anos, foi repórter de O LIBERAL.
Repórter é maneira dizer.
Foi o repórter.
Sempre atuou na editoria de polícia.
Farejava notícias as 24 horas do dia. Literalmente.
Foram incontáveis as vezes em que pulava da cama de madrugada, chamava um táxi e ia embora para fazer uma reportagem. Depois, recebia do jornal o reembolso dos gastos com o táxi.
Tudo pelo prazer de chegar primeiro.
Tudo pela primazia de ser o único a fazer uma foto no local de um crime. E como ele fez fotos espetaculares.
Tudo pela paixão de ter o contato inicial, exclusivo com personagens que poderiam acrescentar detalhes novos, que faria toda a diferença em relação à cobertura da concorrência, que só chegaria depois.
O poster, por várias vezes, recebeu telefonemas do Ítalo ao raiar do dia, avisando-o que já fora fazer tal ou qual reportagem.
"Eu tenho [essa matéria] sozinho, viu, chefe?", era a senha verbal, clara, indubitável e sem rodeios, que o Ítalo usava sempre, para indicar que o furo era dele. Apenas e tão somente dele.
Ítalo era repórter de todo dia, o dia todo.
Sua faculdade foi a da rua, das redações, do fazer jornalístico sem teorizações abstratas.
Sua faculdade foi a do jornalismo do muque.
Um jornalismo que o tornou uma referência na reportagem policial do Pará.
Um grande companheiro que se foi.
Mais um, infelizmente.
Paz à sua alma.
E o conforto da solidariedade aos seus familiares.
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