domingo, 22 de novembro de 2009

PT e PMDB, de novo, próximos à ebulição

Não é um preciso fazer cursos de hermenêutica.
Não é preciso maiores especulações.
Nem tampouco maiores reflexões.
Basta saber ler.
Ler e juntar alguns fatos.
Ler e fazer algumas conexões.
Mas o certo é que a temperatura entre o PMDB de Sua Excelência o deputado Jader Barbalho e o PT de Sua Excelência a governadora Ana Júlia subiu muitíssimo nos últimos dias.
Basta acompanhar pelo radar.
Radar, no caso, são as notas – crescentemente ácidas, crescentemente ferinas, crescentemente acusatórias – que Repórter Diário, a principal coluna do Diário do Pará, jornal de Jader, vem publicando nos últimos dias.
A que abre a coluna deste domingo, por exemplo, é emblemática.
A nota, pura e simplesmente, acusa a Secretaria de Estado da Fazenda - agora sob o comando de Vando Vidal, homem de confiança de Maurílio Monteiro, titular da Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect) e um dos mais influentes do governo Ana Júlia – de armar um “suposto esquema de caixa 2” para “vitaminar as pré-candidaturas de dois secretários alinhados à DS”, a tendência petista da governadora.
Acrescenta a nota que, se procedente a suspeita, alimentada em gabinetes de deputados em Belém e Brasília, “a captação ilícita de dinheiro para 2010 beneficiaria Cláudio Puty, da Casa Civil, e Edilson Moura, da Cultura. Processado na Corregedoria Fiscal, o recém-nomeado secretário-adjunto de Receita, Lucivaldo Freitas, é o suposto operador da trapaça”.
A nota, ressalte-se, apresenta uma suspeita gravíssima.
E se é certo, como diz o jornal, que a suspeita frequenta “gabinetes de deputados em Belém e Brasília”, é evidente que, por dever moral, caberia aos tais “gabinetes de deputados em Belém e Brasília” noticiar tais suspeitas ao Ministério Público Eleitoral, porque caixa dois, vocês sabem, é crime.
E crime dos mais graves.
Mas como, ao que tudo indica, o propósito da nota é mais lançar ao vento tais suspeitas, e não propriamente inaugurar procedimentos para apurá-las concretamente, é justo que todos creiamos que outros fatos é que dariam suporte a esse tipo de informação.
E quais outros fatos marcantes que, nos últimos dias, têm azedado pela enésima vez a relação entre PMDB e PT?

Os fatos por trás das notas
São dois fatos.
Um é público; o outro, nem tanto.
O público foi a saída da peemedebista Anne Pontes da Paratur.
Anne é mulher do líder do PMDB na Assembleia, Parsifal Pontes.
Ele pulou fora para não ser a rainha da Inglaterra da Paratur.
E não sairia, é claro, sem o aval de Jader.
O outro fato, nem tão público assim, é a tentativa do PMDB de achegar-se a outros nichos de poder, no caso, a Sespa.
O partido quer a secretaria. A governadora Ana Júlia não quer nem ouvir falar nisso.
Viram?
Há fatos por trás das notas ácidas e notas ácidas por trás de fatos.
E não esqueçam que o próprio Puty, em entrevista ao blog Artan, disse que a governadora Ana Júlia já reclamou ao próprio Jader da animosidade de seus veículos em relação ao governo.
Viram?
As coisas, todas juntas, se conjuminam, se conformam, se ajustam.
E mostram que a temperatura entre o PMDB e PT volta ao ponto de ebulição.
Ou quase.

Nenhum comentário: