domingo, 21 de setembro de 2008

A pesquisa, o faro, as ofensas e a surpresa

O meio-campo embolou.
A expressão, íntima dos que acompanham futebol, se aplica perfeitamente à quarta pesquisa Ibope/TV Liberal, divulgada ontem.
E ainda está válida, mais do que válida, a indagação que o blog fez no domingo passado: quem vai para o segundo turno? Escreveu-se então o seguinte: “Essa é a pergunta que, em sã consciência, muitos se fazem depois de avaliados os números da terceira pesquisa Ibope/TV Liberal que O LIBERAL publica em sua edição deste domingo.”
Substitua-se a expressão “números da terceira pesquisa Ibope/TV Liberal” por números da quarta pesquisa Ibope/TV Liberal e tudo continuará na mesma. A questão, a dúvida, a expectativa continuam as mesmíssimas.
O prefeito Duciomar Costa (PTB), campeão de rejeição e das impugnações de pesquisas (veja aqui e aqui) já demonstrou um faro apuradíssimo. Nas pesquisas anteriores que em vão tentou suspender, Sua Excelência estava em desvantagem ou com tendências a ficar em desvantagem.
Agora, não. O prefeito aparece bem na foto. Subiu dois pontos percentuais e ultrapassou novamente a candidata do DEM, Valéria Pires Franco, muito embora com ela ainda mantenha um empate técnico que perdura desde a primeira sondagem que o Ibope fez para a TV Liberal.
Nas próximas pesquisas, portanto, convém observar, a partir do registro na 98ª Zona Eleitoral, o comportamento do prefeito Duciomar Costa. Se ele impugnar, é sinal de que seu faro apuradíssimo está apurando que os números vão dar-lhe uma peia. Do contrário, se mantiver-se inerte, é sinal de que os números lhe serão favoráveis.

Candidatos adoram pesquisas. Em termos.
É sempre assim. Candidatos, quaisquer que sejam, adoram pesquisas. Adoram, é claro, as pesquisas que os colocam na frente ou oferecem elementos para que eles, candidatos, possam festejar. Do contrário, o candidato – seja qual for – tem diante da pesquisa a prevenção dos que desconfiam de tudo, até mesmo que a Terra é redonda.
No dia em que candidato apontado como primeiro colocado na aferição feita por qualquer instituto de pesquisa - do Ibope até aquele de fundo de quintal – vier a público para dizer que, mesmo na condição de primeiro colocado, despreza, descrê, duvida e atribui suspeitas ao levantamento que o colocou em primeiro lugar, então neste ano o Íbis, que é o pior time da face do Planeta, será campeão do mundo. Pode acreditar.
Já houve aí pelas caixinhas, que fervem nessas ocasiões, comentários desairosos, ofensivos e irresponsavelmente dirigidos a pessoas e empresas. O blog recusou-os. E recusou-os porque, conforme princípio que aqui já se firmou, não é justo que Anônimos, nessa condição, façam graves acusações a pessoas com endereços e identidades conhecidos.
Recusou porque há um desequilíbrio flagrante entre o Anônimo que acusa e ofende e aquele que é ofendido nominalmente. O Anônimo acusa alvo certo; este, o acusado, vai responder a quem? Vai responder ao mundo? Ao vento? Às mangueiras de Belém? Às águas do Rio Guamá? Ah, sim. O ofendido, com endereço e identidade conhecidos, vão responder a um Anônimo. Quem é o Anônimo? Quem é?
O espaço é livre para discutir, para falar mal do Ibope, para colocar em dúvida os números, para discordar da metodologia, para discordar do universo pesquisado, para colocar em dúvida a precisão de uma pesquisa como a que o Ibope faz.
Tudo isso é válido. E quando as críticas são feitas nesse sentido, o Espaço Aberto abre espaço para as críticas. Muitas vezes, destaca os comentários até mesmo aqui na ribalta. Mas quando a crítica descamba para imputações - a empresas e pessoas - sobre condutas que podem até configurar crimes – e crime graves -, então não é razoável que se dê abrigo à disseminação de comentários dessa espécie feitos sob o manto, o esconderijo e o disfarce do anonimato. Aí, não. Aí é injustiça. É o desquilíbrio total: é o Íbis contra o Manchester. Não tem combate.

