domingo, 1 de novembro de 2009

Um Anônimo e seus conselhos aos que erram

Um Anônimo passou por aqui.
Passou e meteu o bedelho na discussão sobre o voto – voto deplorável – do deputado federal Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) – na foto - que defende a rejeição da PEC dos Jornalistas.
O Anônimo comentou a postagem Olhem o caso da dona Maria...
Leiam o comentário dele e, em seguida, o do blog, que vai apreciar, parágrafo por parágrafo, o que disse o Anônimo.

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Se ela souber escrever bem, porquê não?
Diferentemente dos jornalistas que fazem os jornais de hoje, melhor ter um profissional que saiba escrever (que, aliás, é o básico para ser um jornalista) do que um jornalista.
Muitos são burros por opção. Outros tantos são burros por prazer. E outros ainda pensam que os outros são burros.
Para você, autor dessa prosopopéia, que mal há em substituir alguém com diploma - e não sabe escrever - por outro, sem diploma, mas que, sim, sabe escrever.
Faça um teste. Leia as páginas dos jornais e conte os erros de gramática. Verá que, sim, vale a pena.
O porém é que não se trata de nivelar a profissão por baixo, como você supõe. Mas sim, por alto. Afinal, o que um jornalista faz que uma outra pessoa não sabe fazer?
Para escrever sobre Economia, por exemplo, não é pedido que um jornalista entenda de economia. Para escrever sobre filosofia, não é pedido que um jornalista entenda de filosofia... Onde está a nivelação que você - e muitos outros - protestam?
Pense: Substituindo o diploma você estará agregando qualidade, uma vez que será pedido a alguém diplomado em uma área que escreva sobre aquilo que sabe. E, no topo, para não desmerecer o jornalismo, alguém que entenda bem de português.

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Do Espaço Aberto:

Se ela souber escrever bem, porquê não?
Anônimo, talvez fosse melhor assim: “Se ela souber escrever bem, por que não?”
É um detalhe apenas, Anônimo.
Mas precisa ser observado.
Às vezes, alguns detalhes contam.
E como!

Diferentemente dos jornalistas que fazem os jornais de hoje, melhor ter um profissional que saiba escrever (que, aliás, é o básico para ser um jornalista) do que um jornalista.
Anônimo, não generalize.
Leia, no tópico anterior, a observação sobre o “porquê não?” que você escreveu e note que é perigoso generalizar. Muito perigoso.
Digamos, Anônimo, que você seja deputado, senador, professor, médico, engenheiro, servidor público, o que for...
O fato de, aqui e ali, cometam alguns equívocos na hora de escrever não significa que todos os deputados, senadores, professores, médicos etc. sejam imbecis, não é, Anônimo?
E mais, você acha mesmo que o básico para ser jornalista é saber escrever?
Há divergências, Anônimo.
Boa parte do pessoal aqui da redação não acha isso, não.
Para esses coleguinhas, a primeira qualidade de um jornalista é ser curioso.
Leia aqui.
Não é para você concordar com o que vai ler.
É apenas para você ter contato com uma ideia divergente da sua, coisa que não faz mal a ninguém.
Muito menos a você, Anônimo.

Muitos são burros por opção. Outros tantos são burros por prazer. E outros ainda pensam que os outros são burros.
É melhor que você externe claramente, Anônimo, o seu conceito de burrice.
Quem é burro: o seu Zeca - jardineiro lá do interior do interior do mais remoto interior do País -, que não sabe chundas sobre a teoria da relatividade, ou o cara que sabe tudo da teoria da relatividade, mas não distingue uma roseira de um pé de açaí?
Quem é burro, Anônimo: um parlamentar – qualquer um – que apresenta um voto brilhante sobre a dispensabilidade do diploma para jornalista mas não sabe construir um lead (parágrafo de abertura) de uma matéria jornalística, ou é burro um jornalista que, mesmo sendo um excelente profissional, não saberia redigir adequadamente sequer dois parágrafos de um voto sobre matéria que tramita no Legislativo?
É preciso conceituar melhor a burrice, Anônimo.
É preciso.

Faça um teste. Leia as páginas dos jornais e conte os erros de gramática. Verá que, sim, vale a pena.
Olhe, Anônimo, acontece muito, nas redações, que a pressa, os prazos – que às vezes se contam em pouquíssimos minutos – façam os jornalistas deixarem passar vários erros, sim.
Mas veja: você, que escreveu sua postagem tranquilamente, também cometeu um engano – o “porquê não?”, em vez de “por que não?”
Não podemos errar?
Erramos, Anônimos.
Todos erramos.
Inclusive, por exemplo, o deputado federal Zenaldo Coutinho, quando formulou seu voto deplorável.
Ele e você podem achar que não.
Nós achamos que sim.
Continuamos achando que sim.
Continuamos achando Zenaldo um bom deputado.
Mas que ele errou, sem dúvida que errou.

