sábado, 22 de janeiro de 2022

O Pará sem ômicron: esse é um fenômeno que a Ciência ainda precisa desvendar


Jornalistas, com e sem diploma, aprendem pelo senso comum que o conceito de notícia (às vezes meio discutível, admitamos) é aquele ilustrado pela velha máxima: notícia é quando a pessoa morde o cachorro; se o cachorro morde a pessoa, aí já não é notícia.
Jornais, blogs, portais, enfim, as mídias sociais paraenses (mas nem todas, vale registrar) destacaram, em suas manchetes, a declaração do governo do estado de que o Pará vive a terceira onda de Covid.
Com todo o respeito, mas isso aí é o cachorro mordendo a pessoa. É aquela novidade que, a esta altura do campeonato, não é mais novidade alguma, porque é visível, é patente, indiscutível e escandaloso o fato de que a terceira onda se instalou no Pará há duas ou três semanas.
A declaração do governo do estado, nesse sentido, é aquilo que a gente também pode chamar de segredo de polichinelo, um segredo que todo mundo já sabe.
Mas a declaração do governo do estado trouxe consigo a verdadeira novidade para a qual ninguém deu a menor bola: em meio à terceira onda - reconhecida, admitida e declarada, não esqueçam, pelo próprio governo do estado -, no território paraense ainda não foi registrado, até o presente momento, nenhum caso da variante ômicron da Covid.
Eis aí a pessoa mordendo o cachorro. Essa é a notícia, meus caros.
Quem apresentou ao público essa novidade, ou melhor, esse fenômeno? Ninguém menos que o secretário de Saúde do estado, Romulo Rodovalho, conforme notícia veiculada na página 2 (veja na imagem acima) do Diário do Pará deste sábado (22).
"Toda semana a gente encaminha 200 coletas para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e até agora nenhum caso foi confirmado", diz Rodovalho, segundo se pode ver (e ler) na matéria.
A revelação do secretário faz do Pará a única coletividade, em todo o mundo, ainda imune à ômicron. No mínimo, esse fenômeno precisa ser urgentemente apurado e depurado pelas mais abalizadas instâncias científicas, aqui mesmo do Brasil e d'além-mar.
Nem a propósito, na última quinta-feira (20), a CNN Brasil disponibilizou em seu site a informação de que a variante ômicron já responde por 97% dos casos de Covid-19 no Brasil e alcança um percentual superior a 90% em 13 estados, incluindo os três mais populosos do país: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Além deles, o Pará está na lista.
Os dados são de um estudo conjunto das redes Vírus e Corona-ômica BR, vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e leva em conta casos confirmados até a primeira semana de janeiro.
A matéria é acompanhada de uma tabela (veja ao lado) em que o Pará aparece com 68,2% de casos positivos para a Covid. E isso, observem bem, é até a primeira semana de janeiro, que já está entrando praticamente em sua quarta semana.
Pelo sim, pelo não, e enquanto a ciência não desvendar as particularidades genéticas que fazem dos paraenses os únicos a não terem contraído a ômicron, conforme revela a Sespa, convém manter as etiquetas, como uso de máscara e distanciamento físico. Ah, sim: e vacinar-se, para os que ainda não estão vacinados ou ainda não completaram as doses.
Porque a terceira onda está aí mesmo, diz o governo do estado.
Mas sem ômicron, também diz o governo do estado.
Hehe.

2 comentários:

José Rodrigues disse...

E o que eles ganham com uma afirmação dessa?
Omicron não entra aqui por causa do açaí com farinha baguda?

Anônimo disse...

Seria mais um fake news desses políticos ?