Equilíbrio no segundo e terceiro lugares
Quando se observou que o meio-campo está embolado nas quatro primeiras posições é porque os números revelam isso claramente. Mesmo com as oscilações que ocorrem de semana a semana, o empate técnico tem se mantido entre Duciomar e Valéria, como também entre José Priante (PMDB) e Mário Cardoso (PT).
Na primeira pesquisa, por exemplo, já registrava um empate técnico entre Priante e Valéria, considerada a margem de erro de quatro pontos percentuais para mais ou para menos. Na segunda pesquisa, em que a candidata do DEM chegou a 22% e Priante desceu para 11%, é houve um distanciamento entre os dois. Mas voltaram a ficar bem próximos (com um ponto percentual de diferença – pela margem de erro, fique bem claro) na terceira sondagem e agora estão empatados novamente.
A questão é que, na quarta pesquisa, o empate não se verifica apenas entre Duciomar e Valéria, mas entre a candidata do DEM e os dois candidatos abaixo dela - Priante e o petista Mário Cardoso. E o deputado Arnaldo Jordy (PPS), o que registrou maior subida de um levantamento para outro, também está tecnicamente empatado com Priante e Mário Cardoso.
É realmente surpreendente – e nisso vários leitores do blog têm razão – que oscilações violentas se verifiquem de uma rodada para outra, no curso de apenas uma semana. Desta vez, por exemplo, Valéria perdeu cinco pontos percentuais em apenas uma semana. Pode-se especular que, no caso da candidata do DEM, a intensificação dos ataques que tem sofrido dos adversários esteja fazendo efeito.
Ninguém é capaz de prever, no entanto, se a candidata já sofreu todo o desgaste que tinha de sofrer. Se for assim, deve comemorar, porque estamos a cerca de suas semanas de 5 de outubro e a tendência seria Valéria se consolidar na faixa de 20% a 25% das intenções de votos, como tem sido observado desde o primeiro Ibope/TV Liberal. Do contrário, se a continuação dos ataques à candidatura da ex-vice-governadora tiverem a capacidade de desgastá-la ainda mais, caberá a Valéria adotar estratégia capaz de neutralizar o desgaste que ainda poderá vir a sofrer.

Segundo turno é a grande incógnita
O aspecto mais relevante no reequilíbrio da disputa para prefeito de Belém está nos cenários de segundo turno, em que a candidata do DEM agora aparece empatada tecnicamente com Duciomar e Priante, ela que, até uma semana atrás, ganhava folgadamente do prefeito por 13 pontos de diferença e do peemedebista por 15 pontos.
Na reta final de campanha, a tendência é de que os discursos fiquem mais temperados, as acusações subam de tom e a estratégias de campanha se encaminhem para o confronto, sobretudo entre os que estão no topo e os demais concorrentes que lhes estão próximos.
É nesse ambiente que Duciomar e Valéria deverão caminhar, tendo nos calcanhares adversários em condições de alcançá-los facilmente. E poderão alcançá-los de uma semana para outra, considerando-se as próprias oscilações que têm sido registradas nos levantamentos feitos pelo Ibope nas últimas semanas.

8 comentários:

Anônimo disse...

Poster,
É sabido por quem já teve oportunidade de participar de uma campanha eleitoral, como são as "metodologias" empregadas por institutos de pesquisa, sejam eles famosos ou não.
A verdade é que estes institutos são grandes incentivadores do "voto útil", trabalham na margem que lhes é conveniente. Sempre trabalhando em um percentual que não as desqualifiquem pontualmente, até porquê, depois de dois, quatros anos a memória não é a mesma - embora alguns que foram candidatos no pretérito e que foram beneficiados por aquelas, quando lhes é conveniente, as xingam tentando desqualificá-las -, mas dos eleitores, espera-se que não caiam nessa armadilha.
Infelizmente desvirtuo-se a função das pesquisas eleitorais, e pior, utilizam-se como se as mesmas fossem o real posicionamento do eleitorado, com o beneplácito dos TRE's. Hipocrisia!
Muito já se viu e pouco já se aprendeu neste contexto.
Pesquisa é para uso interno, para se analisar onde está acertando e tentar minimizar os erros, ou até mudar o discurso.
Infelizmente os anos passam os outros estados, as outras cidades evoluem e Belém vai ficando em detrimento de essa ou aquela família, facção, partido, etc.
E hora de mudar e a oportunidade caem de dois em dois anos em nossas mãos. Independente de pesquisa. Façamos a nossa parte conscientemente.

