quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Bolsonaro, vá lá, é um mito, um gênio da raça. Mas ainda não aprendeu lição primária.

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Presidentes da República – de qualquer República – precisam ter uma inteligência acima da média.
Não precisam, necessariamente, ser gênios, mas é necessário que tenham uma compreensão clara sobre, pelo menos, as competências de órgãos que estão sob a órbita do Poder Executivo.
Se não sabem, acabam imaginando, às vezes, que um pé de alface é a mesma coisa que um paneiro cheio de caranguejos.
Bolsonaro é presidente da República.
Ele tem uma inteligência acima da média.
É um gênio, claro.
Um mito.
Um luminar.
Ainda não disse claramente se acredita que a Terra é plana. Mas é porque deve estar se municiando de elementos de inédita comprovação científica para anunciar que, sim, a Terra é plana.
Pois é.
Mesmo com toda essa excelência intelectual, Bolsonaro, ao que parece, nunca tomou contato com uma lição básica, elementar, primária que todo presidente da República deveria saber de cor e salteado: a polícia, qualquer uma, ainda que esteja na esfera do Poder Executivo, subordina-se absolutamente e exclusivamente ao Poder Judiciário quando compelida, obrigada, intimada a cumprir uma decisão judicial, seja ela qual for.
Se soubesse disso, Bolsonaro não teria chamado na tarde desta quinta-feira (19) seu ministro da Justiça, o juiz aposentado Sergio Moro, para fazer-lhe um questionamento. "A PF tinha razão para a busca e apreensão ou está fora de controle?", perguntou o presidente.  
Ele referia-se à operação da Polícia Federal feita na manhã desta quinta no gabinete do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo no Senado. Também foi alvo o filho do senador, o deputado Fernando Bezerra Filho (DEM-PE).
Nada menos de 52 mandados de busca e apreensão foram expedidos pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), num processo que apura irregularidades em obras no Nordeste, como a transposição do Rio São Francisco, no período em que Bezerra foi ministro da Integração Nacional, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
O que isso significa?
Que a operação, sendo autorizada pelo Poder Judiciário, e ainda mais por seu órgão máximo, o Supremo, subordina a Polícia Federal, estritamente, à ordem judicial.
Ou seja, a Polícia Federal, nesta operação específica, tornou-se polícia judiciária, obedecendo apenas e tão ao somente à autoridade que emitiu as ordens de busca e apreensão.
Na condição de polícia judiciária, a PF não se submete nem ao presidente da República, nem ao ministro da Justiça, enfim, a ninguém do Poder Executivo. Subordina-se apenas ao juiz.
Moro, espera-se, deve ter explicado isso a Bolsonaro.
Se o presidente entendeu, não se sabe.
Mas, se não entendeu, deve ter sido, é claro, por excesso de inteligência.
Uma inteligência, repita-se, mitológica.
Desculpe-se, portanto, o Capitão por essa, digamos assim, falta de compreensão sobre uma lição primária.
Afinal, há dias em que um mito, um gênio da raça, por ser excessivamente mito e gênio, acaba imaginando que a Terra é plana, né?
Isso acontece!

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