Mas que coisa, hein?
Com todo o respeito que merece o criminalista Jânio Siqueira, um dos mais respeitados do Pará.
Mas o que Sua Senhoria fez com uma colega dele, no julgamento de Regivaldo Galvão, o Taradão, na última sexta-feira, foi uma descortesia.
Mais do que uma descortesia, foi uma grosseria.
Mais do que uma descortesia e uma grosseria, foi um despropósito.
Um completo despropósito.
No início do julgamento, o juiz convidou o pré-candidato do PSOL a presidente da República, Plínio de Arruda Sampaio, e a advogada Mary Cohen para sentarem ao lado dele.
Posteriormente, chamou o procurador da República Felício Pontes Júnior.
A certa altura, Jânio pediu a palavra para dizer que a presença da dra. Mary, ao lado do juiz, incomodava a ele e a Taradão, pois eram públicas e notórias as posições da advogada em defesa dos direitos humanos, inclusive ao caso envolvendo o assassinato de irmã Dorothy Stang.
Diante dessa intervenção, Plínio, Felício e Mary se levantaram e foram sentar na platéia, não sem antes cumprimentarem toda a bancada da acusação, incluindo o promotor Nilo Batista e os advogados da CPT José Batista e Aton Fon.
A postura de Jânio gerou um grande mal estar.
O juiz, inclusive, condenou a postura do advogado, considerada deselegante pelo magistrado.
Mas afinal, que tipo de incômodo o advogado poderia sentir com a presença de uma colega dele na mesa, ao lado do juiz?
Jânio é experiente.
Tinha e tem convicção – presume-se – da inocência de seu cliente.
Sua convicção – presume-se também – ampara-se em elementos fáticos, probatórios de que Taradão não financiou o assassinato da religiosa. Um entendimento, ressalte-se, não acolhido pelo Conselho de Sentença, que condenou Taradão, punido com pena de 30 anos de reclusão.
Por que, então, Jânio se preocupou com a presença visível, na mesa ao lado do juiz, de advogada que tem posicionamentos opostos aos dele e que não poderia de nenhuma maneira interferir nos juízos que seriam formados pelos membros do Conselho de Sentença?
Ao contrário, dr. Jânio, se tem – como se presume – convicção da inocência de seu cliente, deveria sentir-se gratificado em falar de frente para colega com opiniões e convicções opostas às dele.
Justamente para mostrar que suas – as de Jânio – teses são as mais consistentes, as mais lógicas, as mais racionais.
E mais: advogados, por ofício, devem zelar pelo contraditório, não devem ter medo de encarar as divergências.
Civilizadamente.
Uma pena.
Realmente, uma pena que Jânio Siqueira não tenha, pelo menos desta vez, feito jus à proficiência e ao comedimento que sempre o notabilizaram.
10 comentários:
O Açaí está engrossando
No primeiro mês que o contador do blog funcionou, nós tivemos 754 acessos. No segundo mês chegamos 1125 acessos, com um total de 1879 visitas em dois meses. Nestes dois dias do mês de abril, já tivemos 120 acessos. O açaí está engrossando e vai engrossar cada vez mais. Obrigado pelas visitas.
Equipe do Blog:
Alan Pereira - Secretário de Comunicação / Belém
Neco Panzera - Secretário de Organização / Belém
Mario Hesket - Vice-presidente municipal de Belém
Camarada Paulo Bemerguy, se possível, gostaríamos de contar com a sua divulgação para o blog do PC do B Belém. Somo leitores assíduos do seu blog, do da Edilza e do Parsifal.
Abraços,
Alan Pereira
Hummm, será que a oAB daqui vai sair a favor da advogada? Deveria, deveria...
Vi no blog da Franssinete que já tem até uma bolsa de apostas rsrsrs
A advogada Mary Cohen estava representando, por determinação do presidente Ophir Júnior, o Conselho Federal da OAB, que reveste de maior gravidade o caso.
O blog que me perdoe, mas o Dr. Jânio Siqueira estava coberto de razão.
Nenhum juiz tem o direito de transformar o julgamento do Tribunal do Juri num espetáculo midiático.
A título de quê o juiz pode chamar determinadas figuras públicas para ocupar lugar de honra, bem na ilharga do presidente do Tribunal?
O que tinham que fazer lá na mesa da presidência do Tribunal essas pessoas notoriamente ligadas à vítima por laços de amizade ou ideológicos?
Todas eles são pessoas absolutamente estranhas ao processo. Suas presenças, ainda mais a convite do Juiz, na mesa condutora dos trabalhos, a mim me parece ou uma INTROMISSÃO INDÉBITA nos trabalhos do Juri, ou, o que é muito pior, um claro RECADO passado pelo juiz aos coitados dos jurados: "Olhem lá, heim?, estão vendo, aqui, todas essas celebridades a favor da vítima?Então, não vacilem em CONDENAR esse fdp que está aí sentado no banco dos réus!..."
Enquanto isso, a IMPARCIALIDADE que deve nortear a postura do magistrado, fica onde? Fica na gaveta?
Num Estado Democrático de Direito, o que se espera é que o acusado tenha um julgamento JUSTO, ISENTO, NÃO TENDENCIOSO - seja quem for o réu, seja qual for o crime.
Não conheço e não tenho nenhuma a menor simpatia por esse tal de "Taradão", mas já está na hora da Corregedoria-Geral de Justiça ou do Conselho Nacional de Justiça voltarem suas atenções para acabar com essas PRESEPADAS que vêm se repetindo amiúde nos julgamentos do Tribunal do Juri nos últimos tempos.
O juiz deveria ter observado o mesmo princípio que levou o Supremo a proibir o uso de algemas no jugamento.
Está certíssimo o Dr.Jânio.
Embora considerando justa, merecida e inquestionável a condenação e respeitando o entendimento do BLOG, assino embaixo do comentário do ANÔNIMO das 15:40 (03.05). O Tribunal do Júri - e nenhuma Corte de Justiça, pelo menos enquanto no exercício da função judicante - não é o local apropriado para a exposição de pessoas completamente estranhas ao processo.
É o Estado Policial... Pra quê juiz se já temos a polícia e o ministério público?
Vi que logo depois sentou-se ao lado do juiz a defensora pública Marilda Cantal e isso mereceu elogios por parte do adv Jânio. Interessante não? Ela advogou os matadores da freira...dai que...
Ora ora, anonimos que dizem que não tem nada a ver com o Taradão, mas sei muito bem quem "lhos são" pois pois, tudo do escritório do advogado isso sim.
O importante agora é que o despropósito do Jânio está devidamente temperado com 30 aninhos.
Meu amigo Serrão tá rindo com as paredes.
Descortesia com uma dama simpática? Imperdoável anônimos, imperdoável...são homens?
E o modo como os tres (Felicio, Plinio e Mary) sairam foi muito legal, show de bola, bola levantada pelo Jânio e com uma cortada certeira pelos tres...inegável
Nesse momento o Taradão começou a perder o juri...
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