Anônimo disse...

É Brincadeira, o Ibope e o Liberal, estão tirando "sarro" do eleitor de Belém, nunca se viu tamanha falta de respeito com a democracia.
Essa pesquisa que um candidato sobe numa semana e na outra cai, que o numero de indecisos aumenta na vespera da eleição, todo mundo sabe que não existe.
Só O Liberal e alguns politicos que acreditam que o povo de Belém não pensa.Ainda Bem que na hora de votar o povo vota com decisão propria(Pelo menos é o que se viu nas ultimas eleições)

Anônimo disse...

Paulo, vamos avaliar alguns pontos importantes: Pesquisa mostra tendência, certo? Errado, em Belém pesquisa mostra tendencialismo a favor do candidato que encomendou a pesquisa.Como você mesmo atentou é muito estranho o Duciomar que impugnou todas as pesquisas anteriores não ter impugnado esta, por que todo mundo sabe que a conta da pesquisa foi paga para favorecer o próprio.
O que se lamenta é o fato do Jornal Liberal e o Ibope brincarem com a sociedade desta forma, já que a imprensa deveria ser uns dos pilares de sustentação da democracia.
Na segunda pesquisa que o Priante caiu de 14 para 11 assisti na imprensa que seu vice Zeca Pirão fez um manifesto na Camara Municipal contra a pesquisa e o resultado é que na terceira o Priante subiu 5 pontos.
Na mesma terceira pesquisa o Jordy caiu de 5 para 4 e vi no seu programa eleitoral que ele protocolou no Ministério Publico uma manifestação contra o Ibope e o Jordy subiu de 4 para 7.
Tá na hora do Delegado moraes pedir a prisão do Rominho ou do Montenegro que talvez ele apareça na proxima pesquisa também tecnicamente empatado em segundo lugar com a Valéria, Priante, Mario e com o Jordy.
Por outro lado nas ruas as pessoas comentam essa palhaçada com a sensação de que no Brasil a lei eleitoral foi criada para favorecer os interesses dos mais poderosos, sejam eles politicos, grupos de comunicação e/ou grupos empresárias que tem interesse no poder.
Acho que após a eleição o TSE deveria fazer uma campanha televisiva, de forma bem criativa como as que estão sendo veiculadas no momento(Abelha, celular, etc), com o eleitor sendo uma marionete que é manipulado pelos interesses de uma minoria que domina o poder economico, a mídia e principalmente a informação das pesquisas.
Paciência tem limite, o Ibope é uma doença maligna para o cidadão brasileiro.
Será que todos somos palhaços?

Anônimo disse...

Gostaria de registrar aqui minha indignação com o que presenciei ontem na Doca quando grupos dos candidatos Valéria e Duciomar festejavam, por assim dizer, o resultado dessa tal pesquisa. Eu estava passeando com meu marido e filhos e parei, por curiosidade, para ver as manifestações. E passeando fui parar em frente a Big Ben. Agora vem a razão de minha indignação: o grupo do candidato Duciomar com seu trio elétrico com uma potência de som de altíssimos decibéis ofendiam, provocavam e até desrespeitavam o grupo menor, mas não menos animado, da candidata Valéria. E nesse desrespeitar, desrespeitavam também telespectadores como eu e minha família. Os provocadores eram homens e mulheres de amarelo que xingavam e debochavam de qualquer um que não fosse do grupo deles, chegavam a ofender moralmente a candidata do outro grupo... Uma baixaria lastimável!Em uma determinada hora chegou a candidata Valéria e todos foram receber com festa a candidata. Foi quando um grupo de provocadores do Duciomar, não satisfeitos com as agressões verbais, passaram para agressões físicas. Eu, meu marido e meus filhos, a essa altura abrigados dentro da Big Ben, ficamos horrorizados com o que vimos. Eles simplesmente sairam de onde estavam e, traiçoeiramente, pegaram um dos rapazes do grupo da Valéria que estava, inclusive de costas pra eles, e bateram tanto no rapaz que não sabemos como ele saiu dali, sabemos que bateram muito no rapaz até o sangue escorrer rosto a fora. Enquanto isso um grupo de "jovens" amarelinhas com seus micro shortinhos, continuavam com suas provocações do mais baixo calão de cima dos bancos da praça e um outro grupo de pessoas com cara de "coordenadores" simplesmente riam da situação. Sinceramente, uma cena deprimente.
Não sou partidária de nenhum candidato, mas se essas pessoas que estavam ontem na Doca, de Duciomar, fazem parte do grupo do prefeito, do grupo da prefeitura, com certeza esse senhor não terá meu voto, nem de minha família.
O que eu e minha família presenciamos ontem foi sim, um grande desrespeito a democracia.