Para escrever sobre Economia, por exemplo, não é pedido que um jornalista entenda de economia. Para escrever sobre filosofia, não é pedido que um jornalista entenda de filosofia... Onde está a nivelação que você - e muitos outros - protestam?
Onde está a nivelação que você - e muitos outros - protestam? é construção meio complicada, Anônimo.Talvez Onde está a nivelação contra a qual você e muitos outros protestam? fosse melhor.
Bastaria tirar os hífens e incluir o contra a qual.
Viu só?
Os detalhes contam, não é?
Mas, no seu caso, foi apenas um engano; ou um estilo, quem sabe.
Se um jornalista tivesse cometido esse equívoco, seria um mau jornalista, seria um burro, hein, Anônimo?
Enfim...
Para escrever sobre economia, não se exige mesmo que o jornalista entenda de economia.
Mas se exige que ele seja jornalista, Anônimo.
Céus! Quanta clareza nisso.
Para escrever sobre filosofia, não se exige que um jornalista entenda de filosofia.
Mas se exige que ele, mesmo não entendendo de filosofia, seja jornalista, Anônimo.
Para escrever sobre o voto deplorável do deputado Zenaldo Coutinho, não se exige que o jornalista seja um constitucionalista. Exige-se que seja jornalista e tenha argumentos consistentes para debater.
É só isso, Anônimo.
Cada qual no seu cada qual.
O jornalista no Jornalismo.
O economista na Economia, mas expendendo suas opiniões livremente em jornais.
O deputado Zenaldo na Câmara, mas de vez em quando exercendo livremente o seu direito de se expressar, nos artigos que assina na Imprensa.
Pronto.
É simples.
Bem simples.

Pense: Substituindo o diploma você estará agregando qualidade, uma vez que será pedido a alguém diplomado em uma área que escreva sobre aquilo que sabe. E, no topo, para não desmerecer o jornalismo, alguém que entenda bem de português.
Hehehehe!
Grande Anônimo!
Quer dizer então que alguém “diplomado em uma área” pode escrever sobre o que sabe porque tem diploma.
Mas jornalista, em contrapartida, não deve ter diploma, não é?
Hehehehe!
Anônimo, você tem um senso de humor aguçadíssimo.
Aliás, para ficar do seu nível, você tem um sense of humour mais acendrado – toma-te! – que o dos ingleses.
E olhe que todos imaginávamos apenas o doutor Duciomar como o nosso emérito piadista.
Você conhece o Duciomar, Anônimo?

Não deixe ele o descobrir, Anônimo.

Se isso acontecer, o dotô vai ficar aborrecidíssimo ao saber que existe alguém tão ou mais piadista que ele.

E outra coisa, Anônimo, esse negócio de exigir “alguém que entenda bem de português” para não desmerecer o jornalismo é conselho que vale apenas para jornalistas?
Ou vale para todos nós, que devemos utilizar bem nossa língua?
Ou vale para você, que também, como já se mostrou aqui, cometeu alguns enganos?
Os enganos que você cometeu são meros enganos, não é?
É verdade.
Mas se os enganos fossem cometidos por nós, jornalistas, seriam enganos ou seriam uma demonstração de rematada burrice?
Hein, Anônimo?
Diga lá.
Sorte, Anônimo.
Sorte pra você!

8 comentários:

Anônimo disse...

PB, fosse eu esse Anônimo, não sairia de casa uma temporada. Fosse eu esse Anônimo, ficaria com vergonha de mim mesmo. Fosse eu esse Anônimo, viraria um Avestruz. Vc falou tudo. Bom domingo....para o Anônimo também. Curta o Faustão. Curta a paraense Felizmunda pra esquecer o que escreveu.

Poster disse...

Hehehehe,
Sabe que é um bom conselho, Anônimo.
Todos assistamos à Felizmunda (rsss).
Abs.

Anônimo disse...

A Felizmunda "chegou lá", pai d'égua!!!

Renato disse...

O São Raimundo também chegou lá!

Anônimo disse...

ameeeeeei. o poster arrasou!!!
mas e o Zenaldo, vai se manifestar ou continuará anônimo, fingindo que esta discussão não é com ele? será que é assim que ele representa os ineresses da sociedade???

Anônimo disse...

