Fábio Góis, do Congresso em Foco
O tempo verbal utilizado pela Rádio Senado em uma “biografia” sobre o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), está causando problemas para a Secretaria Especial de Comunicação do Senado (SECS). Trata-se de uma gravação de 21 minutos produzida pela emissora oficial e intitulada “Reportagem especial em homenagem ao senador José Sarney”, na qual o peemedebista de 81 anos é lembrado, no tempo pretérito, por realizações, títulos e funções que exerceu. Ou seja, como se estivesse morto.
O material (escute aqui) foi obtido pela equipe on-line do jornal O Estado de S.Paulo, que trata o episódio como vazamento do suposto obituário. O áudio não chegou a ser veiculado, e a SECS chegou a negar que se tratava de um material de homenagem pós-morte. A assessoria de comunicação do Senado disse ainda que todos os 81 senadores têm biografias em produção pela rádio, e o tempo verbal usado na matéria pode ter sido erro da reportagem.
“Além de uma extensa vida política, Sarney se destacou nas artes. Ele era membro da Academia Brasileira de Letras [ABL] desde 1980”, diz trecho do áudio, que é iniciado com a afirmação de que o ápice da trajetória política de Sarney, presidente do Senado pela quarta vez não consecutiva, foi a Presidência da República. Ele assumiu o posto na condição de vice do presidente eleito Tancredo Neves, morto em 1985 antes de tomar posse.
A SCES não explicou porque Sarney, membro da ABL, é tratado como ex-integrante do colegiado. Por meio do microblog Twitter, um diretor da emissora disse que o material foi “roubado”, e que o “receptador” foi o Estadão. Por meio de nota, a assessoria de comunicação argumenta que é “rotina” a elaboração de “perfis e obituários de todos os senadores”. “A SECS lamenta que uma empresa de comunicação importante, longe de qualquer motivação jornalística mais séria, dê asas a uma imaginação fantasiosa, que em nada contribui para a informação e formação da opinião pública”, conclui a nota (confira aqui).Loas e omissõesO material produzido pela Rádio Senado intercala declarações do senador do Amapá às de outras personalidades políticas, como o próprio Tancredo. Também são registrados discursos de Sarney, que tem vários pontos de sua vida pública lembrados na reportagem. Entre eles a primeira reeleição para o Senado, em 1978, na condição de eleito com “o maior percentual de votos” do país naquele pleito.
Também há menção à crise que paralisou a instituição em 2009, culminada com o caso dos atos administrativos secretos. Na ocasião, a cúpula administrativa – quase toda composta por profissionais indicados por Sarney – foi trocada e Sarney enfrentou 11 processos por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado. Graças à tropa de choque do PMDB, entretanto, todos foram arquivados.
Na ocasião, Sarney usou a tribuna de um plenário lotado para perguntar aos colegas, em 5 de agosto daquele ano, porque mereceria punição pelos desmandos administrativos praticados pela cúpula do Senado.
A citação à crise é finalizada com declaração de Sarney dando-a como encerrada. Fala-se também em 40 medidas que teriam sido implementadas pela direção da Casa, como enxugamento de diretorias e corte de gastos supérfluos, mas nenhuma referência é feita às reformas administrativas seguidamente anunciadas e jamais executadas.
Um comentário:
Égua! esse bigode é um eterno...desperdício de dinheiro público!
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