Anônimo disse...

Gente vocês perderam a Carreata do priante . Simplesmente Não tem Pra Ninguém , foi um Sucesso Absoluito .Não adianta Blablabla nem Lerolero dos Corruptos e Falsificadores de pesquisa. Priante na Cabeça.

Anônimo disse...

Pô, acreditar em carreata...
Estamos mesmo muito mal.

Anônimo disse...

Moraes foi muito bem no debate e mesmo asim o IBOPE e a TV Liberal ensiste em por ele com 0% muito estranho

Anônimo disse...

BARBÁRIE NA DOCA:
Em referência ao comentário de uma anônima postado no último dia 21 de setembro de 2008, sob o título Agressões, xingamentos e desrespeito à democracia na Doca, em que ela relata as agressões sofridas por simpatizantes da candidata Valéria Pires Franco, por pessoas do grupo do candidato Duciomar Costa, devo ressaltar que eu também estava presente no local e ratifico todas as informações que foram transcritas no comentário, porém, tenho mais detalhes, para quem interessar:
01 – O grupo da candidata Valéria já estava desde as 4 da tarde naquele local, acompanhado de um modesto “trio elétrico” em manifestação pacífica atuando com bandeiradas e distribuição de material de divulgação para quem se interessasse;
02 – Por volta das 18 horas um trio elétrico gigantesco do candidato Duciomar chegou ao local acompanhado de dezenas de carros, estacionando em frente ao trio da outra candidata, fechando inclusive o trânsito que só foi desobstruído com a chegada da CTBEL;
03 – A partir daí começaram as provocações por parte dos simpatizantes do Duciomar; a mais comum era “esfregar” o jornal “O Liberal” na “cara” dos integrantes do outro grupo, mas mesmo assim, as manifestações continuaram. Tensas, porém controladas;
04 – Eis que chega a candidata Valéria e sobe em seu trio para falar aos presentes, momento em que o animador do trio do Duciomar, chamou a todos os “amarelinhos” para se organizarem na pracinha ao lado da Big Ben, proferindo, inclusive ofensas verbais à candidata Valéria;
05- Mal a candidata deu um “boa noite”, os “amarelinhos” passaram a agredir as pessoas, especificamente o rapaz citado pela postagem a qual me referi ao início. Esse rapaz, juntamente com seu irmão gêmeo foram “bombardeados” covardemente por vários agressores e um desses rapazes vitimados fará inclusive uma cirurgia no ombro em razão de um rompimento de ligamento.
O pior de tudo, é que um dos agressores é uma pessoa de confiança do atual Prefeito, ocupante de DAS lotado na COMUS da Prefeitura e tinha como parceira inicial de xingamentos e incitação à violência, outra colega sua da alta cúpula, lotada no Memorial dos Povos, além de um indivíduo de prenome Abraão, acompanhado de um filho adolescente que ali aprendia com o pai a “arte” do desrespeito e da falta de democracia. E isso sem contar com a presença de diversos outros integrantes da “quadrilha” que não tiveram escrúpulos em mostrar a cara e atuar da forma como atuaram desde o início da manifestação até terminar naquela selvageria ridícula.
O que mais me intriga, é o desespero de um candidato desses, colocar seus “assessores” nas ruas para provocar e agredir seus oponentes, quando eles mesmos portavam a prova de uma pesquisa que lhe dava vantagem (mesmo que essa pesquisa seja duvidosa e totalmente incoerente).
Por isso concordo com a anônima que colocou o post anterior: o que se pode esperar de uma pessoa como esse senhor Duciomar, que tem em seu grupo de cargos de direção, pessoas que são capazes de fazer o que fizeram aos olhos de todos...sem qualquer pudor ou temor.
Isso é terrorismo e não democracia. Mas é acima de tudo, covardia. Mas é também o retrato do administrador que é Duciomar e do tipo de gente que o cerca.