sexta-feira, 5 de setembro de 2008

“A porta da verdade estava aberta...”

O tempo passa, e as coisas na Unama parecem transitar dos rancores para a poesia, dos constrangimentos para o lirismo – ou para o meio lirismo -, dos confrontos para profundas reflexões.
Está certo, em muitos corações e mentes da Unama ainda se revela impossível colar outra coisa que não rancores e ressentimentos. Mas se em outros começa a prevalecer a poesia, então é sinal de que as coisas podem fluir por um caminho que leve a paragens menos, digamos, belicosas.
Vejam só, aí embaixo, poema de Drummod que um Anônimo mandou pra cá, ao comentar a postagem Professores da Unama exigem “transmissão digna” de cargo. Aliás, se vocês têm notado – sobretudo nos comentários que vão para as caixinhas, nas postagens sobre o assunto -, volta e meia Drummond tem sido citado. Inclusive pelo próprio ex-reitor Édson Franco, na entrevista exclusiva que concedeu ao blog na última segunda-feira:
Pois é.
O Anônimo mandou pra cá o seguinte comentário, valendo de um poema de Drummond:

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Carlos Drummond de Andrade, nosso grande orgulho, tem um belo poema, que merece nossa reflexão:

A VERDADE

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

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