Continuo pensando a mesmíssima coisa. Não adianta ter um jornalista que não sabe escrever. Mas é infinitamente melhor uma pessoa que domine sua área para fazer aquilo em que sua experiência sabe conceituar melhor que a experiência dos outros. Analise melhor e verá que, afora estes alguns erros de "estilo" que você colocou não fazem o texto de todo errado. Apenas o fazem diferente.

Por exemplo, você escreveu no mesmo texto em que me critica a palavra Acendrado. Se vamos falar em jornalismo, porque não falamos no livro daquele jornalista de Brasília, que, em suas últimas páginas escreve que "jornalista" escreve um produto para si mesmo? Que os leitores não querem exatamente o produto que fazem... Logo não há incorreção ao meu texto.

Atenhamo-nos aos fatos. Quando você escreve, por exemplo, alcunhar (que significa apelidar), pode ser que o seu joão (parente daquele cidadão que você citou) não entenda e use isto como motivo para parar de ler o seu texto. Então, como disse anteriormente, é melhor ter uma pessoa que sabe escrever do que uma que é jornalista.

Outra coisa é quando digo que existem os burros que o são por prazer (ou seja, gostam de sê-los) e os que são por opção (ou seja, não tinham nada melhor para fazer). E nesse ponto, assumo minha posição de erro e peço desculpa. O que eu quis dizer é só um pouquinho diferente. Deveria ser "Há os burros profissionais e os que ainda estão aprendendo a serem burros. Estes todos pensam que nos enganam". Em jornal, a maioria são dos primeiros. Pelo menos é o que se entende lendo o livro do agora blogueiro Noblat.

E, meu amigo poster, tenho que lhe contar: Mesmo uma pessoa que tem o diploma de jornalista pode não saber absolutamente nada do jornalismo. Tenho um amigo que, mesmo sendo filho de jornalista famoso, não sabe escrever um simples texto para jornal. Formou-se em jornalismo em uma universidade local!

Ainda vou achar melhor ler um texto de direito do Zenaldo do que qualquer coisa sobre o assunto escrito por um jornalista, qualquer que seja. Ainda vou preferir a física que eu ler pelo Gleiser do que qualquer matéria de ciência de um jornalista. E ainda vou me deliciar com um artigo do Armínio Fraga do que ler qualquer coisa de economia de um jornalista que não tenha alguma pós graduação em economia. Para mim a conta é simples: DESEDUCA ler uma matéria que eu posso encontrar na Internet, um fato noticioso assim, do que ler algo mais técnico elaborado por quem sabe escrever sobre determinado tema.

Por fim, creio que existem alguns náufragos no mar dessa internet que ainda não aprenderam o emprego de certos termos da norma culta. Como dá para você ver que emprego alguma cousa diferente da convenção popular, porque eu simplesmente deixei de apreender este conhecimento, ainda me falta alguma coisa em outros pontos da minha escrita. E outros eu simplesmente ponho a culpa no teclado, defeituoso. No geralzão, eu me culpo, sim, e não é vergonha. Mas este diploma sempre será dispensável pra mim. Mais do que a curiosidade (inata ao ser humano que ainda não perdeu o fio condutor dos milagres da vida desde o nascedouro), creio que saber escrever seja ainda a melhor maneira de separar o joio do trigo. Tenho um amigo que tem diploma de Direito e de Filosofia e simplesmente não sabe escever.

Ah, e para não ficar discordar do que escrevo, não sou formado em nenhuma faculdade de jornalismo. Se fosse, os erros continuariam existindo.

Anônimo disse...

O anônimo só deixou faltar uma coisa: TODOS deveriam zelar pelo português, que não é o da esquina. Senão corremos o risco de perder nossa identidade cultural.

Mas será mesmo que ele estaria de todo errado na tese da suspensão de exigência do diploma? Eu concordo porque acho que o diploma servirá apenas para contratarem novos jornalistas nas redações em um produto que pode estar com seus dias contados - você mesmo é escritor de um blog e ninguém lhe cobra nenhum diploma por isso -, visto que os jornais estão a cada dia vendendo menos.

Pior é que há casos em que já não se vendem mais jornais. O Diário do Pará é um exemplo. Disponível integral e gratuitamente na Internet, quem ainda o compra sabendo que pode lê-lo em seu computador?

Bom, se a necessidade do diploma não cair, criaremos um caso interessante: o do diploma sem usabilidade. Ou seja, quem ainda procurará numa faculdade um curso que não gera mais emprego?

Marabaense disse...

Todos os jornais que conheço tem revisores. Se o jornalista é pago para escrever, o que farão os revisores em uma redação? Serão estes jornalistas ou professores de gramática dos experts em jornalismo?