Professores da Unama exigem “transmissão digna” de cargo

Em reunião que durou mais de duras horas, professores da Universidade da Amazônia (Unama), reunidos no campus-BR, aprovaram em assembléia exigir do corpo diretivo da Universidade que proceda a uma “transmissão digna” do cargo de reitor, até a semana passada ocupado durante mais de três décadas pelo professor Édson Franco.
A resolução aprovada pelos professores da Universidade será um desafio à capacidade da nova direção de conduzir-se entre a necessidade de manter as aparências de normalidade que a Unama precisa, nesta delicada fase de transição, e o indisfarçável mal-estar que perdura – em escala crescente, vale dizer – entre os demais sócios da instituição em relação ao ex-reitor.
Entre os sócios da Unama consolida-se, a cada dia, a forte convicção de que o professor Édson Franco está despontando perante toda a opinião pública como vítima – de injustiças, de ingratidões, de falta de compreensão e de condutas outras que contribuiriam para que a cobertura da Imprensa, muito embora veladamente, realce a figura do ex-reitor como alguém que foi praticamente posto no olho da rua pela porta dos fundos da Unama.
Para desfazer tal impressão, a nova direção da Unama, por meio de setores bem próximos a ela, começa discretamente um movimento de bastidores para disseminar a idéia de que a renúncia do ex-reitor, por ter sido voluntária e decorrente de um juízo pessoal dele próprio, não apenas é irreversível como jamais deverá ser vista como o fim dos tempos para a Unama, e sim, ao contrário, como o início de uma nova fase.
Mas vários professores e alguns alunos com os quais o poster conversou esparsamente durante todo o dia de ontem, foram unânimes em garantir que será muito difícil para a atual direção remover duas apreensões atualmente presentes em toda a comunidade acadêmica da Universidade: primeiro, a incerteza sobre vender ou não vender a instituição; e segundo, o desconhecimento sobre novos planos de gestão para a Unama, tema, aliás, abordado claramente pelo professor Édson Franco, na entrevista exclusiva que concedeu ao Espaço Aberto e foi divulgada aqui na última segunda-feira.
“Imaginei um encontro no Hotel Hilton para discutirmos nossos problemas de gestão eficaz e nossas estratégias de desenvolvimento e crescimento. Lamentavelmente, antes de discutirmos problemas de gestão e estratégias de crescimento fomos tolhidos com a manifestação de alguns sócios, a maioria aliás, mas não a totalidade, dizendo que estavam dispostos a vender a Unama e sequer desejaram avançar na discussão da nossa profissionalização e de um programa de desenvolvimento e crescimento. Diante disto, sem quererem ir a fundo no que nos parecia importante, só restava a renúncia ao cargo de reitor”, explicou Édson Franco na entrevista ao blog.
Por isso mesmo é que na assembléia dos professores, ontem à noite, além da exigência de uma “transmissão digna” do cargo de reitor também foi aprovada a formação de uma comissão de três docentes que deverá inteirar-se melhor do que é mesmo esse plano de gestão – se ele existe, quais os seus objetivos, qual seu alcance, quais as estratégias traçadas, que os meios definidos para viabilizá-lo, os prazos propostos etc.
Os professores também aprovaram a divulgação – provavelmente ainda nesta quinta-feira – de uma nota formal em que prestarão solidariedade ao professor Édson Franco e vão manifestar claramente sua gratidão por tudo o que fez pela Universidade da Amazônia, desde quando a instituição começou como Cesep, depois passou a Unespa até chegar à estrutura atual, já com a denominação de Unama.
A participação dos professores na assembléia chegou a surpreender pelo bom número, segundo informações que o blog obteve com dois docentes que estiveram presentes. E tal surpresa decorre, sobretudo, do fato de que muitos que lecionam no campus Alcindo Cacela – onde funcionam cursos como Psicologia, Letras, Arquitetura, Engenharia e Fonoaudiologia, entre outros – deslocaram-se voluntariamente até o campus-BR, ainda que não tenham sido liberados para participar da assembléia.
Também estiveram na reunião professores que atuam na unidade da Unama que funciona na Avenida Senador Lemos. Entre eles, Cristina Mufarrej, filha de David Mufarrej – um dos fundadores da instituição – e integrante, portanto, de uma das famílias que controlam a Unama.
Hoje, será a vez dos alunos anunciarem seu posicionamento sobre o assunto.